Lançado originalmente ano passado, The Persistence é um jogo de terror roguelike ambientado no espaço com elementos sci-fi que tenta cultivar os jogadores amantes de ambos os gêneros – tanto no terror quanto no aspecto roguelike. O game recentemente recebeu a versão Enhanced para os consoles da geração atual com várias melhorias gráficas, carregamentos rápidos, ray tracing e suporte aos recursos do DualSense no PlayStation 5.
O game conta a história de Zimri Eder, uma oficial de segurança abordo de uma nave perdida (chamada The Persistence) no espaço infestada por criaturas que caçarão Zimri até a morte. Entretanto, nossa protagonista tem um trunfo a seu favor: a possibilidade de transportar sua mente para diversos clones caso alguma coisa aconteça com seu corpo atual. Com a ajuda de Serena Karim, uma outra personagem que ajudará Zimri a fugir desse pesadelo, nossa protagonista deve reativar todos os sistemas da nave e voltar para a Terra.
A habilidade de criar novos clones cada vez que Zimri morre é o ponto principal do jogo, edificando sua base como roguelike. O jogador pode escolher qual corpo usar para ser clonado, onde cada um fornece modificadores ou funções diferentes. O corpo base de Zimri pode ser clonado “gratuitamente” enquanto o corpo de outros personagens (como o de Serena) custam uma pequena taxa de FAB chips, que servem como moeda no jogo para comprar armas e outros equipamentos.
Os upgrades desbloqueados permanecem independente dos clones, sendo possível melhorar vários aspectos da personagem como vida, furtividade, combate corporal e matéria negra – energia usada para realizar várias ações especiais, como o teletransporte. Melhorias nas armas também são permanentes, embora cada upgrade aumente o custo das armas.
Os conceitos estabelecidos como princípios de um roguelike funcionam… no papel. The Persistence, infelizmente, passa a sensação que seu personagem nunca vai estar pronto para enfrentar os desafios que o jogo propõe ou lidar com mais de 3 ou 4 inimigos ao mesmo tempo. As armas parecem de festim, os upgrades não são vistos em ação de forma clara e o preço cada vez mais caro que um equipamento tem ao ser upado desencoraja sua compra nas máquinas de arsenal.
No geral, esse jogo sofre com um sério problema de balanceamento. Criaturas mais fortes podem destruir seu escudo em poucos golpes, além da disposição de inimigos nos mapas em estágios mais avançados descompensam qualquer tentativa de upgrade que a personagem pode comprar. As melhorias ficam demasiadamente mais caras a cada nível, tornando o jogo numa máquina de grind absurda para sequer haver uma chance contra os inimigos mais fortes do jogo. Zimri também não é a personagem mais ágil do mundo, fazendo com que certos movimentos para escapar de situações difíceis seja uma tarefa desnecessariamente complicada.
Outros gadgets além das armas podem ser úteis em situações específicas, como o de desacelerar o tempo ao seu redor e uma serra automática equipada com um teletransporte, que é capaz de matar inimigos com apenas um golpe. Entretanto, é importante manejar suas FAB chips e escolher bem qual equipamento produzir, visto que toda máquina possui um tempo de cooldown após usá-la. Entendo o motivo por trás dessa decisão mas é evidente o quanto isso acrescenta mais uma camada de dificuldade superficial ao jogo.
O game consegue ter uma atmosfera bem eficiente de terror – embora alguns jumpscares pareçam toscos e fora de lugar. O problema é quando essa atmosfera dá lugar à repetição excessiva e frustração por tentar escapar (sem sucesso) de uma horda de criaturas que te moem na porrada em menos de 5 segundos, sem dar tempo de reação ao jogador.
The Persistence tenta de todas as formas se mostrar relevante ao trazer conceitos roguelike para os terrores do espaço, mas falha de uma forma ou outra em todo o resto. A falta de polimento e balanço colocam ainda mais em evidência que esse jogo precisaria de mais algum tempo no forno ou até mesmo no quadro de planejamento dos desenvolvedores.