Uma bela e bem feita homenagem aos clássicos: jogamos Kaze and the Wild Masks

Não é difícil ver pessoas com a péssima tendência de menosprezar mídias, produtos e a própria cultura nacional sob a prerrogativa de que “não presta”. Ou glorificar tudo o que vem de fora, enquanto ignora o potencial que existem profissionais dentro do próprio país. No ramo de jogos, a coisa costuma se pior com a falta de incentivo do Estado ou o não reconhecimento de que videogames integram parte de nossa cultura – em algum nível.

Toda vez que visito algum evento de tecnologia ou jogos aqui, fico admirado com a paixão e a força de vontade de vários desenvolvedores brasileiros em meio a tanta adversidade. Como cobri em 2016 no Nerd Jam em Brasília, temos uma massiva gama de jogos de qualidade que prometem brilhar como qualquer outro game de estúdio gringo que tanto glorificamos. São jogos com histórias únicas e mecânicas refinadas.

Kaze and the Wild Masks foi um desses. Conheci o jogo em um grupo sobre pixel art no Facebook e, assim como vários ali, foi paixão instantânea. Entrei em contato com o pessoal da Vox Game Studios e eles foram tão bacanas que me cederam uma chave de preview do game, que ainda está em desenvolvimento. Joguei o primeiro mundo de Kaze e trago aqui minhas impressões desse jogo que me encantou em todos os aspectos.

Jump, spin, dash!

Quem cresceu jogando Nintendo já vai estar super familiarizado com Kaze, pelos bons motivos: controles simples, divertidos e um level design desafiador. Kaze é basicamente uma parente perdida de Donkey Kong: por ser uma coelha, suas longas orelhas lhe permitem planar após um pulo, girar numa espécie de spin attack e outras combinações bem legais nesse meio termo. Todos os controles, mesmo estando em beta, são extremamente responsivos.

As animações são fluídas, deixando cada movimento da personagem satisfatório. O elenco de inimigos também está diversificado (são todos vegetais e frutos, aliás) e correspondente com a temática do primeiro mundo, novamente saliento o quão bem feito são – corroborando para um forte aspecto técnico que Kaze reforça em cada uma de suas fases.

Outro detalhe que merece atenção é o diversificado e desafiador level design – os obstáculos se posicionam de uma maneira que o jogador precisa fornecer inputs a cada momento para não morrer, além de se orientar pelos inimigos e diversificar os movimentos para conseguir coletar todas as gemas e segredos ao longo do caminho. Falando em segredos, temos os famosos bonus stages, itens secretos e muito mais que vão te fazer destrinchar cada canto da tela.

Ao final de cada mundo temos um boss – e o primeiro chefe, que é uma mamona gigante e extremamente enfurecida, me deu trabalho. O moveset, apesar de não contar com centenas de movimentos, precisa ser avaliado de forma objetiva se você não quiser passar algumas horas penando. Foram três estágios de luta, e mesmo não contando com novos golpes, era necessário um nível de dominância das mecânicas disponíveis.

Kaze não possui barra de vida ou similares, um hit ou movimento errado e você precisa voltar do início da fase ou de algum checkpoint espalhado pela fase. Com a exceção de um companion que aparece para te proteger contra danos toda vez que o jogador coleta um coração, é bom você dominar e decorar onde está cada um dos 1 ups nas fases.

Outro grande diferencial no gameplay são as máscaras que Kaze coleta durante o jogo. Na demo, só está presente a máscara que remete a um pássaro, dando o poder de voar para a protagonista. Ao usar a máscara, todo o level design e o estágio em si muda para se adequar a nova mecânica: novos inimigos voadores, um novo ataque que Kaze joga um mini tornado nos inimigos e, claro, toda a adequação artística a temática da máscara sendo usada.

A promessa é grande e estou bastante animado para ver como todas essas mecânicas irão funcionar no lançamento final.

Valorize o cenário nacional

Joguei a demo por mais algumas vezes tentando descobrir novos segredos e me preparando pra escrever esse texto. Fiquei muito animado com o que foi mostrado e, tendo a chance de jogar, não consigo ser mais enfático: valorizem os jogos nacionais. Comprem, divulguem, façam barulho, porque tem muita coisa legal e bem feita.

Kaze and the Wild Masks me impressionou e não foi pouco. Esse sidescroller me deu a nostalgia de estar jogando algum jogo da Nintendo em meu tempo de moleque, me dando o enorme prazer de só falar coisas boas a respeito. Queria agradecer ao estúdio pelo carinho e a confiança, e fiquem ligados para o lançamento oficial!

O jogo será lançado no primeiro semestre do ano que vem para Steam, PS4 e Xbox One. Você já pode dar uma ajuda pros caras visitando o site oficial e adicionando jogo na sua lista de desejos do Steam!