Review – Dragon’s Dogma: Dark Arisen

Lançado pela Capcom em 2012, Dragon’s Dogma é aquele jogo que tinha tudo para cair no mar da mesmice dos Action/RPG, mas provou ser o contrário. Apesar de alguns problemas que tornam o jogo um pouco difícil de se gostar logo de cara, ele possui um excelente sistema de combate e um ótimo senso de aventura.

Há quem diga que Dragon’s Dogma lembre outros jogos, como Skyrim, Dark Souls, Monster Hunter, e até Shadow of the Colossus. Há uma parcela de verdade nessas comparações, mas Dragon’s Dogma é uma experiência única que oferece ideias novas e um grande senso de aventura. Dragon’s Dogma: Dark Arisen trás o primeiro Dragon’s Dogma com algumas correções no balanceamento das classes, e umas 15 horas de conteúdo novo em Bitterblack Isle. Confira abaixo o review completo do jogo.

A história do cavaleiro sem coração

O jogo começa com a criação do seu personagem. Esse é um dos grandes diferencias do jogo e uma das mais extensas mecânicas de criação de personagem que eu já vi. É possível (e muita gente faz) recriar personagens como Dante, da série Devil May Cry, e Ezio Auditore da Firenze, de Assassin’s Creed. Após a criação do seu personagem, você se depara com o renascimento de um Dragão em sua vila e decide enfrentá-lo com sua espada enferrujada. Obviamente as coisas não dão tão certo e o Dragão rouba seu coração. Um tempo depois você renasce como Arisen, tendo que ir atrás do Dragão para recuperar seu coração de volta.

Após esse início emocionante, você acaba esquecendo da história praticamente até o fim do jogo, tendo que realizar quests apenas por obrigação, semelhante a Dark Souls. Apesar disso, há uma história que é contada para você, e caso você queira explora-la irá se deparar com uma linda fusão de mitologia oriental com ocidental, além de traços de simbolismo frânces e um pouco de filosofia alemã. Mas não é algo que o jogo te dá de mão beijada, é preciso pesquisar e ir além da camada superficial que costuma ser vista por todos.

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Em Dragon’s Dogma também há um sistema de afinidade: caso você converse muito com determinados NPCs, dê presente a eles, ou complete suas quests, vocês ganham afinidade, podendo inclusive fazer um par romântico. Mas não é nada que influencie na história, no máximo umas 3 cutscenes. Mas é um sistema interessante para usa-lo com mercadores do jogo, por exemplo, e conseguir descontos nas compras de itens e equipamentos.

Falando em afinidade, não há como não comentar a falta de emoção dos NPCs do jogo: eles são apáticos, apesar de terem uma excelente dublagem. A expressão facial muitas vezes não condiz com o seu diálogo, ou com o que está acontecendo no jogo. Ainda assim é extremamente útil conversar com eles, pois eles sempre têm algo para dizer.

Pawns chatos e inteligentes

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O sistema de Pawns é a única forma de interação online do jogo. Você pode ter um grupo com até 3 Pawns. Um deles é o seu Pawn principal, um personagem que você cria e personaliza de acordo com o seu estilo de jogo. Os outros dois Paws são personagens online, que foram criados por outros jogadores de Dragon’s Dogma. Caso você esteja jogando offline, estes dois Paws podem ser gerados aleatoriamente pelo jogo.

Os Pawns não são humanos, e são apresentados como seres que estão lá para servi-lo. Eles não têm crescimento psicológico ou emocional de qualquer tipo, ou seja, a personalidade deles se manterá igual do começo ao fim do jogo. É possível comprar itens que mudam a tendência do seu Pawn, fazendo-o agir de outra forma, mas sempre acompanhando-o e dando dicas sobre quests, inimigos e locais no mapa. Eles têm a habilidade de reter informações das quests que você realiza, e dos inimigos que você enfrenta. Quanto mais do mesmo inimigo você matar, mais ele aprenderá sobre os seus pontos fracos e pontos fortes (tornando o seu Pawn atrativo para outros jogadores).

O seu Pawn também consegue aquirir informações caso ele esteja sendo usado por outro jogador online, podendo assim conhecer uma quest que você ainda não fez, ou saber os pontos fracos de um inimigo que você ainda não enfrentou. Para jogadores principiantes, isso é uma mão na roda e facilita a exploração do jogo. Para os jogadores experientes, é uma encheção de saco ouvir dicas de uma coisa que você já está careca de saber. Toda vez que você passar por determinado lugar eles irão gritar que há uma armadilha de goblins, ou que tal inimigo é fraco contra fogo, sendo que você já esta de saco cheio de ouvir isso.

Um combate que dá gosto

No início do jogo você deve escolher uma dentre as três classes disponíveis: FighterStrider e Mage. Mais adiante, quando o seu personagem chegar na capital, é possível mudar de classe e escolher entre outras seis: AssassinMagic ArcherTemple KnightWarriorRanger e Sorcerer. Cada classe possui vantagens e desvantagens, e um estilo de combate único. Isso aumenta a vida útil do jogo, permitindo ao jogador trocar de classe quando quiser, e explorar diferentes tipos de combate. O aspecto que Dragon’s Dogma mais brilha é definitivamente no combate. Cada classe possui suas próprias skills, mesmo que classes diferentes utilizem a mesma arma.

