Virada de ano, férias, festas, família… Inevitavelmente, entre alguns desses momentos, surgirão aquelas situações de tédio, nas quais você está longe de casa e consequentemente distante do seu amado console. Não há nada minimamente interessante na TV aberta e já acabaram as perguntas da família sobre as namoradas, o trabalho, o futuro e também as piadas do pavê ou reclamações sobre uva passa nas comidas.
Você repete aquele gesto mecânico, que agora acontece com cada vez mais frequência: tira o celular do bolso e vai checando e-mail e redes sociais, uma a uma. Nada diferente da última vez que você havia olhado, 15 minutos atrás. Resta recorrer aos jogos mobile, aquele refúgio casual que te ajuda a passar o tempo enquanto você espera a próxima refeição calórica preparada pela sua avó.
Tenho costume de dar uma olhada nas listas de alguns sites e blogs que acompanho, e foi numa dessas garimpadas pelos apps da semana que me deparei com Neko Atsume. Resolvi testar imediatamente por motivos de gatinhos fofos. Logo depois, encontrei um review do jogo que o definia como o game da passividade. Não conseguiria pensar num título mais apropriado.
Primeiro porque Neko Atsume não é necessariamente um jogo, num sentido mais tradicional, já que não é possível ganhar ou perder. Também não há etapas ou objetivos que devem ser respeitados. Você começa com um pequeno pedaço de quintal, e pode colocar ali comidas e brinquedos. Assim que sair e voltar alguns minutos depois, gatinhos vão começar a aparecer para aproveitar tudo o que você deixou à disposição deles. Uma vez que eles se cansam, vão embora e te deixam presentes: peixes pratas e dourados, que são as moedas do jogo e servem para comprar novos alimentos e brinquedos e, posteriormente, adquirir novas porções de terra para expandir o seu quintal.
Num primeiro momento, fiz uma rápida associação com Pokémon e já estava achando que teria que capturar os diferentes gatos e mantê-los em meu jardim de alguma forma, mas não. Eles são livres, vão e vêm quando querem. O aspecto mais próximo de Pokémon que o jogo possui são os álbuns dos gatos, que podem ser preenchidos ao tirar fotos de cada um conforme eles surgem no seu quintal. Comecei com esse espírito categorizador, me atendo, a princípio, a tirar uma foto de cada novo gato que aparecesse; porém, logo percebi que apenas uma foto era impossível, porque a cada visita eles faziam uma gracinha incrivelmente mais fofa do que na visita anterior e eu simplesmente precisava registrar aquilo.
Com o passar do tempo, percebi que há espécies mais raras de gatos, que aparecem apenas em determinadas condições. Por exemplo, ao comprar uma tenda em forma de pirâmide do Egito, comecei a receber visitas de um gato da raça sphinx chamado Ramsés, o Grande (ok). A partir daí toda a brincadeira atinge um novo nível, com você testando os diferentes brinquedos e comidas disponíveis para descobrir que tipo de gato aparecerá.
Como boa parte dos games casuais, Neko Atsume não exige praticamente nada de você. Os gatos não morrem de fome caso você deixe de dar comida. Eles apenas não aparecem. E para quem não tem a mínima paciência e só está a fim de observar gatos de maneira aleatória, existe um modo automático que dispõe brinquedos e comida de maneira randômica, restando para você apenas a tarefa de abrir o app quando quiser ver que tipo de gato apareceu por ali.
Para quem precisa de algum tipo de objetivo, é possível se dedicar a tirar fotos de todos os gatos e recolher os mementos de cada um, espécie de troféu que eles eventualmente deixam para você. Mas não se apresse; aproveite o clima de baixas expectativas e aprenda a apreciar o prazer de apenas observar gatinhos brincando em caixas de papelão e comendo atum. É reconfortante, pelo menos quando não se tem nada mais útil para fazer.
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Neko Atsume está disponível gratuitamente para Android e iOS.