A demo de Cyberpunk 2077 levada à Gamescom desse ano é quase idêntica à mostrada na E3 dois meses atrás, mas apresenta algumas mudanças importantes. Em primeiro lugar, a demo introduz uma nova arma, uma katana capaz de emitir um campo magnético que desvia balas vindo em sua direção e, além disso, também mostra as telas de seleção de personagens do jogo. Os jogadores poderão escolher o gênero, aparência e história de fundo de seu personagem desde o início, preenchendo detalhes sobre eventos traumáticos em seu passado e outros detalhes pessoais.
Há ainda a cena final da nova demo, que mostra Night City durante a noite – algo que a CD Projekt Red evitou até agora. O trailer da E3 2018 para Cyberpunk 2077 foi o primeiro contato visual que os fãs tiveram com Night City e os desenvolvedores escolheram revelá-la durante o dia, banhada pelo sol. Uma cidade de concreto, metal e telas piscantes se movimentando sob um céu azul brilhante. “É a Califórnia, logo…”, o produtor Richard Borzymowski explicou com um encolher de ombros e uma risada, sentado no estande da CD Projekt Red na Gamescom logo após uma demonstração do jogo.
Depois que o trailer da E3 saiu, alguns fãs mais radicais postaram centenas de mensagens no Twitter para reclamar sobre a quantidade de luz do dia no trailer. Até mesmo o autor clássico do gênero cyberpunk, William Gibson, juntou-se às críticas, chamando o jogo de “GTA encoberto por um futuro retrô genérico dos anos 80”. Outros defenderam a visão iluminada de Night City, dizendo que era um alívio ver o cyberpunk sob uma nova luz.
“Nós sabíamos como criar belas paisagens noturnas em Night City”, disse Borzymowski. “Mas ao criar Cyberpunk como um jogo de mundo aberto com um ciclo diurno e noturno, sabíamos que teríamos que construir Night City de uma forma que parecesse legal à luz do dia também. Esse foi um desafio maior para nós do que a noite, e nós apenas optamos por seguir esse caminho e fazer um trailer à luz do dia, o que nos motivou a ir mais longe”.
O trailer da Gamescom termina com uma nova visão de Night City. Sob um céu escuro, um horizonte denso e imponente é iluminado por mil placas de neon no tradicional estilo Blade Runner.
O ponto, para CD Projekt Red, é demonstrar o perigo sempre presente de Night City (e mostrar o ciclo dia-noite do jogo). É uma sociedade distópica no fictício estado livre da Califórnia do Norte, onde megaempresas basicamente substituíram todos os serviços do governo e eliminaram a classe média no processo. A pobreza e o crime são difundidos, independentemente de o sol estar brilhando.
Essa é uma premissa clássica do cyberpunk, oferecendo uma visão do futuro que fala sobre os perigos do capitalismo e do lucro incontroláveis. “A parte punk do cyberpunk não é apenas sexo, drogas e rock and roll, ou qualquer outra coisa”, disse Borzymowski. “Também é uma luta contra o sistema”.
Essa é uma maneira pela qual Cyberpunk 2077 permanece fiel às raízes de seu gênero, mas não é toda a história. Embora você jogue como um mercenário lutando contra The Man, o objetivo final não é destruir o mundo como você o conhece. “Queremos sempre mantê-lo pessoal”, disse Borzymowski. “Não queremos contar uma história sobre o resgate do mundo. Não queremos basicamente destruir o sistema (…). Não é apenas mais uma parte nesse clichê da indústria do cyberpunk.”
A CD Projekt Red pode não estar subvertendo o cyberpunk como um gênero, mas está ao menos tentando apresentar algumas de suas ideias clássicas de uma maneira nova. Cyberpunk 2077 apresenta alguns elementos que são emblemáticos em relação às expectativas e previsões do estúdio para o futuro. Por exemplo, os jogadores podem escolher o gênero e a aparência de seus personagens, e a demo da Gamescom inicia o jogo com um protagonista masculino. Aqui, há um sutil aceno para a inclusão: quando o personagem principal, V, acorda em seu apartamento após um assalto bem-sucedido e uma noite de festa, o acompanhante que deixa sua cama é um homem. Isso também acontece quando se joga com a protagonista feminina, então foi um toque inesperado, mas bem-vindo.
Cyberpunk 2077 está em desenvolvimento há pelo menos seis anos e sua equipe recentemente atingiu um marco importante: o jogo inteiro é jogável do começo ao fim. Ele não tem todos os elementos, testes ou correção de bugs adequados, mas ver a história como um todo é um passo crítico no processo de desenvolvimento, disse Borzymowski. “Isso lhe dá as respostas para todas as suas dúvidas”, disse ele. “É ótimo”.
—
Leia também: Sim, Cyberpunk 2077 será um RPG em primeira pessoa
Via Engadget