O portal PC Gamer em parceria com a AMD realizaram anteontem (16), pela primeira vez, uma conferência totalmente focada no fenômeno pc gaming. Didaticamente intitulado “PC Gaming Show”, a apresentação contou com desenvolvedores totalmente devotos à plataforma e até mesmo a visita de Phil Spencer, chefe da divisão Xbox na Microsoft, se lamentando pelo fato da MS ter perdido seu foco no PC nos últimos anos.
E3 vem, E3 vai, e eu tenho certeza que não foram poucos aqueles que esperava o nome “Valve” aparecer em alguma conferência. Afinal, a esperança é a última que morre, né? Acontece que, essa “lenda” está começando a se tornar um fardo muito mais pesado do que se pensava antes. Half-Life carrega um legado tão importante na história dos videogames que é até meio difícil encaixá-lo em algum tipo de categoria.
As expectativas sobre a Valve mostrar alguma coisa depois de tanto tempo só fomentaram ainda mais depois de vermos The Last Guardian vivo novamente, remake de Final Fantasy VII finalmente sair do papel e Shenmue 3 ser lançado com uma campanha do Kickstarter; teria sido a E3 dos milagres? E novamente, mesmo que ninguém tivesse dito uma palavra, todos os olhares e especulações bombardearam a empresa de Gabe Newell.
E é nesse ponto crítico – praticamente o “zero absoluto” – da franquia, após oito anos sem qualquer notícia sobre uma provável sequência, que começam os questionamentos sobre sua tão desejável existência. Eu já dissertei sobre isso especificamente nesse outro artigo, caso você queira dar uma olhada. O outro lado da moeda que eu trago aqui é: até que ponto essa imortalidade traz algum bem pra essa empresa? Half-Life 2 tornou-se em parte conhecido devido aos escândalos de vazamento e dificuldades de produção, mas nem isso foi, de longe, o suficiente pra tirar o brilhantismo da obra.
Ainda durante a E3, uma prévia que antecedeu a demo mostrada na conferência da Sony – à portas fechadas – de The Last Guadian foi exibida para alguns membros da imprensa, e um dos redatores da IGN Brasil descreveu a experiência: “(…) O problema é que estou seis anos esperando para saber mais fatos concretos sobre um game que atraiu meu interesse. E agora, após uma grande revelação e uma sessão à portas fechadas com os produtores… eu continuo esperando.” E me fez pensar: é isso que eu quero para Half-Life 3?
Gabriel Roldan, amigo e editor também aqui do site, fez um artigo interessantíssimo sobre o motivo da existência de tantos jogos “genéricos” hoje em dia, no qual você não precisa aprender a jogar de fato, se passando a mesma sensação de que você já viu aquilo ali repetidas vezes. Não quero dizer que isso vá – talvez – acontecer com HL3, mas é inegável que estamos passando por uma transformação na maneira de jogar, fazer e pensar no game design de jogos atuais.
O que a Valve terá que fazer para superar esse fardo? O que Half-Life 3 vai ter que cumprir para se tornar o jogo dos sonhos que eu ou você está esperando? É um peso tão imenso nas costas que Atlas certamente ficaria com inveja. De qualquer maneira, mesmo que o formato episódico que a franquia adotou nos últimos dois títulos tenha sido para puxar uma graninha a mais, no fundo eu ainda espero um não só um jogo singular, mas sim uma experiência singular.
O pulso ainda pulsa, e eu sei que ainda não estou pronto para desistir de Half-Life. Esse mesmo jogo que, pelo seu nome, está se tornando um fenômeno metafísico dos jogos, a utopia da indústria a quem nela trabalha e habita.