Análise: The Dwarves é RPG tático desafiador que agrada os fãs de RPG de mesa

Os anões são uma das raças mais antigas e clássicas vistas em RPGs fantásticos medievais. Apesar de fortes e donos de um carisma ímpar, dificilmente ganham notoriedade como personagens principais em grandes histórias – até mesmo em O Hobbit, clássico da literatura fantástica britânica do professor J.R.R Tolkien, vemos grandes anões, com grandiosos destinos, mas ofuscados pelo protagonismo de Bilbo. Nos videogames não é muito diferente.

The Dwarves corre na contra-mão e entrega uma história totalmente focada neles: os anões. Baseado no best-seller de 2003 de nome homônimo, o jogo é fiel à obra original e traz uma história muito rica que vale a pena ser vivenciada.

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O mundo, a história e os personagens

Em The Dwarves, você comanda as ações e molda o destino de Tungdil, um anão que cresceu isolado de seu povo em uma espécie de “monastério da magia”. Distante de sua cultura e de seu povo, o jovem anão passou sua vida mergulhado em livros e histórias fantásticas, mas seu sangue anão acabou levando-o a se tornar um competente ferreiro. Um dia, seu mentor decide enviá-lo a uma missão e, neste momento, a história tem o seu pontapé inicial. Aos poucos, você encontrará outros personagens e alguns até se unirão a você. Por sinal, o carisma e a personalidade forte de cada companheiro dá uma profundidade muito interessante à trama.

O jogo todo é conduzido por um narrador – que é um dos pontos altos do jogo. Se você, em algum momento de sua vida, jogou RPG de mesa ou ao menos é familiarizado com esse universo, a sensação é de que você está sendo colocado em uma mesa com um mestre que, apenas com suas palavras, faz com que você desenhe em sua mente todos os acontecimentos. Isso pode parecer tedioso, mas, acredite: a narrativa difere The Dwarves de qualquer outro RPG eletrônico que você esteja acostumado a jogar, e isso é um fator extremamente positivo. Outro aspecto interessante é a dublagem – inclusive a do narrador. Recomendo que ele seja jogado em alemão, seu idioma original, que traz vozes extremamente marcantes e enriquecedoras.

Em Girdlegard, a terra onde se passa a história do game, vemos referências e grandes semelhanças com o mundo de O Senhor dos Anéis e também um ar de Warcraft. As ilustrações dos personagens são muito semelhantes ao estilo artístico adotado pela Blizzard e o mapa que mostra o mundo é simplesmente idêntico aos que encontramos nos livros de Tolkien. Não podemos negar que são belas inspirações e que tornam o jogo bastante convidativo à primeira vista – principalmente se você for fã de alguma dessas franquias.

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O gameplay: haja força de vontade

Enquanto o jogo traz uma história muito interessante e personagens bem trabalhados, não podemos dizer o mesmo do sistema de combate. Apesar de levar a alcunha de “RPG tático”, devemos tratar The Dwarves como um teste de paciência. O sistema de combate é extremamente difícil. E eu não estou falando de ser algo difícil no estilo Dark Souls. É uma dificuldade realmente frustrante. Por muitas vezes, você vai se ver perdido em combate, sem ter total controle do que está acontecendo e, acredite, a tela de game over vai aparecer algumas vezes para você – mesmo depois de pegar o jeito.

Cada combate traz uma peculiaridade diferente, o que te leva a “reaprender” a jogar em cada batalha. O jogo te dá algumas dicas nas telas de loading – dicas estas que são úteis, ao menos até certo ponto. Durante as batalhas, você dá comandos a cada um dos personagens do grupo, mas a quantidade de inimigos é quase sempre muito acima do suportável. A principal dica que você deve levar em consideração é a de pausar durante as lutas para dar os comandos a cada personagem com calma. Isso ajuda, mas às vezes você vai precisar pausar tanto que o jogo pode se tornar um pouco cansativo.

Apesar do sistema de combate falho, o modo viagem do jogo é bem interessante – e acaba sendo um verdadeiro “momento relaxante” quando você termina uma batalha e volta a viajar. O jogo te coloca em uma espécie de tabuleiro, onde você escolhe as coordenadas e cada “casa” que você anda equivale a um dia de viagem, que consome seus suprimentos. Acontecimentos variados acontecem enquanto você está passeando pelo mapa e o narrador dá um tom bastante divertido e interativo. Escolhas de diálogos podem garantir coisas muito boas e situações que você presencia podem resultar em outros encontros no futuro se você passar pelo mesmo local depois.

Vale a pena?

The Dwarves entrega uma experiência diferente da dos RPGs atuais. Apesar da mecânica complicada e que muitas vezes pode se tornar frustrante, a história não deixa de se destacar e te instigar a ir até o fim. Com personagens carismáticos e uma narrativa bastante agradável, é fácil mergulhar na trama de Tungdil e ter vontade de descobrir seu destino. Certamente é um jogo difícil de ir até o fim, mas se você gosta de RPG tático e de uma dificuldade um pouco acima do comum, The Dwarves pode ser o jogo certo para você passar o seu tempo e desbravar o mundo de Gildlegard.