Jogos remasterizados: o novo “raio gourmetizador” da indústria de games

Se já comentamos a respeito dos games cross-gen outrora, desta vez os alvos são as remasterizações de jogos.

Lá em 2009, a Sony presenteava seus fãs gamers com um anúncio muito bem recebido e um tanto quanto inesperado: God of War e God of War II, ambos lançados originalmente para PS2, seriam relançados para o PS3 em alta definição. Na época, remasterizações não eram abundantes como hoje em dia. Na verdade, a saga de Kratos foi a primeira a receber tal tratamento.

Desnecessário dizer sobre o sucesso que a ideia teve, não é mesmo? Pois bem, foi uma ótima iniciativa reviver este e outros clássicos do PS2, como Final Fantasy X, Metal Gear Solid 3, enfim. Eu mesmo adquiri algumas remasterizações, e é muito bom poder jogar Snake Eater meu jogo favorito, diga-se de passagem — em HD. Resident Evil CODE: Veronica foi refeito na engine moderna da Capcom, e recebeu algumas melhorias, como efeitos de iluminação novos, e isso ficou muito legal. Esses lançamentos nos permitiam entrar de volta em contato com games que não tocávamos há tempos (ou não tivemos a oportunidade de jogar na época), com uma evolução de resolução imensa, o que permitiu-nos visualizar a verdadeira beleza de Shadow of the Colossus ou God of War, que não podia ser totalmente apreciada em nossas televisões “tubão”.

Todavia, o mercado de remasterizações já está mostrando sinais de cansaço, pois está saturado. Atualmente, poucas versões em “alta definição” são justificáveis, como eram anteriormente. Essa parcela de lançamento de jogos chegou a um nível absurdo, por abrangir muitos títulos da geração passada, que, bem… Já eram games que apresentavam gráficos em alta definição.

Such graphics. Many evolution. Wow.
Enquanto você adivinhava qual é a versão de PS3 e qual é a de PS4, uma nova remasterização foi anunciada.

É claro, como mencionei, existem pessoas que não usufruíram da grandiosidade de alguns jogos por falta de oportunidade, e o farão agora. Grand Theft Auto V trouxe bastante novidades em relação ao lançamento original, e jogá-lo no PS4 ou Xbox One certamente deve ter sido uma experiência incrível — há quem diga que as novas adições tornaram-no quase um jogo novo. Mas nessa história há mais contras do que prós.

O fato é: The Last of Us, Dark Souls II, Tomb Raider e muitos outros passaram a receber “remasterizações” (ênfase nas aspas) para os consoles atuais, e conseguiram ficar ainda mais bonitos, mas era realmente necessário? A questão disponibilidade poderia ser resolvida de uma maneira mais amigável: retrocompatibilidade. A capacidade de aproveitar seus jogos da geração passada — comprados com o seu suado dinheiro — em um novo hardware sempre foi um quê a mais de suma importância pra mim em um console. A retrocompatibilidade perdeu seu lugar para uma geração remaster. Uma geração cheia de games relançados que adoramos (ou não) rejogar por serem muito bons, mas não queremos comprá-los novamente, ainda mais depois de termos jogado há tão pouco tempo. Entretanto, parece que jamais veremos tal função novamente nos videogames (exceto nos consoles da Nintendo. Continue assim, Nintendo <3).

The Last of Us Remastered? Imagino que a obra de arte da Naughty Dog tenha ficado ainda mais incrível a 60fps e 1080p, e eu quero testá-lo sim, mas… eu já o tenho no PS3, e nem faz tanto tempo assim que joguei-o. Só comprarei tal remasterização caso eu a encontre por um preço bom.

Além disso, para difamar ainda mais a imagem desta geração de consoles, os lançamentos exclusivos da nova geração por vezes apresentam notáveis problemas técnicos. Sejam eles por falta de conhecimento do novo hardware, pressa para lançar o game, ou pela tentativa de fazer algo ambicioso demais e falhar. Mas enfim, não vamos fugir muito do ponto do texto.

Sempre que comentei sobre tal assunto, fui recebido com comentários do tipo “Mas não quer dizer que só por existirem remasterizações, vão deixar de produzir títulos originais!”, e é uma meia verdade. Meia.

Querendo ou não, por mais que uma remasterização custe bem menos, ainda é um gasto de recursos (e tempo) das equipes de desenvolvimento, que poderia ser direcionado ao planejamento e desenvolvimento de um novo jogo.

Além do mais, é verídico que títulos exclusivos das novas plataformas estão em produção, mas só começaram a vir em peso neste ano, 2015. E só pra lembrar: já tem mais de um ano que o PS4 e XOne estão no mercado. Então do que os consumidores viveram nesse meio tempo? Disso aí, olha só que bacana:

Em meio aos títulos mais aclamados no Metacritic, encontramos apenas remasterizações e títulos cross-gen. Nenhum deles é exclusivo da nova geração de consoles. Sério, nenhum. Não sei vocês, mas eu acho isso um pouco preocupante.

Felizmente, parece que este será o ano que o PS4 e o Xbox One sairão das sombras de seus antecessores e finalmente terão suas identidades — porém, tenho certeza que as remasterizações e títulos cross-gen ainda marcarão presença por algum tempo ainda. Apesar disso, espero presenciar uma geração que surpreenda-nos com games que apresentem visuais e narrativas incríveis, e conceitos inovadores. Uma geração nova.


E você, o que acha dessas remasterizações? Pode ser uma chance para quem ainda não jogou, mas como fica o consumidor que já possui os games da geração passada? Opine nos comentários, e não se esqueça de responder à enquete abaixo.