Siege não é um jogo tão frenético quanto parece. Ao invés de ter a pegada insana de Team Fortress ou a loucura que é o novo Unreal Tournment, o novo Rainbow Six: Siege prefere enveredar mais para o lado de Insurgency, com seu gameflow tático e cuidadoso.
O jogo traz uma boa quantidade de gadgets e formas de interagir com o cenário de um jeito que torna as partidas completamente imprevisíveis. Pra organizar toda essa maçaroca de ferramentas e possibilidades, RBS divide o time por grupos de operações especiais internacionais, cada qual com sete versões ofensivas e sete defensivas.
No closed beta, estiveram disponíveis dois modos:
- Terrorist Hunt
Modo onde 5 jogadores (ou só você como “lone wolf“) fazem a varredura em um mapa matando todos os inimigos controlados por inteligência artificial disponíveis no estágio. Pode ser jogado no normal, hard e no realistic, onde os bots tem uma mira 100% precisa e o dobro de dano. Tentei jogar nessa dificuldade só pra ver como era. Foi a primeira e a última vez na minha vida.
Como o interessante mesmo é jogar contra humanos, Terrorist Hunt é amplamente usado como plataforma de treino no jogo. (E é bem importante você verificar SEMPRE equipamentos e classes novas pra saber como funcionam as novas mecânicas).
- Multiplayer
Dois times de cinco jogadores se degladiam pela obtenção de seus objetivos. Sempre há um time atacante que antes da partida começar envia drones terrestres para investigar o local, marcando inimigos visíveis e procurando a famigerada bomba/pacote bioquímico que está escondida em algum ponto do mapa. Caso os atacantes consigam ver o objetivo, todo o time já se prepara para invadir, destruindo barricadas e atentando para inúmeras armadilhas do outro time. Sua missão agora é instalar um dispositivo que desarme a bomba e pronto, a partida acaba e os atacantes ganham. Como você já deve ter imaginado, obviamente o time que obliterar o time adversário por completo também ganha.
Do outro lado os defensores tem o papel que assegurar que o pacote esteja seguro e pra isso fazem o que podem: enchem portas e janelas de barricadas de madeira, erguem cercas de ferro que podem ser eletrificadas, jogam arame farpado (que também pode ser eletrificado, causando dano) e colocam quantas C4 podem. Enquanto o jogo não começa os defensores tem de atentar para os drones atacantes que estão querendo achar o pacote, os destruindo sempre que podem. Caso os atacantes não encontrem a bomba, os defensores ganham um bônus de pontos, além da vantagem natural de ter um tempo extra por estarem bem escondidos. Se o tempo acabar e a bomba não for neutralizada os defensores vencem.
E sempre no final de qualquer partida, independente de quem vença, a próxima será com os times invertidos, atacantes viram defensores e vice versa. Isso obriga o jogador ser tão bom atacante quanto defensor, naturalmente conhecendo todas as mecânicas que o jogo apresenta, se não para usá-las mas para counterá-las.
Poucos mapas e poucos modos estavam disponíveis no closed beta, mas hey, é por isso que se chama beta, certo?
Tá valendo a pena?
