Vamos conversar sobre o beta de Metal Gear Survive

Ai, ai. Então, caso a notícia não tenha chegado aí (pelo pouco que foi falado), o infame Metal Gear Survive recebeu um beta para testar seus servidores e tentar apaziguar um pouco do iminente ódio concentrado da comunidade pela empresa que cancelou Silent Hills e transformou a franquia de Hideo Kojima em máquinas caça-níquel. A clássica tentativa de ”ei, experimenta aí. O máximo que vai acontecer é você esquecer esse jogo em duas semanas”.

Metal Gear Survive é uma anormalidade que tenta se manter como uma espécie de spin-off, levando a série para uma combinação bizarra de furtividade e sobrevivência. A fórmula, como já era de se esperar, é estranha e sofre em traduzir as mecânicas refinadas de The Phantom Pain, com pouca explicação de como o mundo funciona e um gameplay de certa forma divertido no meio disso aí tudo.

Sim, há novos conceitos e uma estrutura de game design diferente em Survive numa desesperada tentativa da Konami de camuflar que 80% dos assets não foram um completo copia e cola do jogo anterior, tentando criar certa originalidade no universo Metal Gear de um jeito bem desajeitado. Seria uma pena se o mercado já não estivesse saturado desse gênero.

No beta, apenas um tipo de missão foi disponibilizada: você (e sua equipe, se estiver jogando co-op) deve proteger um extrator de energia no meio de uma base destruída durante três hordas de zumbis/infectados e sua mísera variedade com quatro tipos de inimigos. É possível coletar materiais de craft durante as hordas, manejar seu equipamento e armar defesas de variados tipos nas entradas da base.

Seu personagem também conta com uma simplória árvore de habilidades com algumas variações entre desbloquear novas skills de CQC, ataques especiais com armas brancas (facões, lanças, marretas etc) e aumentar status como vida, força e destreza. A parte cosmética também fará grande presença no jogo com a disponibilidade de um acervo interessante de combinações envolvendo boinas, calças, blusas e equipamentos táticos. Como era de se esperar, o jogo terá microtransações para comprar cosméticos e itens que auxiliam no gameplay.

Pelo menos no beta, não há nenhum tipo de informação sobre a história do jogo, personagens importantes, robôs gigantes, tramas e conspirações ou qualquer outro indicativo que justifique o nome “Metal Gear” no título. Survive, em sua natureza, é um jogo genérico de sobrevivência e zumbis com uma jogabilidade e algumas mecânicas divertidas. Levando isso em conta, vamos ao próximo tópico:

Você se importa?

A resposta aqui é simples e amplamente triste. Você se importa com a franquia? Com o legado de Kojima em Metal Gear, dos personagens, da trama, das piadas e das bizarrices? Caso sim, temos aqui um oportunismo super nojento de tentar lucrar com um trabalho brilhante feito em The Phantom Pain (e da Fox Engine) e com uma ótima franquia que foi resumida a um jogo genérico e sem identidade com a única e exclusiva missão de ter retorno financeiro. Completamente dispensável.

Caso contrário, seria hipocrisia negar que Survive é divertido. Jogar em co-op (principalmente com os amigos) e brincar de tower defense com as mecânicas de Phantom Pain é bacana e mata o tédio por alguns momentos, quem sabe por algumas vezes na semana. No final das contas, só vai se tornar uma experiência descartável até outro jogo mais interessante sair.

Há motivo pra tanto ódio? Depende do quanto você quer esquentar sua cabeça com isso. Já estou em completa paz de espírito com esse assunto e se sente o mesmo desgosto que eu sentia quando esse jogo foi anunciado, aqui vai uma dica: deixa morrer. O prego no caixão já foi batido no momento do anúncio, não tem mais porquê sequer se importar ou botar mais lenha na fogueira.

Daqui um tempo ninguém mais vai lembrar que existe.