Vídeo Análise – Borderlands: The Pre-Sequel

Um jogo genuinamente divertido que, como sempre, vai te fazer rir muito. Carece de inovações substanciais e apresenta alguns bugs que estragam a imersão. Traz consigo todos os acertos de seus antecessores, a adição de novas mecânicas e Claptrap como um personagem jogável. Cara de DLC e o preço salgado de um lançamento.

Quando o jogo saiu no dia 14 de outubro eu, fã da série, já estava me coçando para botar minhas mãos em uma cópia do jogo e ver mais do humor inteligentemente estúpido da franquia junto com as inicialmente interessantes novas mecânicas.

Os trailers faziam questão de falar que se tratava da história por trás de um dos meus vilões favoritos de todos os tempos: Handsome Jack. Fiquei na dúvida se isso poderia estragar o mistério acerca de seu passado, parte do que torna o personagem interessante, ou se acrescentaria mais ao meu favoritismo. Além, é claro, do fato que agora Claptrap seria um personagem jogável.

Desenvolvido pela 2K Australia, com assistência da Gearbox Software e publicado pela 2K Games, Borderlands: The Pre-Sequel é o terceiro jogo de FPS da série que estourou em 2009 com um aspecto de RPG que se faz muito presente, a pilhagem (ou loot em inglês) que consiste na busca incessante por armas e equipamentos cada vez melhores.

História

O jogo se passa entre os acontecimentos do primeiro e o segundo jogo da série se focando na ascensão ao poder de Jack na empresa onde ele era empregado, a Hyperion Corporation. A história começa quando a estação espacial da empresa, Helios, é tomada pela Lost Legion, uma operação militar da Dhal Corporation. Jack lidera uma equipe de Vault Hunters constituída de chefões e NPCs dos jogos passados para retomar o controle da estação.

A história é contada por Athena, uma das personagens jogáveis, que foi capturada por Lilith, Brick e Mordecai na cidade de Sanctuary pouco tempo depois dos eventos do DLC The Secret Armory of General Knoxx do primeiro Borderlands. Ela conta que fora contratada por Jack para encontrar o Cofre e o poderosíssimo guerreiro que ele guardava. Athena, acompanhada de seus companheiros Vault Hunters Wilheim, Nisha e Claptrap estava a caminho da base lunar de Helios quando sua nave foi danificada pela Lost Legion, fazendo um pouso forçado na estação. Lá eles lutam contra as forças inimigas e tentam ativar os sistemas de defesa da base. As coisas pioram quando eles descobrem que um sinal vindo de Elpis, a lua de Pandora, está bloqueando os sistemas de defesa e eles precisarão ir até lá para interrompê-lo.

A equipe embarca em uma bala do canhão espacial de Helios apontado para a lua em uma tentativa desesperada de fugir da base. Incrivelmente eles conseguem chegar com sucesso em Elpis.

Borderlands The Pre Sequel Screenshot (1)[quote align=’right’]Um mundo aberto repleto de ação e humor normalmente significa uma história desconexa e desimportante. Aqui não é exceção.[/quote]

Assim como nos outros jogos da franquia a história fica em segundo plano. Particularmente só me dei conta dela nas curtas e raras cutscenes que a contam de forma mais direta. Boa parte da história se desdobra nos diálogos que se passam no seu comunicador ECHO, uma espécie de rádio. Assim se torna muito difícil prestar atenção no que está sendo dito, já que quando o pau começa a quebrar e aquele frenesi de cores explode na tela você mal é capaz de piscar.

As missões secundárias costumam não ter absolutamente nada a ver com a história central e constituem praticamente 70% do tempo de jogo. Se você decide que vai fazer todas as side quests à medida que elas aparecem, como eu faço, você acaba tendo dificuldades até mesmo para se lembrar onde parou na história principal, dificultando ainda mais a imersão na história.

Às vezes as cutscenes parecem ter sido feitas com Jack dialogando com um Vault Hunter em específico, normalmente Athena. Se você escolhe outro personagem para jogar as coisas podem ficar ainda mais confusas do que já são.

Australianos, a Interwebz e a Cultura Pop

Os diálogos, os objetivos das missões e o humor do jogo de uma forma geral giram em torno de um eixo central: A internet do mundo real. Com muita frequência são feitas referências a memes, filmes, séries e outros jogos (ainda mais quando você joga com o Claptrap, que solta citações famosas toda vez que você usa sua habilidade especial). Nada que faz sucesso no Youtube, 9GAG, 4chan, Reddit e etc. escapa dos roteiristas do jogo.

