Apesar do embargo de The Order: 1886, que proíbe a publicação de análises e gameplay do jogo até a próxima quinta-feira (data de lançamento), muitos jogadores já estão com o novo exclusivo de PlayStation 4 em mãos, publicando diversos gameplays no YouTube, e mostrando que ele pode ser concluído em menos de 6 horas, fato que a produtora Ready at Down se recusa a comentar.
Eu também me recuso a comentar, mas fico muito decepcionado quando vejo alguns “jogadores” criticando o tempo de duração do jogo, como se este fosse um fator que determinasse a sua compra ou não. O critério de “fazer o dinheiro valer a pena” baseado no tempo de duração do jogo é muito subjetivo. Deixar de adquirir um jogo baseado nesse fator, sem ao menos joga-lo, é no mínimo injusto.
Motivado pela polêmica desnecessária de The Order: 1886, listo abaixo alguns motivos pelos quais você deve ponderar antes de criticar um jogo de curta duração.
Longa duração não é sinônimo de qualidade (nem de diversão)
Se pensarmos no inverso, então jogos com 30~40 horas de duração deveriam ser compra certa, correto? Nem sempre. Há uma tendência muito condenável nos jogos atuais, principalmente naqueles de mundo aberto, que são inflados de conteúdo “para encher linguiça”, mas que não adicionam nada de relevante para a experiência do jogador.
Não é segredo pra ninguém que eu não gostei de Far Cry 4 por diversos motivos, e um destes é o excesso de conteúdo superficial do jogo, que tenta prolongar o gameplay de forma artificial. Tenho 25 horas de jogo, apenas 60% de progresso, e nenhuma vontade de continuar jogando para saber o desfecho da história.
Minha opinião está longe de ser uma unanimidade, mas preferiria ter gasto um terço desse tempo para completar a campanha, ao ter realizado diversas sidequests repetitivas e pego colecionáveis desnecessários que não agregaram em nada a minha experiência. Somente me cansaram.
Quanto mais longo é o jogo, maior é a taxa de abandono
Há jogos que não precisam ser completados que ainda assim são ótimos. The Elder Scrolls V: Skyrim, por exemplo, é um jogo estritamente single-player recheado de conteúdo, mas que está longe de ser cansativo ou repetitivo. Eu poderia tranquilamente gastar 60 horas explorando o seu vasto universo, sem sequer completar a história principal, e estou bem com isso. E é exatamente o que acontece: de tanto conteúdo, poucos chegam a concluir a campanha (apenas 43% dos jogadores completaram a última missão do jogo).
Nesse tipo de jogo, a história (por mais interessante que seja) serve apenas de pretexto para o jogador; o legal é explorar os segredos do gigantesco mundo aberto. Outros jogos, entretanto, existem para serem completados, senão sua existência não faria o menor sentido (e acredito que este seja o caso de The Order: 1886).
Heavy Rain tem 10 horas. Uma hora a mais de jogo faria eu “pular pela janela”. É um estilo de jogo focado em história que, de tanta história, chega a ser maçante. Imagino o quão cansativo seria um Metal Gear Solid com mais de 20 horas. Por mais que a obra de Kojima tenha uma jogabilidade de fazer inveja em outros jogos de mundo aberto, o foco da franquia sempre foi a história.
Há diversos jogos curtos incríveis (e com alta rejogabilidade)
Sabe aquele ditado: “São nos menores frascos que se encontram os melhores perfumes”? A lista de jogos que possuem menos de 10 horas é grande, e nem por isso eles são piores. Eu completei Brothers: A Tale of Two Sons em uma única “sentada no sofá”, do começo ao fim, e chorei no final feito uma menininha. Com Journey e The Swapper não foi diferente.
The Order: 1886 é um jogo completamente focado no “contar de uma história”. É um jogo sobre uma jornada. Ele possui premissas (trilha sonora, visuais cinematográficos, etc.) que instigam o jogador a imergir naquele universo, e não para servir de playground para o jogador perder horas em atividades repetitivas.
Videogame é sobre usar artifícios tecnológicos para nos contar uma história e servir de entretenimento através da interação com um jogador. Se um jogo conseguir cumprir esse objetivo em menos de 6 horas, por mim tudo bem. O fato é que prefiro qualidade em vez de quantidade. Se o jogo for curto e ruim, eu dou razão para as críticas. Mas criticar premeditadamente um jogo apenas por ele ser curto, é pura ignorância.
—
Na sua opinião, os jogos precisam ter longa duração para valer o investimento, ou uma história curta e bem contada é o suficiente para a sua satisfação? Lembrando que existem diversas variáveis: um jogo pode ser longo mas ter uma história medíocre e ser extremamente repetitivo, assim como um jogo pode ser curto e ter uma trilha sonora magnífica (e vice-versa). Comente e registre sua opinião na enquete abaixo.