Os resultados de um lançamento às pressas em uma comunidade tóxica

As críticas da comunidade de PC podem ser de grande auxílio quando nos encontramos em momentos daquela compra arriscada. Algumas empresas são conhecidas por seus hábitos de entregar produtos incompletos, realizar promessas dignas de um político e portabilizar jogos de outros consoles sem nenhum polimento no produto final.

A Warner Bros. entregou um Mortal Kombat quebrado e abandonou-o por muito tempo até que decidissem corrigir alguma coisa. E os desenvolvedores de Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4 prometeram muito mais do que disponibilizaram em seu jogo.

Mas o que acontece quando a comunidade que consome esses jogos se torna tóxica e injusta? A situação é ainda mais complicada quando isso ocorre com uma empresa vilã do mercado de jogos: a Capcom.

O que aconteceu

Algumas pessoas se arrepiam só de ouvir falar no nome. Conhecida por tirar até o último centavo de seus títulos, com versões Ultra Remix HD Ultimate e abandonar outros grandes títulos – como Megaman –, deixando milhares de fãs órfãos de suas séries favoritas.

Street Fighter V teve seu lançamento adiantado devido aos pedidos dos fãs na internet. O tão aguardado sucessor da aclamada série (e o maior título quando se trata de campeonatos de jogos de luta) era inicialmente definido como um exclusivo para PS4. Em meados do ano passado, a Capcom ainda informou que o jogo traria características crossplay, algo inovador nos jogos de luta.

Em meio a todos estes avisos, a empresa deixou claro aos fãs que diante das inovações e do lançamento tão requisitado pelo público, algumas falhas viriam de início e que seriam corrigidas ao longo do tempo. A princípio, a versão de PC não teria suporte para controles de PS3/PS4, nem alteração dos comandos para teclado. Qualquer pessoa entenderia que adiantar um lançamento resulta em falta de conteúdo, servidores com muitas falhas e diversos bugs.

Menos a comunidade de PC. Diante das diversas críticas, muitas pessoas reclamaram do que a Capcom já havia explicado em salvaguarda. Não devemos retirar parcela da culpa da empresa, pela sua falta de parcimônia ao aceitar os pedidos dos fãs e lançar o título antes de sua hora, sem estar pronto para jogar. No entanto, a comunidade elevou essas críticas a um nível muito mais alto. Embora o público já estivesse avisado do que seria o produto final e da grande dificuldade que seria atingir o ponto final do jogo, todos despejaram diversas críticas em Street Fighter V e na Capcom.

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Explicações plausíveis

Street Fighter é uma franquia conhecida pelos seus diversos campeonatos e pela grande quantidade de jogadores habilidosos que preenchem estes torneios, sendo um dos grandes títulos – e de maior destaque – do Evolution Championship Series (EVO).

Toda essa fama movimenta dinheiro para torneios, sendo uma franquia muito lucrativa. Tal demanda influenciou para que o lançamento de Street Fighter V fosse adiantado, focando em um público específico: os jogadores profissionais. Com um campeonato já marcado para março deste ano, o lançamento do título recebeu uma grande pressão para que saísse mais cedo e os pro-players obtivessem mais tempo para praticar e conhecer a jogabilidade da nova versão.

A Capcom tem a maior parcela de culpa, pelo resultado do lançamento prematuro de Street Fighter V, majoritariamente causado pela pressão dos jogadores profissionais e pelos organizadores de campeonato; em seguida, a incompreensão dos fãs, que ignoraram os avisos da empresa. É necessário, entretanto, reforçar que a Capcom não está isenta de culpa. O objetivo aqui é apenas apresentar que, apesar de aliada, a comunidade pode analisar de forma deturpada os acontecimentos – ignorando avisos que foram dados anteriormente.

O que esperar?

Apesar de algumas correções já estarem a caminho, a versão de SFV para computador ainda deve receber muitas outras atualizações para chegar no produto final. De qualquer forma, é possível que em lançamentos futuros, a Capcom – e outras empresas – desenvolvam um certo receio para publicar na plataforma PC.

A comunidade realmente não deve aceitar produtos não finalizados em sua biblioteca de jogos, mas é uma atitude de má-fé quando este mesmo público incentiva a produtora a liberar o conteúdo para só depois apedrejar.

O visual ainda é bonito, a jogabilidade é diferente e a trilha sonora permanece incrível. Porém, de uma forma tóxica, o jogo perde o brilho ao darmos ênfase apenas nos pontos negativos de um lançamento às pressas. Que tomemos este acontecimento como um aprendizado para lançamentos futuros: a comunidade precisa ser mais compreensiva, os organizadores de evento precisam ser menos gananciosos e as empresas precisam ser menos ingênuas.

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