Como Silent Hills pode revolucionar o terror nos games

Você que é veterano quando o papo é videogame, sabe que a era de ouro dos jogos de terror já passou. Aquela época em que Resident Evil não era um Gears of War disfarçado, a mesma em que os monstros de Silent Hill tinham um verdadeiro e profundo significado. Basicamente, os jogos precisavam vir com uma fralda junto.

Bem, os tempos mudaram. Terror não dá mais dinheiro como dava. Estamos na era do “ache cobertura, corra e atire”, e é difícil lembrar de grandes jogos de terror recentes. Eu sei, essa moda de fazer vídeo pro YouTube se borrando de medo está ajudando o gênero a continuar vivo, e jogos como Amnesia e Outlast são mesmo muito bons. Mas não estou dizendo apenas de jogos bons, e sim de jogos grandes. Blockbusters, daqueles que estão em todas as lojas e todo mundo quer jogar.

De blockbuster, você pode citar Alan Wake, Dead Space ou até mesmo Siren: Blood Curse. É que Alan Wake já tem quase 5 anos de vida e teve dificuldades sérias nas vendas. O último Dead Space deixou claro que terror parou de ser o foco, dando lugar a ação. E Siren: Blood Curse é de 2008 e nada de sequência até agora, quem tinha que jogar, já jogou.

Ainda falta uma superprodução de terror que seja o assunto da sua roda de amigos, aquele jogo que todo mundo tem ou quer ter. É aí onde Silent Hills entra.

Você já deve saber, mas estou falando do novo episódio da antiga franquia de terror psicológico Silent Hill, que deve ser lançado em 2016, e que recebeu uma versão de demonstração um tanto quanto intrigante há pouco tempo, que causou grande impacto nos jogadores.

Por que eu estou colocando todas as minhas fichas em Silent Hills? Bem, por quatro motivos, são eles:

  • Hideo Kojima
  • Guillermo Del Toro
  • Norman Reedus
  • Playable Teaser

Kojima: A mente brilhante da Konami

Hideo Kojima é uma lenda viva. Ainda bem que o cara ainda tem só 51 anos e tem muito a oferecer, porque se tem uma pessoa que entende de inovação nessa indústria, é ele.

Por trás das franquias Metal Gear e Castlevania, Kojima sempre demonstrou um claro interesse pela parte cinemática dos jogos, algo extremamente importante em um jogo de terror, que precisa te envolver, e não te encher só de sustos, mas sim de medo.

Leia também: Comentários de Hideo Kojima sobre Silent Hills

Ele é creditado como produtor de Silent Hills e é uma peça essencial no desenvolvimento do jogo. Seu envolvimento na produção deixa clara a dedicação da produtora em caprichar em todos os detalhes, afinal nós sabemos que Kojima não assina projetos em que ele não acredita, e desde 2012 ele vem demonstrando interesse pela série, quando disse que “um jogo feito por um cara que se assusta até com uma galinha só pode ser horripilante”.

Del Toro: O gênio dos cinemas, agora nos videogames

Hellboy, Blade II, O Hobbit e O Labirinto do Fauno são apenas algumas das produções de Guillermo Del Toro, que acumula incontáveis nomeações por melhor direção e roteiro. Boa notícia, ele é o diretor de Silent Hills. Você que conhece o trabalho do cara sabe que, na verdade, essa é uma excelente notícia.

A participação de Del Toro na direção reforça a dedicação da Konami com o título. Ele sempre foi muito tímido nessa indústria, e agora está participando de um projeto gigantesco. Ver produtores e diretores das telonas desse porte se interessarem por videogames não é inédito, mas está longe de ser frequente.

O diretor mexicano é outro importante pilar em Silent Hills, que deve ajudar a trazer uma história memorável, como já fez antes nos cinemas.

Norman Reedus: O recrutador de novos fãs

Se você conhece Norman Reedus, com certeza é da série de televisão The Walking Dead. O ator faz parte do elenco principal e sem dúvidas é o mais amado entre os principais do seriado.

Ele está no auge de sua carreira, está supervalorizado e basicamente, pode pedir praticamente o que quiser pra fazer pra estar em um jogo. Adivinha só, Norman Reedus vai empresar sua voz, corpo e movimentos pra nova produção da Konami.

Quando vi o teaser do game, fiquei com um pé atrás. Eu pensei: “Legal, o cara faz um belo trabalho em The Walking Dead, mas… Silent Hill sempre foi uma franquia onde o protagonista era um zé ninguém. Por que apelar pra uma celebridade?”

Agora minha revolta passou, e se converteu em mais expectativa. Norman Reedus é a aposta da Konami pra atrair novos jogadores para a série, é uma placa de “olhem pra mim, eu sou tão divertido quanto o Call of Duty que você joga”, e isso é ótimo, a série precisa se revitalizar e se parte do processo é usar um ator conhecido com o fim de atrair pessoas mais jovens pra franquia, eu estou tranquilo. Uma estrela da TV se unindo com uma estrela dos videogames e uma do cinema? Perfeito!

Playable Teaser: A melhor demo de todos os tempos

Playable Teaser, ou P.T. para os mais íntimos, foi um jogo misterioso lançado bem discretamente na PSN. Ninguém sabia que na verdade, se tratava de uma pequena demonstração do que Silent Hills deve nos oferecer ano que vem.

Aqui mesmo no Jogazera, Mateus Alexandre fez um belo trabalho detalhando o quão genial P.T. é em seu artigo, e eu sugiro que você o leia pra mais detalhes, porque eu não vou exagerar nas palavras aqui.

Leia também: P.T. de Silent Hills foi baixado mais de 1 milhão de vezes

O P.T. de Silent Hills mostrou como Kojima sabe o que está fazendo. Lançar um jogo no final de uma conferência na E3 continua uma ótima maneira de espalhar a palavra, mas lançar um jogo coberto de mistério e quebra-cabeças só anunciando do que se tratava no final dele, foi simplesmente incrível. Só tente imaginar a emoção do primeiro cara que jogou um game totalmente descompromissado e no final foi bombardeado com os nomes de Kojima, Del Toro e Norman Reedus.

Na Konami nós confiamos

Todo esse artigo foi pra expressar minha expectativa em cima de Silent Hills, que me deixou boquiaberto colocando tantos monstros da indústria audiovisual trabalhando no mesmo projeto, com a mesma finalidade: convencer o mundo de que terror psicológico, doentio e obscuro não é coisa só pra quem quer tomar sustos, e sim pra qualquer um em busca de um bom jogo.

Vida longa a Silent Hill(s).