Com quase duas décadas nas costas, Anno é definitivamente uma série RTS respeitável. Cobrindo um período histórico que vai desde 1404, o novo capítulo da franquia ultrapassa o limite de “futuro não tão distante” de seu título anterior e mergulha de cabeça em sua pegada sci-fi capitalista utópica.
Em Anno 2205 você gerencia uma corporação multi-planetária, com a objetivo de se alastrar pelo universo obtendo o máximo de recursos para sua empresa e, obviamente, lucrando bastante com isso.
O grande diferencial da série Anno e o que lhe distancia de clássicos RTS como Age of Empires e StarCraft é que o foco está longe dos conflitos militares. Antes de qualquer coisa você tem de gerir uma colônia extrativista e pra isso tem de atrair trabalhadores que são exigentes e demandam vários recursos sofisticados – como bebidas vitamínicas e cosméticos rejuvenescedores – e é sua obrigação provê-los. Além disso, como reza o capitalismo, uma boa dose de livre concorrência estará presente, com outras corporações interessadas em vários territórios no planeta, o que te faz pensar em estratégias para desbancar seus competidores ou formar alianças de proveito mútuo.
Isso não quer dizer que o controle por meio da destruição está descartado.
Na história do jogo (sim! RTS com enredo!) a lua que havia sido colonizada se rebelou e proclamou-se independente, levantando a organização conhecida como Orbital Watch. Sua conduta é agressiva e frequentemente conseguem te atingir, não havendo nenhuma resolução diplomática como opção. Malditos anarquistas!
Esmague-os com o poder da LIBERDADE ECONÔMICA!
O tipo de combate escolhido por Anno 2205 pode pecar um pouco pela sua simplicidade, não há tantas maneiras de interagir e configurar suas unidades, mas ao mesmo tempo isso faz com que os combates sejam descomplicados e dependam mais de raciocínio rápido do que demoradas estratégias a longo prazo, como na série Civilization.
E o combate não foi a única coisa a ser simplificada. Todo o jogo em si demonstra uma grande preocupação da Blue Byte Software em entregar ao jogador uma experiência extremamente fluida, com uma interface bonita, mas objetiva e hotkeys intuitivas nos botões do mouse.
PC Gamers agradecem de coração essa preocupação, BBS.
Tudo isso é posto de forma fluida por um motivo: você vai ter muito mais complicação em gerenciar e fazer isso tudo funcionar.
Pela primeira vez em toda série quem joga terá a possibilidade de gerenciar vários territórios simultaneamente. Ao mesmo tempo que isso é ótimo para as finanças – afinal, mais locais para minerar e obter lucro – também é um belo empecilho pra logística, e eis ai onde o jogo aplica uma boa dose de complicação pra quem tava achando o jogo simples demais. Gerenciar mais de um território significa que você tem muito mais problemáticas pra resolver de uma vez só; cada região precisa de cuidados específicos, tem recursos únicos – só no ártico existem peixes, por exemplo – além disso, quanto mais você expande sua corporação, mais concorrentes tem de ser postos pra fora da colonização e mais os caras da Orbital Watch encherão teu saco. E você ainda tem de manter um fluxo de caixa positivo, aye?
Tá valendo a pena jogar?
Definitivamente sim! Por mais que eu seja um apaixonado por jogos de estratégia em tempo real há muito não tinha visto ideias novas no gênero e tinha me afastado do mesmo. Não conhecia a série Anno, mas foi ótimo cair justo em seu capítulo mais moderno, que aparenta ser o mais ‘enxuto’ e o mais prático da franquia, podendo satisfazer os filthy casuals em suas dificuldades mais leves e alimentar os monstros da gestão de recursos nos últimos níveis. O jogo tem tudo o que um RTS moderno deve ter: uma trilha sonora que preenche bem as horas a fio de planejamento, uma direção de arte bem trabalhada, mecânicas fáceis de aprender (mas complicadas de dominar) e, claro, toneladas de coisas pra construir, expandir e subjugar com o doce poder do capital!
Anno 2205 é um exclusivo para PC lançado hoje, e pode ser comprado no Uplay e no Steam.