Na maior parte do tempo é extremamente engraçado. Admito que ri muito, e alto, na frente do meu PC até mesmo ao ponto de cair da cadeira e rolar no chão uma vez. O problema surge quando isso é usado demais. Sinto que nas edições anteriores de Borderlands esse recurso de humor foi usado com mais sensibilidade, ao contrário do The Pre-Sequel, que usou com tanta frequência que no começo tive que vencer certa preguiça de jogar o jogo.

Outro motivo da minha preguiça inicial com relação às piadas do jogo foi que eu não consegui entender metade das piadas. Sério. Eu trabalho com internet. Passo o dia na frente de um PC. Mesmo assim não entendi essa parte do humor.

Essa metade é referente às piadas internas australianas. Já que o jogo foi desenvolvido por um estúdio australiano foi feito o uso de muitas gírias australianas, piadas australianas e outras referências ao cotidiano australiano. Sinto que esse humor só possa ser entendido apenas por quem já morou lá ou te/teve um contato extensivo com a vida no país.

Borderlands The Pre Sequel Screenshot (2)[quote align=’right’]Uma história mais original poderia melhorar a cara de um jogo que copiou praticamente tudo de seus antecessores. Pouquíssimos novos personagens foram introduzidos, e nenhum deles é realmente marcante.[/quote]

Gameplay

Ah! É aqui que o jogo mostra suas cores e brilha! Bem, não mais do que antes… Calma. Explico:

O The Pre-Sequel traz todos os acertos das edições passadas da série e ainda faz algumas boas adições à franquia. A começar pela ambientação.

Os desenvolvedores da 2K Australia parecem ter se preocupado muito em aumentar a capacidade do jogador de se locomover nos gigantescos mapas. Agora que o jogo se situa no espaço você é capaz de saltar muito mais alto, por maiores períodos de tempo. A adição do Oz Kit (uma mochila a jato de oxigênio) te permite saltar de novo no ar, descer diretamente até o chão, causando dano a inimigos próximos e frear antes que você flutue para dentro daquele mar de lava à frente, além, é claro, de te permitir respirar no espaço no caso de personagens Humanos. Assim como todos os outros equipamentos e armas, cada Oz Kit tem habilidades específicas. Foram adicionados também os jump pad, plataformas que te jogam no ar em uma direção, podendo ser ainda mais fortes uma vez que você atira contra eles usando uma arma de choque causando um curto-circuito.

O espaço traz um ar novo para a série Borderlands, diferente daquele predominante nas edições anteriores de deserto árido e é muito bem vindo.

[quote align=’right’]Nunca os jogadores tiveram tantas armas e equipamentos na franquia, aumentando a diversão e a busca por loot cada vez melhor.[/quote]

O jogo conta agora, também, com a adição de lasers como um novo tipo de arma, podendo atirar como uma metralhadora, uma escopeta ou um raio contínuo. Um novo tipo de armas elementais, as de gelo, que te permitem congelar seus inimigos imobilizando-os e aumentando o dano que eles recebem de ataques corpo a corpo e explosivos foi implementado. Foi adicionado também um novo tipo de veículo, o Stingray, que é capaz de flutuar um pouco acima do solo e saltar grandes distâncias. A interação do jogador com ambientes com atmosfera ou com a falta dela é bem interessante, mudando o comportamento de armas e equipamentos além da mobilidade do personagem. Existem também trituradores que, quando alimentados com três itens, devolvem um item melhorado, podendo ser ainda melhor se você pagar extra. Alguns inimigos se dividem em inimigos menores quando derrotados, algo comum no mundo dos video games mas que, assim como as outras mudanças, é apreciado.

Jogar na “pele” do Claptrap foi uma das coisas mais divertidas que eu fiz esse ano. Diferentemente dos outros personagens ele não possui uma habilidade especial fixa, seu programa vaulthunter.exe avalia sua situação e escolhe a habilidade mais apropriada. Quando você está jogando com amigos online eles também são afetados. É bem difícil superar o humor de ver você e seus amigos quicando em uma batalha usando boias no formato de patinho de borracha. Além é claro das falas hilárias do robô mais subjugado da história dos games.

[quote align=’right’]No quesito gameplay, The Pre-Sequel é exatamente o mesmo jogo de seu antecessor. Tem algumas mudanças aqui e ali mas nenhuma delas inova a experiência de verdade[/quote]

É agora que entra o grande problema de Borderlands: The Pre-Sequel. No quesito gameplay ele é exatamente o mesmo jogo de seu antecessor. Tem algumas mudanças aqui e ali mas nenhuma delas inova a experiência de verdade. Francamente este jogo peca tanto no quesito inovação que me senti mal por ter pagado o preço de um jogo completo quando ele me pareceu ser um grande DLC, nem mesmo a história dele justifica o preço. Franquias como Assassin’s Creed, por exemplo, lançam histórias sobre o passado de seus personagens em DLCs e não necessariamente em um jogo por si só. Este jogo só é bom por se tratar, em essência, do mesmo jogo que Borderlands 2 que é um excelente jogo.

