A ciência por trás dos fanboys

Coca-Cola ou Pepsi? Apple ou SamsungXbox ou PlayStation? PC ou consoles? Você pode escolher qualquer um, nenhuma escolha sua estará errada. Talvez você saiba disso ou talvez você esteja querendo me ameaçar de morte por ousar falar que o produto que você tanto ama não é mais importante do que aquele que você odeia.

Ah, os fanboys. Movimentando a internet (e o mundo) desde sempre. Eu não preciso te dar mais detalhes. Você sabe quem eles são, o que fazem e como fazem. Você pode até ser um fanboy de carteirinha, mas o que você provavelmente não sabia é que a ciência já descobriu o porquê de nos apegarmos a pedaços de plástico ou a marcas específicas, comandadas por pessoas que você não conhece e dificilmente conhecerá.

É verdade, você pode escolher o Xbox One pelo investimento pesado da Microsoft em serviços de entretenimento, ou o PS4 por se sair melhor nos testes de hardware até agora. O problema é que raramente vemos discussões racionais acontecerem. É mais comum encontrarmos comentários sem qualquer embasamento técnico, totalmente baseados em… nada.

É por isso que vocês brigam tanto?

O que a ciência nos mostrou é que os fanboys não querem proteger somente a marca que eles tanto amam. Eles querem se proteger. Em 2013, o Journal of Consumer Psychology fez um experimento com 200 voluntários para entender esses laços tão fortes entre pessoas e marcas. O resultado mostrou que pessoas muito apegadas a uma determinada marca sofrem problemas de autoestima quando suas marcas favoritas recebem críticas ou são julgadas de forma negativa. Elas se sentem pessoalmente atacadas e são afetadas por isso.

Outro estudo, da Universidade de Minnesota, mostrou o lado fanboy de qualquer ser humano, não somente dos “fanboys assumidos”. Quando nós compramos determinado produto, imediatamente passamos a dar mais valor a ele e menos valor a seus concorrentes. Nesse experimento, os voluntários receberam dois objetos para serem avaliados com notas de 0 a 8. Ao final da avaliação, eles poderiam escolher um dos objetos como presente e depois qualificá-los novamente. A média da nota do objeto dado como presente subiu de 6,19 para 6,45, enquanto a média do objeto concorrente caiu de 5,23 para 4,57. Mais um detalhe: esse estudo foi conduzido em 1950.

Gráfico

O Dr. David Lewis-Hodgson, diretor de pesquisa na Mindlab International, resumiu toda essa história em uma entrevista recente. Eis o que ele disse:

É como se apaixonar: você pira, pois seu cérebro é invadido por uma tsunami de neurotransmissores, conhecidos como dopamina. Os produtos podem ter exatamente o mesmo efeito em nós. Na verdade, quando analisamos o vício, descobrimos que as pessoas se viciam em produtos. Ficamos chapados de dopamina só de olhá-los ou tocá-los.

Não só somos apegados a produtos, como também somos muito apegados a dinheiro. Um console novo hoje custa por volta dos R$2.000,00, e ninguém quer aceitar que gastou tanto dinheiro no produto errado. Muitas vezes, os fanboys querem desesperadamente defender seus investimentos, e é por isso que uma pessoa que possui os dois consoles tem maior facilidade de não pagar de fanboy por aí.

Sony

Tire uma lição depois de ler tudo isso: todos nós nascemos e fomos criados fanboys de alguma coisa, uns mais, outros menos, mas está dentro de qualquer ser humano. Porém, isso não é desculpa para você ser estúpido. Participe de discussões mais racionais e que de fato podem chegar a um resultado concreto, em vez de comprar uma briga que sempre acaba com xingamentos gratuitos. Defenda os atributos do produto que você escolheu, mas não seja fanático e admita os problemas.

E só para deixar claro: Pepsi é bem melhor que Coca-Cola.