Análise: Song of the Deep, o jogo de domingo à tarde

O bombardeio de informações sobre como os jogos triple-A “vão explodir sua cabeça com todos os detalhes inimagináveis, mundo aberto e 100 horas de conteúdo” meio que enche o saco às vezes, né?

Marketing cansa. Não só pela propaganda desenfreada (e muitas vezes mentirosa) com o intuito de fixar psicologicamente determinado jogo na sua cabeça e alimentar o vício consumista prestes a despertar em você, mas por tentar, incansavelmente, vender a ideia do maior = melhor. Song of the Deep não tenta nada disso, e talvez esse tenha sido o melhor movimento da desenvolvedora Insomniac Games. Simples e completamente despretensioso, esse jogo é a reencarnação de um domingo preguiçoso pela tarde.

Ao mar!

Não só uma história simples, mas, de certa forma, tocante. Merryn é uma menina jovem que mora com seu pai no litoral e ambos são fascinados com o mar e com histórias que o envolvem. Criaturas fantásticas, cidades perdidas e tesouros escondidos: a infância de Merryn é recheada de contos marítimos contados pelo pai. Navegador, o espírito aventureiro, algum dia, iria custar caro.

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Song of the Deep (5)

Em uma de suas viagens, o pai de Merryn desaparece. Ela espera por dias na costa pelo retorno do homem — mas sem sucesso. A garota então não se dá por vencida, trata de armar um plano bem inusitado para procurar por seu pai em mar aberto: um submarino caseiro. Lançada ao mar, Merryn parte numa incansável busca, enquanto percebe que as histórias contadas não eram apenas fábulas. O oceano, de fato, abriga aquilo e muito mais do que foi dito à menina em seus contos de dormir.

Como dito, é tudo simples e direto. Encaixando bem com suas mecânicas e design em geral, o enredo de Song of the Deep não tenta nada ambicioso ou que não dê conta de carregar.

Um estilo já conhecido

Seguindo um estilo metroidvania, Song of the Deep leva o design de seus mapas a sério, com incontáveis conexões, atalhos e outros tipos de ligações que vão garantir o backtracking pesado. O estilo adotado oferece algumas perspectivas sobre o quão bem esse jogo se encaixa no gênero (ou não): sendo uma experiência subaquática, um tema que reforça o estilo “relaxante” do jogo, existe uma linha tênue entre o divertimento e a chatice.

Por diversas vezes o gameplay se tornou arrastado, sem algo que exatamente me prendesse ao que estava acontecendo ali. Nada pra lá, nada pra cá — não há ninguém ou nada para se interagir além de NPCs, que são pertinentes ao enredo ou lhe vendem itens para evoluir seu submarino, ou inimigos que variam entre águas vivas, ouriços, caranguejos e outras criaturas excêntricas.

O jogo, nesse aspecto, se torna voltado a um certo público nostálgico que aproveita bastante os jogos do gênero. Pode ser uma questão mais pessoal, mas a linha tênue citada poderia ser um pouco mais larga.

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Song of the Deep (1)

Não há melhor definição para esse jogo do que sendo aquele domingo desocupado de tarde. Não quer dizer que seja necessariamente entediante, mas você sabe que as chances de acontecer algo animador são baixas. Despretensioso, sólido e que cumpre o seu papel, Song of the Deep não te decepciona, mas não impressiona. Não é excelente, mas também não é ruim.

Com a cacetada de títulos saindo neste ano e outros milhares de jogos juntando poeira na sua estante, Song of the Deep não tem pressa alguma para ser jogado.

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Esta análise foi realizada com base na versão de PC gentilmente disponibilizada ao Jogazera pela desenvolvedora.

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