Poucos anos foram tão marcantes para mim quanto 2019. Algumas das franquias que mais gosto voltaram com força, como foi o caso de Devil May Cry V e do polêmico (e surpreendente) Pokémon Sword & Shield.
2019 foi uma verdadeira montanha-russa de emoções com Resident Evil 2 chutando a porta no início do ano, Sekiro: Shadows Die Twice chegando com força – e arrematando o GOTY em dezembro -, o flop gigantesco do Stadia, o anúncio de um novo Xbox e uma Nintendo liderando em vendas com força, deixando a concorrência comendo poeira e bombardeando seus fãs com exclusivos poderosos, como Fire Emblem: Three Houses e Super Mario Maker 2.
Além da experiência com os games em si, tive a oportunidade de cobrir a E3 pela primeira vez, presencialmente. Mesmo sem a presença da Sony achei a edição bem interessante. Foram grandes anúncios, estandes muito bonitos e, para mim, foi uma experiência totalmente “breathtaking”.
Seja como for, 2019 foi realmente incrível. E, seguindo a tradição aqui no Jogazera, listamos os melhores jogos do ano. Aqui vai a minha seleção:
Tetris 99
Em 2018 os gamers abraçaram a piada que clamava para que o estilo Battle Royale, que se tornou um fenômeno incontestável, fosse implementado em absolutamente todos os jogos. E parece que a Nintendo escutou essa galera!
Tetris 99 é um battle royale (!) com 99 jogadores disputando simultaneamente o clássico game criado por Alexey Pajitnov, em 1984. Com visual repaginado e uma ou outra função nova, o título, exclusivo de Nintendo Switch é, para mim, a experiência definitiva do clássico.
Eu tenho uma relação muito forte com Tetris. Tive o cartucho no meu antigo Game Boy e, muito antes disso, dedicava horas da minha infância aos mini-games. Mas nenhuma versão preencheu mais o meu tempo quanto o 99. Foi um dos jogos que eu mais joguei esse ano, entre uma jogatina e outra abrir Tetris 99 se tornou quase que um ritual.
Devil May Cry V
Devil May Cry marcou demais a minha adolescência. Principalmente o terceiro título que, para mim, ocupava o posto de melhor game da franquia.
Ao menos até eu testar o quinto.
Para aqueles que acharam que o hack n’ slash estava morto e que o único caminho possível, para certas franquias, seria se reinventar, tal como God of War, Devil May Cry V provou que todos estavam errados. Neste capítulo, temos Dante, Nero e V como protagonistas de uma trama super clichê mas que funciona como uma clássica receita de bolo da vovó – como um bom Devil May Cry deve ser.
Seguindo os moldes dos clássicos, DMCV se aproveita bem da RE Engine da Capcom, entregando o mais belo jogo da franquia – e com Nico, a mais bela coadjuvante de 2019! Além da mecânica interessantíssima dos devil breakers, que parece abrir um caminho para Nero voltar a brilhar no futuro – e vale frisar: poder usar o devil breaker que simula o canhão do Megaman é sensacional!
Em suma, é um retorno digno da franquia, com personagens super carismáticos, uma trilha sonora de tirar o fôlego e podendo, facilmente, ser considerado o melhor game de Dante e companhia. Imperdível.
Pokémon Sword & Shield
A tão aguardada estréia de Pokémon, com sua franquia principal, no Nintendo Switch foi coberta de polêmicas e confusões. Algumas exageradas e outras que até faziam sentido.
Mas o fato é que os games foram uma surpresa para os pessimistas.
Sword & Shield superam sem muitos problemas a, super criticada, ausência da National Dex, os Pokémon que ficaram de fora da nova região de Galar e até mesmo os gráficos polêmicos – que foram comparados a jogos dos anos 90.
O novo capítulo da franquia entrega uma experiência Pokémon completa, com monstrinhos criativos, uma trilha sonora que faz jus ao passado e um surpreendente desprendimento a nostalgia, que é presente em doses menores e suficientes. Tudo o que veio de novo é interessante, das formas gigantescas dos Pokémon até as emocionantes e belíssimas batalhas de ginásio. E, para coroar, a Wild Área fecha com chave do ouro a nova geração, colocando os treinadores em um (quase) mundo aberto, com Pokémon em tamanho real e funções multiplayer.