Dragon’s Dogma possui uma mecânica de se agarrar ao inimigo, para atingi-lo em seu ponto fraco (semelhante à mecânica de Shadow of the Colossus). Todas as classes podem fazer isso, mas obviamente algumas classes utilizam isso melhor do que outras (apesar de não ser raro ver um Pawn Sorcerer escalar em algum dragão). Quando você escala inimigos, que chegam a ter o tamanho de uma casa de 3 andares, eles podem acabar ganhando um aliado: a câmera. Às vezes você sobe no inimigo, e a câmera se fixa em um ponto abaixo, impedindo que você chegue até a cabeça ou ao ponto fraco do inimigo. Apesar disso, a câmera não é sempre um problema e no geral funciona bem.

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O visual do jogo é bonito, o ambiente é bem reproduzido, somado ao fato da trilha sonora do jogo ser fantástica, criando um clima único para suas viagens. O jogo também tem um sistema de dia/noite que funciona a cada meia hora, e nas noites aparecem monstros mais fortes, como zumbis e fantasmas. Além disso, Dragon’s Dogma não conta com muitos Fast Travel, o que a principio pode ser enjoativo, pois você irá sempre enfrentar a mesma armadilha de bandidos, ou encontrar aqueles lobos sempre que revisitar o mesmo local. Mas existe o sistema das Ferrystones, que te teleportam para a capital ou para locais que você tenha colocado um Portcrystal (cristais que servem para salvar locais para Fast Travel).

O jogo possui um sistema de upgrades de armas e armaduras: falando com um NPC na capital e entregando-o a quantidade de itens e dinheiro solicitado, é possível melhorar seu ataque ou defesa. Entretanto, quanto melhor for seu equipamento, mais caro e difícil será encontrar o item que o NPC precisa. Com um nível de dificuldade razoável somado a um combate refinado, as comparações com Dark Souls são inevitáveis. Ao morrer, você retorna para seu último save, que pode ter sido quando você saiu da capital há meia hora atrás. Então é sempre bom salvar no começo do jogo, pois retornar para a capital quando estiver próximo de cumprir seu objetivo, ou depois de ter feito um caminho para uma quest, é no mínimo frustrante.

A expansão Dark Arisen

E sobre o Dark Arisen? Bom… é uma expansão que, a princípio, seria lançada como um DLC grátis pela Capcom. Mas como todos sabem, a fama da Capcom não é exatamente de dar DLS gratuitos, e eles não pensaram duas vezes em relançar o jogo com o conteúdo da expansão e alguns bugs consertados. Para compensar, o jogo teve preço inicial U$40,00, ao contrário dos lançamentos normais que custam U$60,00. Aqui no Brasil, infelizmente, o jogo acabou custando o mesmo preço corriqueiro dos lançamentos na maioria das lojas.

Mas, afinal, como é o Dark Arisen? É excelente. Bitterblack Isle é uma caverna inóspita, um lugar escuro e com monstros diferentes daqueles que você enfrenta no jogo. Não é difícil ficar apreensivo sobre o que está para acontecer ao descer as escadas, ou trocar de mapa. Principalmente no último terço do jogo, quando aparecem inimigos que, caso você não esteja preparado, podem mata-lo com poucos golpes. E como o lugar é um calabouço claustrofóbico, você acaba não tendo muito espaço para fugir.

Ao entrar em Bitterblack Isle você é recebido por uma voz que te acompanha por vários locais desse calabouço, e logo em seguida há uma matilha de uma espécie diferente de lobo. Assim que você os derrota, basta dar mais alguns passos para que a Morte apareça na sua cara (literalmente). A Morte é um dos Boss mais difíceis do jogo. Serão necessários vários encontros para que você consiga derrota-la. Dica de quem já passou por isso e teve seus pawns mortos em apenas 1 hit: FUJA!

Apesar de tudo, conforme você for jogando, você vai adquirindo novos equipamentos, o que vai tornando seu jogo mais tranquilo. O jogo usa um mecanismo chamado de Cursed Itens, que consiste de você levar tais itens para um NPC, e ele irá transformar esse item em algum item que você possa realmente usar. Esse foi a maneira que acharam de tornarem úteis os Rift Crystals do jogo, que anteriormente eram usado apenas para conseguir invocar pawn de level maior que o seu. Agora você precisa gasta-los para ver qual item você pegou, porém, há uma falha nesse método: caso não venha o item que você gostaria, basta sair e entrar novamente até que você consiga. Isso acabou tornando o drop menos recompensador do que é no jogo normal.

Bitterblack Isle deixa evidente que, se você não se preparar com curativos e bons equipamentos, não há nada nem ninguém que possa te salvar, principalmente porque, no meio do caminho, você encontrar monstros que no jogo normal seriam considerado Boss, mas em Dark Arisen são apenas monstros que aparecem de vez em quando.

Além de tudo, Dark Arisen possui um Pós-Game, que após você matar o Boss a primeira vez, se você voltar no calabouço haverá monstros mais fortes povoando-o, além da Morte tornar-se um inimigo que vaga aleatoriamente pela ilha, podendo você encontra-la ou não em qualquer mapa.

Conclusão

Dark Arisen é a versão definitiva de Dragon’s Dogma, com todo seu conteúdo adicional que trará pelo menos cerca de 15 horas a mais de gameplay. Parece um MMO offline onde você acaba tendo a influencia de seus amigos no combate, graças ao inovador sistema de pawns. E seu majestoso combate torna Dragon’s Dogma: Dark Arisen um dos melhores RPGs dessa geração de consoles.

[infobox title=’Ficha Técnica’]Dragon’s Dogma: Dark Arisen
Plataforma: PlayStation 3, Xbox 360
Publisher: Capcom
Developer: Capcom
Data de Lançamento: 23/04/2013[/infobox]