Borderlands The Pre Sequel Screenshot (3)[quote align=’right’]Este jogo é, estruturalmente, exatamente a mesma coisa que seu antecessor. Os menus são os mesmos, as animações são as mesmas, os efeitos sonoros, o motor gráfico e etc.[/quote]

Inclusive ele é tão parecido com Borderlands 2 que sofre dos mesmos problemas. As missões te fazem percorrer longos caminhos que você já teve que andar pra chegar ao início da missão em primeiro lugar. A dirigibilidade dos veículos continua a ser extremamente ruim e imprevisível. E ainda, para suprir a falta da moeda secundária do jogo anterior, Eridium, que só pode ser encontrado raramente em Pandora surgiram as Moonstones (do inglês pedras lunares. Muito criativo) que eu ainda não entendi o por que de serem valiosas. Se eu pudesse, na vida real, comprar pão na padaria com pedras que eu achasse no chão o mundo seria um lugar muito bizarro. Toda a preocupação em dar mobilidade ao jogador de nada adianta se ele encontra paredes invisíveis por toda parte. Morri diversas vezes por achar que conseguiria subir em um lugar aparentemente desimpedido e me deparei com uma barreira invisível condenado a cair em um poço de lava.

A mudança no design dos mapas não funcionou muito bem para mim. Por se tratarem de mapas muito grandes é muito cansativo ficar dando voltas por causa de um rio de lava. Aliás, dessa vez, rios de lava estão por toda parte, deixando as missões que intencionalmente te fazem andar muito ainda piores. E, com uma dirigibilidade tão ruim quanto essa, pular qualquer coisa não é tarefa fácil.

Aspectos técnicos

Saber que o jogo não foi feito do zero, e sim remodelado e retocado em alguns lugares, aumenta ainda mais minha insatisfação. Comparei as configurações de vídeo do The Pre-sequel e do seu antecessor lado a lado para ver as diferenças. A única diferença entre todas as possíveis configurações é que os efeitos do PhysX podem ser elevados de “alto” para “ultra” que pode ter muito a ver com as quedas de fps que ocorrem aleatoriamente ao longo do jogo sem motivo aparente.

Borderlands The Pre Sequel Screenshot (4)[quote align=’right’]A falta de adições significativas faz com que o jogo perca boa parte do brilho, mas ainda é extremamente divertido.[/quote]

Este jogo é, estruturalmente, exatamente a mesma coisa que seu antecessor. Os menus são os mesmos, as animações são as mesmas, os efeitos sonoros, o motor gráfico e etc. Inclusive, a animação de abertura da Nvidia é a mesma do Borderlands 2 lançado em 2012, sendo que em Middle Earth: Shadow of Mordor, lançado algumas semanas antes do The Pre-Sequel, ela já fora atualizada. Ainda consegui encontrar problemas aqui que eu não encontrei nas edições anteriores: inimigos que do nada decidem ignorar sua existência, inimigos que entram nas paredes e ficam presos, quando você chega a um mapa novo o jogo demora muito para carregar as texturas, existem alguns problemas de detecção do limite do chão fazendo com que itens, partículas e inimigos flutuassem acima do chão ou afundassem sem explicação e certa vez, atingido por uma arma de gelo, fiquei lento permanentemente até que fui obrigado a reiniciar o jogo. No multiplayer online eu tive muita dificuldade em usar armas que atiram projeteis lentos já que qualquer lag torna quase impossível atingir um inimigo em movimento.

Conclusão

A 2k Australia trabalhou muito para atender aos pedidos dos fãs de revelar a história de Jack, poder jogar com o Claptrap dentre outras coisas, mas perdeu o foco naquilo que faz a série ter tanto sucesso: inovação. A falta de adições significativas faz com que ele perca boa parte do brilho da série. A sorte dele é que, mesmo parecendo muito uma cópia de seu antecessor, ainda é extremamente divertido. O que no final das contas é o que importa.

O que eu estou tentando dizer é, se você está querendo conhecer a franquia agora talvez esta não seja a melhor porta de entrada. Mas se você já conhece a série, gostou de Borderlands 2 e quer se aprofundar mais na história você será muito feliz com Borderlands: The Pre-Sequel. Apenas certifique-se de comprar com desconto.

Borderlands The Pre Sequel Review

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  • Todos os acertos de Borderlands 2
  • Enredo interessante
  • Claptrap
  • Armas, equipamentos e personagens novos

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  • Poucas inovações substanciais
  • Humor Australiano
  • Problemas de FPS

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