Podemos esperar grandes coisas de Pokémon no futuro. E Sword & Shield são a porta de entrada para esse futuro (possivelmente) brilhante.
Zelda Link’s Awakening
Poucas franquias tem o poder de encantar tanto as pessoas quanto The Legend of Zelda. E, desta vez, a Nintendo decidiu reascender a nostalgia em uma versão moderna do clássico do Game Boy: Link’s Awakening.
Experimentei pela primeira vez o título durante a E3 e tive certeza que este seria um jogo extremamente competente. Na geração dos remakes e remasters, ter um Zelda no grupo de “clássicos que voltaram” poderia ser uma tarefa árdua – ignorando Twilight Princess e Wind Waker HD, que foram apenas remasterizados.
Mas a Nintendo acertou em cheio.
Com uma direção de arte extraordinária, o remake de Link’s Awakening funciona muito bem no Nintendo Switch, colocando o jogador no papel de um pequenino Link, que mais parece um brinquedo. Aliás, tudo nesta reimaginação do clássico parece ser feito a mão, como se estivéssemos brincando em um imenso e vívido diorama.
Em meio a personagens carismáticos, referências e uma fidelidade incrível a obra original, ainda contamos com um trabalho impressionante na trilha sonora, que recria com precisão as melodias clássicas do título, substituindo a trilha 8-bits original por instrumentos delicados que compõe a atmosfera do game com maestria.
Apesar de um ou outro probleminha técnico, a renovada aventura de Link merece um lugar nos destaques de 2019.
Card of Darkness
Talvez esta seja a grande surpresa de 2019, para mim. Card of Darkness é um game mobile que integra o curioso catálogo do Apple Arcade – o serviço de games da Apple, que segue moldes parecidos com o Microsoft Game Pass. O game, exclusivo do iOS, é uma criação da dupla Zach Gage e Pendleton Ward, este segundo que é mais conhecido pela sua brilhante criação: o desenho animado Adventure Time.
Em Card of Darkness você assume o papel de um protagonista improvável – e que parece não acreditar nesta alcunha. O game é uma mistura de Card Game, RPG e jogos de estratégia, apresentando uma jogabilidade que explode a mente do jogador fase-a-fase, forçando você a pensar e repensar muito bem cada passo tomado. Tudo isso somado a um bom humor incrível, gráficos divertidos e uma trilha sonora que me lembra bastante o adorável The Swords of Ditto.
Apesar de ter uma interessante progressão, através de compras de habilidades, que ajudam a diversificar a jogabilidade, Card of Darkness é um jogo simples e que combina muito bem com a plataforma mobile. Mesmo com puzzles super desafiadores, você pode tranquilamente sacar o seu celular do bolso, enquanto está em uma sala de espera e passar uma ou duas fases sem problemas. Se tiver mais tempo, pode estudar melhor o seu arsenal de habilidades e itens para retornar naquela fase difícil ou mesmo enfrentar o chefão do mundo em que se encontra.
Certamente Card of Darkness foi uma surpresa e tanto, ainda mais para mim que já havia assinado o Apple Arcade anteriormente e só voltei a utilizar o serviço para testar um outro game – que eu sequer curti.
___
Como eu disse, 2019 foi um ano cheio de grandes momentos. Surpresas agradáveis e algumas nem tanto assim. Mas, no geral, foram 12 meses de muitas novidades.
O fim da década abre o caminho para uma nova geração de consoles que está para nascer e um novo ano que já promete demais, com grandes jogos como Cyberpunk 2077, The Last of Us 2, Animal Crossing e Final Fantasy VII – todos com data marcada e prontos para preencher nossos corações e, principalmente, nosso tempo.
Até lá, tentarei diminuir o backlog.
Ou não.
Boas festas, bons games e até 2020.