Siege diverte sendo paradoxalmente complexo e acessível. Você não precisa de mais de 10 partidas pra entender como tudo funciona, mas assim como a maioria dos jogos multiplayer, para dominar a parada é necessário treino ostensivo. Os cenários destrutíveis são um show a parte e influenciam no fato dos defensores nunca saberem por onde os inimigos vão chegar, o que eleva a tensão no começo das partidas a níveis estratosféricos. Vi os colegas da PC Gamer comentando a possibilidade de Siege ameaçar a coroa de CS:GO como FPS competitivo mais relevante. Sinceramente? Eu achei Siege mais interessante que Counter Strike. É muito mais técnico e no meio de tanta coisa pra fazer, mirar e atirar (100% de CS) é só 50% de uma partida de Rainbow Six: Siege. Outro destaque gigante são as outras formas de jogar que possuem alta relevância: controlar os drones demanda uma técnica adicional. É muito divertido usá-los e saber como fazê-lo bem os torna uma ferramenta extremamente poderosa. Por outro lado, as câmeras no mapa e a marcação dos inimigos já coloca outra camada de jogabilidade junto com o FPS e o uso dos drones. A marcação de inimigos pros aliados consegue virar o jogo com frequência e como defensor você pode fazê-lo até depois de morto. Quer dizer, desde antes da partida começar (com os drones) até depois de morto (marcando inimigos para os aliados pelas câmeras) você sempre tá na partida, contribuindo para a vitória da equipe. Foi uma sacada realmente louvável da Ubisoft montar o jogo nesse formato.
Mas nem tudo são flores…
Como pode ser visto nesse vídeo, o jogo sofreu um downgrade gráfico brutal da metade do ano passado pra cá. E sinceramente falar que isso é um gameplay do alfa me deixa com a pulga atrás da orelha. Os movimentos nesse vídeo são muito mais suaves e o uso de helicópteros de forma cinematográfica me deixou a impressão que isso é só CG. O jogo que passei dias a fio debulhando entre frequentes quedas da Uplay é muito mais feio, quadrado e rígido.
Ao mesmo tempo que consegue casar tanta jogabilidade e equipamentos de uma forma fluida e que funciona bem, alguns aspectos de Siege são deveras problemáticos. Os escudos dos atacantes (Montagne, Fuze e Blitz) são indestrutíveis, o que é ridículo. A única forma que consegui dar counter neles foi jogando uma C4, mas pra dar certo você tem que jogar na hora certa, SE tiver C4 e ainda acertar no lugar exato (o que é bem difícil), esperar a bomba chegar e ativá-la. Antes de alcançar a segunda etapa desse counter você já leva 7 tiros na cabeça. Escudos são completamente roubados no jogo e no closed beta foram odiados por todos. Não bastasse ter três operadores com escudos no time dos atacantes, ao meu ver os defensores não possuem um operador que realmente se destaque como gamechanger. O Mute chega perto, mas é facilmente counterado pela capacidade dos drones de pular. Pronto, o único que realmente tem um impacto é inutilizado fácil assim. Além disso mais dois operadores defensores beiram a inutilidade. O jogo está severamente desbalanceado e isso irrita pra caralho.
E sim, falei palavrão porque isso irrita de verdade.
Outro grande problema do Siege é a sua intrínseca necessidade de comunicação com todo time. É IMPOSSÍVEL ganhar se todo o time não souber exatamente o que tem de fazer e trocar ideia o tempo todo pra armar estratégias e anunciar jogadas. Ou convença quatro amigos pra jogar com você, ou aprenda a falar inglês até dezembro pra jogar com os gringos gente boa ou mantenha-se longe de Rainbow Six: Siege (ou não seja tão estressado com noobs como eu, é sempre bom também 😀 ).
Mesmo com esses aspectos negativos, Rainbow Six ainda se mostra um jogo que vale a pena acompanhar para ver como ele melhora até o lançamento. São vários problemas, mas também são várias ideias boas num jogo só, o que faz ele merecer atenção. Minha dica? Segure seu décimo terceiro e veja como o jogo se desenvolve. Caso as falhas graves sejam removidas e o jogo for seriamente balanceado se tornará em um automático must have. Como o que eu joguei se trata de um closed beta é bem provável que a Ubi já sacou esses problemas mais graves e já deve estar trabalhando em cima desses problemas.
Pelo menos assim espero.
Enquanto isso não acontece, clique aqui e veja a palhaçada que foi o Jogazera se aventurando no jogo na live de semana passada.
Rainbow Six: Siege estará disponível dia 1 de dezembro de 2015, para PlayStation 4, Xbox One e PC.