Análise: A inevitável reinvenção de God of War

Antes de mais nada, isso aqui não é um review comum.

Falar sobre reinvenção, renascimento e destacar o quanto Cory Barlog e seu time de criação foram capazes de ressuscitar um ícone, deveras cansado, da indústria dos games, é falar o que já tá batido.

O que falar e analisar sobre God of War, que já não tenha sido dito? Eu começo dizendo que, acredite você ou não, tudo o que falaram sobre o novo exclusivo da Sony é verdade.

O ponto de partida

Se você jogou os clássicos games da franquia, lá atrás na era do Playstation 2, pode ser um pouco difícil de ser convencido, a princípio, que a dinâmica no PS4 será diferente. No novo, (quase) tudo é, de fato, novo.

Kratos deixa de ser o impetuoso personagem, sedento por vingança, que simplesmente devora seus adversários com o fio de suas caóticas lâminas. Aqui, as correntes representam cicatrizes. Representam o passado. E o passado, figura tão importante de nossas vidas, no novo título serve para humanizar e transformar o protagonista durão em um cara que, a todo instante, se questiona.

Conforme você avança na história vai ficando mais claro. A jornada não se trata de uma grande história de deuses x deuses ou de aventuras e grandes batalhas. A jornada fala sobre o Kratos. E o Atreus. E sobre a vida.

Kratos não é mais o mesmo – e Atreus é a chave que virou e transformou o personagem, que para muitos não precisava mudar.

Mas precisava.

E mudou – para melhor.

 

Ch-ch-changes

A história do jogo começa quando a misteriosa mãe de Atreus morre – eu sei que pode soar assim, mas isso não é um spooooiler. Relaxa. A partir disso, Kratos e Atreus passam por uma jornada que tem, como pressuposto, o objetivo de levar as cinzas da falecida mãe para o topo de uma montanha. Um lugar místico, na Mitologia Nórdica.

De cara, sentimos a mudança da câmera – esta que foi uma grande reclamação, dos fãs mais fervorosos. O combate, que vem pela primeira vez logo no início do game, também foi reformulado. Com um “q” de Dark Souls, temos agora a sensação de que não somos intocáveis. A ação ficou menos frenética e se não dosamos nossos movimentos ou não equilibramos as ações de Kratos e Atreus, podemos cair em combate.

A segunda mudança notória vem na narrativa. Aqui temos dois personagens como centro da trama e, pode ir na minha, Atreus é o grande destaque. O novo Kratos pode ser interessante, agora mais velho, carrancudo, com dificuldades de controlar o ódio que vive dentro de si e com uma barba repleta de fios de mágoas. Mas o contra-ponto desse personagem durão e com uma biografia bastante babaca, é um muleque carismático e extremamente útil, tanto para os momentos de aperto nos combates, quanto para o desenrolar de toda a trama. Atreus cresce durante o jogo e você se apega a ele, antes mesmo dele se provar. A influência de The Last of Us é evidente nesse aspecto.

Por fim, temos um foco menor na coisa dos Deuses e nos objetivos dos protagonistas. Como eu já disse anteriormente, a missão de Kratos e Atreus é um pouco mais “nobre” do que simplesmente descer o pau em Deuses (!) e que se dane tudo e todos.

Navegar é preciso

God of War ousou e trouxe uma grande mudança dentro da própria franquia, apesar de não ser exatamente um título capaz de virar a mesa na geração. Ele não traz mecânicas inovadoras ou idéias revolucionárias para a indústria, mas traz, repleto de coragem, elementos capazes de torná-lo um divisor de águas.

Se em God of War Ascension tivemos um claro sinal de estafa, aqui mergulhamos numa experiência totalmente diferente, na saga do Deus da Guerra. Desde as mecânicas de combate, regidas por um machado totalmente diferente das antigas lâminas e correntes, até a narrativa, que a todo o instante traz um tom estranho para os fãs mais assíduos da franquia.

A mudança era necessária e, mesmo sem ter o poder de representar o título de “O grande jogo da geração”, God of War senta ao lado dos grandes e mostra que a reinvenção pode funcionar, quando feita com tanto amor e precisão.

Vale a pena?

Apesar deste não ter a intenção de escrever um review em moldes padrões, me reservo no direito de bater o martelo e dar um veredito. E, respondendo o sub-título: Vale. E muito.

Com uma jogabilidade fluida, NPCs cativantes e, por incrível que pareça, um Kratos que quase pode ser chamado de carismático, God of War se livra das correntes do passado, se distanciando do estilo que o consagrou para entregar uma experiência quase cinematográfica. Sem dúvidas, o novo título da Santa Mônica pode ser considerado um dos melhores jogos do Playstation 4 – quissá, da geração.

Diferente dos padrões, neste artigo me abstenho de notas. Mas deixo aqui o meu “Muito obrigado” a Cory Barlog, por ter voltado para a franquia que tanto ama e ter colocado paixão e espírito neste novo capítulo. O novo God of War não precisa de notas; Ele precisa ser jogado.

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Esta análise foi realizada com base na versão de Playstation 4 Regular, gentilmente cedida pela distribuidora. God of War já está disponível, exclusivamente para Playstation 4.

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