Sony e o assassinato do PlayStation Vita

Hoje, comentaremos sobre o misterioso e intrigante, até mesmo brutal de tamanho nível de crueldade que marcou a cena do crime desse tão desonesto e triste caso. Assassinado à sangue-frio pelos próprios pais, os mesmos nem se deram o trabalho de esconder o corpo. Pelo contrário, fingiram que o pobre coitado simplesmente não existia e atribuíram suas falecidas funções a outros membros da mesma família.

Até Sherlock Holmes ficaria estupefato diante as circunstâncias do caso. A vantagem é que você já sabe quem foi a vítima e o assassino. O motivo e onde o corpo se encontra discutiremos aqui, mais à frente.

Console esquecido, com ótimos jogos esquecidos também

“Uau, o sucessor do PSP! Carambolas, mal posso esperar!” Foi a minha reação, já que além do Nintendo DS original (fat), o PSP foi o portátil no qual mais gastei minhas horas jogando. Com os famosos homebrews, o pequeno se tornava quase um all-in-one, com seus emuladores e afins. E claro, os jogos do próprio portátil.

O que faz um console marcar sua memória? “Caraca véi, aposto que seu portátil não tem um processador ARM Cortex-A9 MPCor de quatro núcleos!!!” Certamente não é o seu hardware ou poderio gráfico. É justamente o que o torna uma central de entretenimento: seus jogos. E é justamente isso que faltava no PS Vita.

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Kat não está curtindo esse artigo.

Comprei meu Vita em meados do ano retrasado, em 2013. Na hora da compra, eu podia escolher um jogo e ainda levava um cartão de 8GB de armazenamento (e mais umas pechinchas de vendedor) e, na época, não pensei duas vezes: como um grande fã de Assassin’s Creed, peguei o inusitado AC III: Liberation, a novidade exclusiva do portátil da Sony.

Joguei, zerei. Jogo bacaninha, até hoje não sei muito o que dizer a respeito. Apenas gostei, talvez um pouco mais do que o 3. Enfim, estagnei. Precisava de algo novo, e por isso assinei a Plus daquele mês: Hotline Miami! OH YEA! Gravity Rush! DELÍCIA! Soul Sacrifice! DAORA! Tirando Hotline Miami (que está disponível para PS3 e PC também), os outros dois eram exclusivos do portátil.

E esses dois jogos não receberam a atenção que mereciam por justamente terem sido ofuscados pelo próprio console, que com um preço bem salgado (o preço oficial do Vita aqui no Brasil chegou beirando os R$ 1.600,00, com cartão de memória exclusivo – e MUITO caro) não atraia público que estava com os olhos na concorrência. Jogos onde a Sony deu (e vai dar) um jeitinho onde eles possam aparecer mais. Ou pelo menos tentar.

A conclusão aqui é uma: o Vita tem sim ótimos jogos, mas poucos. Ou que, devido a falta de popularidade, as pérolas ainda não foram divulgadas ou descobertas. Ou que as pessoas simplesmente não se importam.

Mais perdido que cego em tiroteiro: PlayStation TV? Xperia com Remote Play? WTF?!

Até hoje eu tento entender o que aconteceu. Jack Estripador, vamos por partes. PlayStation TV  foi aquele mini-console com o propósito de rodar os jogos do PS Vita na sua TV (!!!) que teria mais serviços posteriormente, como o PS Now e uma certa integração com o PS4.

Vocês entenderam o que aconteceu nisso aí? “Tudo bem, você não tem o console mas pode jogar os jogos dele! Maravilha! Toma mais um motivo pra você NÃO comprar o Vita!” Tipo… sério? Qual o propósito de você ter um portátil que você pode jogar os jogos dele em outro aparelho que não seja o próprio portátil? Cada vez mais em desuso, de uma maneira totalmente sem noção.

Mas ok, você ainda pode usar a função mais falada, mais prestigiada, mais hypada de todas quando o console foi anunciado: Jogue o seu PlayStation 4 remotamente, da sua TV, sala, quarto, banheiro e afins! Incrível! Legal! É… Só que não é bem assim. O famoso “jogue onde quiser” tem alguns problemas, que posso citar:

  1. Esqueça de jogar qualquer game que envolva reflexos rápidos, pew pew e porrada com o Remote Play no Vita. Os analógicos pra esse tipo de movimento não são NADA favoráveis, além dos botões R2/L2/R3/L3 serem digitais, fato onde nem preciso falar que complica demais a vida.
  2. Se você não tem um roteador wi-fi e internet decentes, pode esquecer. Alguns metros de distância da origem do sinal, o lag já enche bem o saco e é muito mais frequente.
  3. E por último, pra fechar com um soco no meio do estômago: Xperia Z3. Sim, o smartphone da Sony vai tem Remote Play com o PS4. Preciso dizer mais alguma coisa?
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Eu também existo, viu!

Isso me deixa triste, caras. A própria Sony eliminou todos os “porquês” de se ter um PS Vita por conta de outros aparelhos dela mesma. Pelo menos eu não vejo mais motivo de ter o portátil – a não ser o fato de ser um portátil. Pessoas que usam muito ônibus, metrô, trem e afins que pretendem passar o tempo de outra forma que não seja olhando pra janela. Só que, você realmente compraria um PS Vita para esses fins? Bem, é o que nos leva ao próximo tópico.

Aí você me pergunta: e os indies, caro editor?! Aí eu lhe respondo: A biblioteca do PS4 nesse gênero está crescendo exponencialmente, a cada conferência. Eliminando, mais uma vez, a necessidade de um PS Vita nesse quesito. Olli Olli 2, Hotline Miami 2: Wrong Number e vários outros já foram confirmados para o big brother do Vita.

Concorrência desleal: Começa com N e termina com -intendo 3DS

Creio não ter a necessidade de recitar todos aqueles motivos do porquê o apelido da Nintendo é “Big” N. E uma coisa é mais que certa: 3DS + Pokémon = sucesso infinito. Nessa simples equação, você pode trocar a variável “Pokémon” por “Mario” ou “Zelda”. Ou melhor ainda: “The Legend of Zelda: Majora’s Mask 3D” POW! NA SUA CARA! Como se o remake de Ocarina of Time não fosse o bastante, né, Reggie?

Ou, pelo simples outro fato de: Pokémon Omega Ruby e Alpha Sapphire. Todas essas variáveis da equação são um pentakill no coitado do Vita. E agora, novamente, eu lhes pergunto: Como você passaria o seu tempo dentro do metrô/trem/ônibus? Com um Vita ou com um 3DS?

Claro, gosto é gosto, mas estamos levando em conta aqui evidências quantitativas. E, nesse quesito, o PS Vita vem falhando miseravelmente.


E agora, José? Senta e chora?

Não, não. Pelo menos ao meu ver, ainda pode haver uma salvação. E uma salvação relativamente simples: a Sony olhar pro cadáver que ela própria está pisando, estender a mão e ajudar o coitado a se levantar, dando a devida importância a ele, trabalhando em jogos de peso e mostrar do que o portátil é capaz em suas várias conferências ao longo do ano.

Caso contrário, bem, a morte é mais que certa. Às vezes me sinto parte dessa chacina ao levar em conta o que aconteceu com o meu PS Vita. Mas caso você esteja perguntando o que eu fiz com ele, bem…

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