Os destaques de 2017, por Daniel Schettini

Ufa.

É, ufa.

Não podemos deixar de lembrar de 2017 como um ano memorável para a indústria de entretenimento. Led Zeppelin orquestrando Thor, um Batman cansado e super queixudo, mais uma pitada de Jedis e a Força e… é claro, o mundo dos video games em chamas.

A Nintendo tacou na nossa cara uma grande e agradável surpresa. Não bastasse isso, colocou duas cerejas deliciosas no topo. A Sony seguiu tocando bola no meio campo, vencendo no placar, fazendo alguns gols bonitos, como o robótico e sensitivo Horizon. E a Atlus, junto com nossa amada SEGA, empurrou dentro de nossos corações o nostálgico Sonic Mania e o profundo Persona 5.

Foi maravilhoso mergulhar em tudo isso. E, por lá, estive mergulhado durante todo o ano. Um ano sem tempo para respirar. E esses são os meus destaques de 2017.

A humanidade e seus laços

Eu não sou um fã cego de RPGs japoneses. No passado, quando eu tinha meus 15 ou 16 anos, qualquer RPG da terra do sol nascente me fazia sorrir. Mas, como todo adulto, eu fiquei cansado e reclamão.

Porém, Persona 5 me fez mergulhar.

Tratando de assuntos sérios, os Phantom Thieves roubaram meu coração. Aqui, a leveza da rotina de um estudante foi deixada de lado para mostrar, em uma narrativa arrastada, tudo o que de mais podre há no mundo. A jogabilidade é perfeita e o aspecto visual fazem dele uma experiência imperdível. Mas o tema… ufa. Bullying, relações abusivas, assédio, suicídio… a vida como ela é. Entrar na pele do Joker e reunir os amigos em prol de uma sociedade menos tóxica, te deixa satisfeito e te cansa de uma forma estranha. Entretanto, as ruas de Shibuya e a sensação de missão cumprida te fazem prosseguir.

Se de um lado P5 tratou da humanidade de uma forma crua e de difícil digestão, Sonic Mania se agarrou ao passado e aos sorrisos fáceis. Os laços com o que passou movem, por muitas vezes, nossas aspirações e caminhos. E, aqui, o caminho era simples por um motivo: Todos já passamos por ele um dia. Senti como se todos aqueles loopings fossem os mesmos que um dia eu passara. Pisar no jardim que cresci, novamente, foi reconfortante. E as bolhas que o Sonic respirou, para seguir firme em Chemical Plant, foram o meu alento para encarar 2017.

Acabou não faltando tanto ar e sobrando lembranças inesquecíveis.

Uma viagem na imensidão 

A parte final do ano foi coroada com um improvável casamento. A Big N jogou, no nosso colo, uma peça curiosa: Super Mario Odyssey foi um recheio criativo dentro do que 2017 representou para a indústria dos jogos. O improviso misturado a genialidade de comportamento, dos imprevisíveis personagens e mundos, feitos com todo o carinho. E esse brinde ao improvável fazia de nós, os jogadores, os heróis da nossa própria história.

No fim das contas, Odyssey foi o grito que ninguém dá quando o “calem-se para sempre” é dito. Um grito de “pare!”. Um verdadeiro sinal de fumaça: a Nintendo não morreu – está viva até demais!

E no ano em que a tão musical Disney comprou a sóbria Fox, também ouvi, através de uma canção de um pássaro sanfoneiro, uma lenda conhecida de uma tal princesa. E com as peças dessa lenda, foi montado um grande quebra-cabeças para me ensinar o que de fato é a imensidão.

Estar perdido em Hyrule talvez tenha sido um dos arcos mais marcantes deste tão longo ano. Tudo que foi dito sobre Zelda por aí é verdade. O jogo é incrível. Uma trama que parece a todo tempo se esquivar de nós, um mundo cheio de detalhes, que parecemos não compreender. Por muitas vezes pensei que estava perdendo meu tempo ajudando um determinado NPC, ou mesmo forçando a barra na hora de subir uma montanha a cavalo, no melhor estilo Skyrim. Mas tudo está ali para isso, aquele imenso mundo foi feito para ser alcançado, desbravado e vivido.

Quando tudo fez sentido, percebi que Hyrule é só um pouco sobre o que queremos que a vida seja quando somos crianças. Zelda Breath of The Wild, tal como Super Mario Odyssey, falam sobre descoberta e ingenuidade. E, seja como for, o que importa é a fantasia que carregamos dentro de nós.

Só agradeço a esses dois jogos por não me deixar esquecer disso.

E no final, as férias

Trabalhar, ter uma rotina e, mesmo apertado, arrumar um tempo para se perder na fantasia que esses jogos me colocaram, não é uma tarefa tão fácil. É, eu sei que jogos são entretenimento. Para mim, por muitas vezes durante esses anos, foram uma grande e sincera fuga da realidade.

E é sobre fugir que Animal Crossing Pocket Camp me ensinou.

Ter um acampamento caloroso, onde você pode simplesmente se isolar de tudo e se preocupar apenas com agradar animaizinhos e se divertir montando sua cabana… olha, quem não quer isso? Um jogo de celular nunca me prendeu tanto. Após um ano cheio de “ufas”, Pocket Camp serviu como uma rede presa entre coqueiros, numa tarde fresca de verão.

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Fora isso, sentar numa sala de espera e poder conversar com Isabelle e seus amigos é muito mais divertido do que ler a revista Caras que está no cesto ao lado do sofá.

Obrigado por mais essa, Nintendo. E Atlus. E SEGA.

E até 2018.