Todo mundo já teve aquele game que jogou por muito tempo pela infância. Você o conhecia até de trás pra frente e sabia as melhores estratégias (ou, no vocabulário das revistas de games, “manhas”) para detoná-lo em questão de uma tarde. Isso provavelmente acontecia pelo grande tempo disponível ou falta de dinheiro para comprar outros jogos — dois aspectos bem comuns da juventude, diga-se de passagem.
Mal sabíamos que, se aprimorarmos esse fundamento, chegamos ao conceito da speedrun. Conhecida como “run” pelos íntimos, a prática pode ser definida por terminar um jogo da forma mais rápida possível. Como é de se imaginar, para isso você terá que dominar as mecânicas do jogo e geralmente fazer uso de quaisquer elementos que ele disponha: usar o personagem que se move mais rapidamente, jogar na menor dificuldade disponível, abusar de bugs que te beneficiem, enfim. Aqueles com mais anos de carreira ainda levam a prática mais além, fazendo a speedrun de olhos vendados, ou até jogando com os dois controles de uma só vez — e, portanto, controlando o Player 1 e 2 ao mesmo tempo.
Brasileiros correndo para o bem
Na busca de dar a merecida visibilidade aos praticantes enquanto realiza uma ação nobre, o paulista Hugo Carvalho idealizou uma maratona de speedruns nacional. Os espectadores poderiam assisti-la pela internet, com a opção de doar valores que seriam então direcionados a uma instituição de caridade. Após muito tempo de planejamento, o projeto foi tomando forma: agora conhecido como Brazilians Against Time (Br.AT), o evento tem o apoio da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e conta com a carismática mascote Jade, que laceia a identidade visual da iniciativa.
A ideia de um evento de speedruns de caridade já é reproduzida no exterior desde 2011, com a Games Done Quick, que funciona de maneira similar. Por sinal, ter ido a uma das edições do evento também ajudou Hugo na hora de realizar sua visão. “Uma das metas da minha viagem para a Awesome Games Done Quick era aprender sobre a estrutura e a organização do evento. Cheguei antes, ajudei e vi todo o setup sendo executado. Trabalhei na estação de doações e entendi como eles lidam com isso, além de ter conversado bastante com os membros do staff. Estar na AGDQ me ajudou a enxergar como funciona cada peça dessa máquina e o que foi necessário para fazer um evento desse tipo” explica o organizador, que também participou como speedrunner do game Dungeons & Dragons: Shadow Over Mystara.
“Estar na AGDQ me ajudou a enxergar como funciona cada peça dessa máquina”
Portanto, a Brazilians Against Time terá um formato parecido. Com runners dos mais variados jogos — haverá Doom 2, Ocarina of Time, Super Mario Maker e muito mais —, a maratona será transmitida online e seguirá do dia 27 a 29 de maio. A fim de dar apoio à AACD, os fundos arrecadados por meio das doações feitas pelos espectadores serão direcionados à entidade humanitária.