Análise: The Council – Episódio IV: “Burning Bridges“ (2018)
Na última terça, dia 25, tivemos o lançamento do quarto episódio de The Council, jogo narrativo produzido pelo estúdio Big Bad Wolf e distribuído pela Focus Home Interactive. Esse é o penúltimo episódio dos cinco previstos para a série, e introduz algumas novidades ao gameplay nessa reta final da história. Trazemos abaixo nossas impressões sobre “Burning Bridges” – não deixe de conferir também nossa opinião sobre os episódios 1, 2 e 3. Lembramos que nossa análise apresenta spoilers moderados sobre o enredo – então, se você não quiser saber de nenhum detalhe, recomendamos jogar primeiro antes de se aventurar na leitura.
Caçadores de relíquias
Conforme descobrimos ao final do episódio 3, demônios existem e precisam ser combatidos – e é por isso que o protagonista Louis e sua mãe, Sarah, se esforçaram tanto para abrir a misteriosa cripta subterrânea no jardim de Lorde Mortimer. Ali estaria escondida a única arma capaz de derrotar essas entidades malignas.
Ficamos sabendo que a arma que procuramos é a lança utilizada pelo centurião Longinus para matar Jesus após sua crucifixão – ela foi banhada com o sangue de Cristo, por isso se transformou numa relíquia sagrada e é de extremo valor. Mas, como nada em The Council é conquistado facilmente, Louis logo descobre que a cripta possui uma série de lanças que supostamente são a lança de Longinus e não pode correr o risco de pegar uma réplica ao invés da lança original.
Voltamos aqui aos moldes clássicos do jogo, onde basicamente precisamos revisitar toda a mansão em busca de pistas que nos auxiliem a identificar a lança correta. E, mais uma vez, como notado principalmente no episódio 3, nos deparamos com uma série de falhas técnicas que, infelizmente, acabam prejudicando essa experiência. Além das longuíssimas telas de carregamento toda vez que se resolve trocar de cômodo, novamente experimentamos problemas com travamentos, personagens que falam sem mover os lábios e distorções de áudio que alteram a voz de alguns deles.
O trunfo de The Council é a história, que realmente desperta a curiosidade do jogador; não fosse por isso, essas constantes falhas seriam o suficiente para desmotivar qualquer um a continuar o jogo, e isso é uma pena.
Superadas as dificuldades (sejam elas técnicas ou do próprio jogo) e após decidir qual das lanças escolher, estamos prontos para nos encontrar com Sarah no porto da ilha e finalmente fugir de lá com a relíquia. Ou, pelo menos, era o que imaginávamos.
Uma família nada convencional
Quando Louis está a passos da porta que leva para fora da mansão, é surpreendido por Lorde Mortimer, que o aguarda como se já soubesse dos planos do rapaz. Depois de um longuíssimo diálogo, finalmente ele entrega mais uma das reviravoltas da trama ao assumir que sim, ele é mesmo um demônio, mas, além disso, é também (supostamente) o pai de Louis.
Não entraremos nos detalhes dessa revelação, mas vale dizer que a trama é intrincada e está à altura das melhores novelas mexicanas (para o bem e para o mal). De toda forma, essa é a explicação que The Council dá para os sonhos e visões que atormentam Louis desde o início do jogo – na verdade eles seriam seus poderes aflorando. Lorde Mortimer vai além e ensina uma nova habilidade ao rapaz: agora, na pele de Louis, somos capazes de ler pensamentos das pessoas com as quais conversamos, o que é uma ferramenta bastante útil sempre que acontecem confrontos entre os personagens e se faz necessário escolher o melhor caminho a seguir. Sem dúvida, é um ponto positivo essa iniciativa de inserir mais uma habilidade ao gameplay já nessa reta final – sem contar que é obviamente divertido bisbilhotar os pensamentos alheios e descobrir suas reais intenções.
Depois de todo o momento “meu pai é um demônio, por isso eu posso ler mentes”, dependendo das escolhas feitas pelo jogador, há a possibilidade de confrontar Sarah sobre os motivos pelos quais ela ocultou de Louis a real identidade de seu pai, entre várias outras coisas – em outras palavras, senta que lá vem mais história. Essa não é uma das partes mais “interativas” do jogo, mas, como já dissemos anteriormente, pelo menos a trama é interessante o bastante e acaba nos prendendo (o mesmo não podemos dizer sobre a revelação a respeito das irmãs gêmeas Emma e Emily, que também acontece nesse ponto do jogo e que, ao menos que seja mais bem explorada e justificada no próximo capítulo, nos pareceu, a princípio, bastante forçada e sem sentido).
Filho de demônio, demônio é…
Após nos despedirmos de Sarah, nos encontramos mais uma vez com Mortimer que, com a intenção de fazer Louis se acostumar com seus poderes, dá ao rapaz a missão de possuir momentaneamente o corpo do cardeal Piaggi, um dos convidados presentes na mansão, e escrever uma carta forjada utilizando elementos que só o sacerdote teria acesso. Sim, agora, além de ler mentes, Louis também pode possuir momentaneamente o corpo de seus interlocutores, criando novas possibilidades para o gameplay.
Ao possuir Piaggi, temos mais uma vez alguns dos divertidos puzzles que já são característicos de The Council, e precisamos escolher o melhor selo para carimbar a carta forjada, bem como decifrar um código que precisa ser escrito ao final dela, para atestar a sua veracidade.
Completada essa última tarefa, é dada ao jogador a oportunidade de fazer duas últimas grandes escolhas, que certamente irão afetar a maneira como a narrativa se encerrará no próximo episódio, o último de The Council. Primeiro, o jogador precisa decidir se irá aceitar sua natureza de “demônio” ou se irá optar por viver como um humano normal e dar continuidade aos planos de Sarah de destruir Mortimer e os demais de sua espécie. Depois disso, precisamos mais uma vez decidir quem iremos apoiar na última sessão da conferência, momento em que será decidido o destino do estado da Louisiana, na América do Norte, podendo Louis ficar do lado de seu pai, Mortimer, ou de seu tio, Gregor (sim, ele também tem um tio demônio).
Após essas duas importantes decisões, o quarto episódio de The Council termina, poucos momentos antes da aguardada conferência finalmente começar. O resultado de todas essas conspirações, bem como o destino final de Louis serão revelados apenas no quinto episódio, ainda sem data de lançamento confirmada. Ficamos na expectativa de que The Council tenha um desfecho à altura das complexas tramas que nos foram apresentadas até agora e que, de fato, as escolhas feitas pelo jogador durante todo o gameplay possam influenciar a conclusão da narrativa de maneira significativa. Resta esperar.
The Council está disponível para PS4, Xbox One e PC. Confira mais informações sobre o jogo no site oficial, aqui.
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A análise foi feita com base na versão para PS4, gentilmente cedida pela Focus Home Interactive.
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