Análise – Call of Duty: WWII
Nada de novo no front: Sledgehammer manda bem e temos mais um bom jogo de guerra
Não é nenhuma novidade que as guerras futuristas já estavam um pouco saturadas. Com o poderio bélico da atual geração, muitos imaginavam como ficariam as antigas guerras nas plataformas atuais. Battlefield 1 retomou a primeira guerra mundial, e tempo depois foi a vez de Call of Duty anunciar que também voltaria às origens com Call of Duty: WWII e sim, como ficamos ansiosos por isso! Quem acompanhou filmes e séries sobre a segunda guerra mundial – e os games ambientados no conflito, como nos primeiros Medal of Honor (entreguei muito a idade, mas ok) e Call of Duty: World at War – esperava com certa ansiedade rever o maior conflito armado da história.
A gente encarna o soldado Ronald “Red” Daniels e seu esquadrão no avanço dos aliados dentro da Europa para caçar Hitler. A trama fala sobre o companheirismo entre soldados, sobre a espera para rever a amada nos Estados Unidos, as lembranças e lições do irmão, mas o foco maior é sobre os laços com os novos irmãos no campo de batalha. Em resumo, a história é bem regular, talvez até bem clichê, e assim como não é de toda ruim, também não acrescenta nada de novo ou traz alguma visão ou lado diferente (não dos nazistas, peloamordedeusné) relacionado ao conflito. Ok, pode ser que já tenha sido dito quase tudo da segunda guerra mundial, mas nesse ponto alguns passos adiante ou alguma abordagem diferente já fariam a diferença.
A volta dos medkits
No gameplay, a mudança mais significativa foi a volta dos medkits, deixando de lado a recuperação automática de vida na campanha – no multiplayer ela segue. Seria bastante válida essa alteração, ainda mais no sentido de adicionar uma dificuldade, se não fosse o excesso de medkits. Em praticamente nenhum momento da campanha você se sente “apertado” pela falta de kits, e caso isso aconteça, um companheiro do esquadrão lhe alcança duas unidades e em outros casos não faltarão drops de kits quando houverem bastante inimigos.
Ainda sobre a jogabilidade, agora seu esquadrão fornece ajuda ao longo das fases. Zussman traz os kits médicos, Pierson encontra os inimigos e dá foco temporário para qualquer arma, Turner fornece munição para as armas primárias e secundárias, Stiles recarrega as granadas e Aiello dá uma granada de fumaça para usar o morteiro.
Mas um ponto que é praticamente uma unanimidade é a beleza gráfica do game, em todos os aspectos o visual está muito bonito e muito detalhado, em objetos do cenário e nos detalhes das armas. Em comparações, claramente a versão de PC leva vantagem, mas nos consoles (foi usado PS4 para essa análise) também está muito bonito. A reconstrução histórica dos locais, as luzes da ambientação e as primorosas CGs entre uma fase e outra.
Aqui um breve parêntese pessoal: apenas estranhei um pouco o desembarque no dia D, achei que a parte da praia ficou um pouco fora de escala, que faltou gente e confusão ali no comecinho. Eu sei que pode ser uma impressão minha, ou até pelo fato de ser o breve tutorial, ou até ser que a revisitada de O Resgate do Soldado Ryan ainda esteja muita fresca na cabeça, mas eu só consigo achar esse ponto fora da curva na campanha, porque no geral ela está muito bacana.
Sim, jogadores experientes poderão terminá-la em cerca de seis ou oito horas, mas existe uma boa variedade de momentos, mesmo que alguns muito curtos como a parte dos aviões na batalha do Bulge ou a perseguição ao trem armado na missão S.O.E. Também temos algumas missões stealth como em Liberation, onde você vira uma espiã da resistência francesa em uma Paris dominada pelos nazistas. Caso você estrague e resolva sair do modo furtivo e ir para o modo Rambo, não tem problema, é só eliminar todos os inimigos alertados.
Área social: HeadQuarters
No quesito social, uma das grandes mudanças – bem, mas bem inspirada em Destiny – é o quartel general, um hub com estande de tiro para treinar e testar armas, NPCs com contratos diários e semanais, um mensageiro, uma torre para testar scorestreaks, loja para armas e colecionáveis, um cinema para ver documentários e assistir partidas ao vivo e até uma área de recreação com clássicos de Atari, enfim, um lugar bastante parecido com as áreas sociais de Destiny.
A cada 4 horas você recebe seu salário no mensageiro, alguns pontos para gastar com cartas colecionáveis e outros itens cosméticos, mas para fazer a diferença mesmo é só com progresso e melhorando os stats no multiplayer.
Até o fechamento dessa análise, os servidores do hub ainda não estavam consertados, já que no lançamento houveram alguns problemas técnicos e a Activision desativou até que tudo esteja estabilizado. Isso não afetou os modos multiplayer (exceto o 1V1), mas os jogadores ficaram sozinhos no QG. Contudo, isso deve ser uma questão de ajuste e muito em breve deve ser arrumada.
Modo War no MP e Zombie Nazis
No multiplayer, a boa nova ficou com o modo War, bem similar ao Rush e Operations de Battlefield. Um time ataca e outro time defende um local/objetivo com quatro chances de parar o ataque ou conquistar o objetivo. Aliás, esse modo é bem convidativo para quem não é muito fã de multiplayer, já que é a partida mais próxima de uma fase da campanha.
Você poderá escolher entre cinco divisões, cada uma com suas características e progressões específicas: Airbone, Infantry, Armored, Mountain e Expeditionary. Eu optei jogar mais com a Airbone e no level 21 você já consegue progredir consideravelmente armas e os atributos da divisão, o que mostra uma progressão bem justa. Ah, e claro que você pode usar qualquer arma em qualquer divisão, adaptando melhor ao seu estilo.
A edição do modo zumbi de WWII traz sua usual diversão com o Final Reich, perfeito para jogar com amigos e vai garantir algumas horas de gameplay a mais, além de easter eggs e alguns segredos esperando para serem desvendados. Agora temos quatro classes bem definidas para exterminar as ondas: offense, control, support e medic. Novamente temos vozes e aparências de gente bastante famosa, como David Tennant (Doutor Who), Katheryn Winnick (a Lagertha de Vikings), Ving Rhames (Pulp Fiction, 1994) e o alemão Udo Kier (Melancolia, 2011).
Os quatro pacotes de expansão já foram anunciados e o primeiro, The Resistence, sai no dia 30 de janeiro. Quem sabe, além dos mapas para multiplayer e conteúdos para o modo zumbis, role mais algumas missões de campanha para a alegria geral e agradar de todos os lados.
Veredito
No final das contas, o retorno à segunda guerra mundial fez muito bem a franquia. Um jogo muito bonito, um multiplayer sólido e com novidades, modo zombies bacana como sempre e com uma campanha relativamente curta, mas bastante interessante, WWII poderia ser melhor se tivesse inovado alguma coisa nova, fosse na história ou em algum elemento de jogabilidade, mas alcança com sobra o objetivo de ser um grande jogo de guerra e um grande FPS. E novamente, para quem estava órfão de Band of Brothers e outras obras com a temática, destrinchar WWII é praticamente um dever.
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OBS: a Activision anunciou que os servidores dedicados voltaram a ativa em todas as plataformas e que adiou a instauração das microtransações para o dia 21 de novembro. A empresa afirma que está ouvindo o feedback dos jogadores e não vai descansar até que esteja tudo ok.