Por que existem tantos jogos genéricos atualmente?

O fenômeno dos videogames torna-se cada ano maior. Os games são um negócio lucrativo, mas atualmente todo o processo de desenvolvimento exige um alto custo. Não é à toa que eles já nos surpreenderam muito não só na questão da narrativa, mas no aspecto técnico também. E a tecnologia demanda cada vez mais esforço por parte dos envolvidos, para que a experiência torne-se imersiva e incrível, o que vem aumentando os custos de produção.

É inegável dizer que esse aumento de preço teve um grande peso sobre nós — jogadores — que somos muitas vezes persuadidos a comprar DLCs, realizar microtransações e sucumbir a outros sistemas monetários para que a desenvolvedora obtenha mais de nosso dinheiro.

Agora que já tiramos tudo isso do caminho, acredito que podemos constatar que o mercado de games não tem muito espaço para falhas, o que faz com que produtoras tomem como inspiração elementos de grandes sucessos atuais dos games. Temendo tal prejuízo, acabamos presenciando uma saturação de estereótipos de jogos: FPS com as mesmas temáticas, inúmeros jogos de apocalipse zumbi, MOBAs coloridos e com personagens similares, enfim. Não o bastante, temos a repetição de mecânicas também. Quantos games têm combate parecido ao visto na série Batman Arkham? E quantos têm um comando específico que ao ser ativado, destaca inimigos e pontos chave do cenário? Tudo isso são tendências que deram certo e são copiadas ad infinitum por diferentes produtoras para tentar evitar o vermelho ao lançar um jogo.

PlanetSide2
Você inicia um jogo e tem a impressão de já saber os controles de cor. Também tem a impressão dele se parecer com outros dois ou três jogos que você já jogou.

Não estou dizendo que se inspirar em outros jogos é algo problemático; todos os gêneros de games têm fundamentos parecidos. Megaman, Sonic e Mario são três exemplos que ajudaram a fundar o gênero plataforma e apesar de compartilharem alguns conceitos, possuem gameplay e estéticas bem diferentes. Entretanto, esses dois elementos não são mais tão únicos em muitos games.

Mas e o consumidor, onde fica?

Essa é a pergunta valendo um milhão de dólares, caro leitor.

Na busca desesperada por vendas abundantes, as desenvolvedoras acabam por abarrotar seu público com puros cookie cutters (expressão designada aos games com premissas e mecânicas já “manjadas”, mas que dão certo), o que resulta em uma seleção de games genérica e esquecível. E não é isso que queremos. Bem, não é o que eu quero, pelo menos. Precisamos de uma dose de inovação, mesmo que isso signifique se arriscar. Às vezes ficamos na zona de conforto, por medo de mudar ou por conformidade com uma situação, o que quase sempre é ruim. Então chega um certo momento em nossas vidas que percebemos que tal situação precisa mudar. É por esse momento que eu espero no atual mercado de games. Creio que seja um desejo um tanto distante, entretanto.

Será que é necessário que a grande indústria de games olhe mais para os estúdios indie e aprenda uma coisa ou outra sobre inovação? Não sei, mas pode ser uma alternativa, uma vez que os games independentes estão dando muitos passos na direção certa.