Esta foi uma semana intensa no mundo dos games. Uma semana, eu diria… Inusitada.
Primeiro, tivemos o anúncio de que a Nintendo faria uma parceria com a DeNA – desenvolvedora mobile –, para trazer títulos da própria Nintendo aos dispositivos móveis. Como isso funcionará? Deus sabe. Mas é um pouco surpreendente ver uma empresa tão conservadora dar as caras nesse mercado, embora ela esteja apenas investindo em tendências, acredito – o que me deixa ainda mais convicto quanto ao ponto que levantei a respeito dos games e seus consumidores no Japão (se puder, recomendo que leia. É uma leitura complementar a este artigo, ainda que não trataremos da Nintendo daqui pra frente).
Ontem, tivemos outra notícia completamente inesperada: Hideo Kojima, fundador da série Metal Gear, estará de fora da Konami após Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. Diversos rumores apontavam para isso, como a remoção das menções ao Kojima e à Kojima Productions no site de MGSV. Mais tarde, a notícia viria à mídia de forma oficial: a Kojima Productions fora desmanchada e todos os seus funcionários (incluindo o próprio Kojima) tornaram-se contratados da Konami. O contrato será válido apenas até o final deste ano. Após isso, eles deixarão de ter quaisquer relações com a empresa – e com a série Metal Gear.
Saiba mais sobre o assunto:
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Mas por quê?
As justificativas oficiais apontaram que houve “disputas de poder” entre Kojima e a Konami. Suponho que o almejo de Kojima por games de alto orçamento gradativamente se tornaram um incômodo para a Konami, cujo maior lucro não é mais de games de consoles. Ou seja, o alto investimento talvez não seja mais tão válido. Essa discrepância de visões pode ter causado tal decisão.
Metal Gear morreu?
Metal Gear e Pro Evolution Soccer são os carros-chefe da empresa quando se diz respeito a videogames. Estes podem não render tanto quanto antes, mas ainda é cedo para descartá-los, tanto que a Konami já está procurando funcionários para trabalhar no futuro de Metal Gear (isso está acontecendo mais rápido do que deveria). Por hora, devemos assumir que Metal Gear Solid acabará depois do lançamento de The Phantom Pain. A franquia está nas mãos da Konami, e pelo visto, ela tem planos para continuar, já que a fanbase de MGS é imensa e muitos acabarão comprando futuros títulos simplesmente pelo nome. Mas sem o envolvimento de Kojima, eu não quero ter expectativas muito altas pelo que está por vir – veja o que aconteceu com Castlevania e Silent Hill. E por falar em Silent Hill…
Silent Hills. Que fim vai levar?
Na verdade, o projeto é uma relação contratual entre a Konami e o Guillermo Del Toro. Apesar da saída de Kojima ter – sem dúvidas – impactado o desenvolvimento, isso não quer dizer que Silent Hills tenha sido automaticamente cancelado. Veremos qual será o interesse da desenvolvedora e de Del Toro em continuar o desenvolvimento do game. Pense nisso como um caso que poderá ser similar ao de Metal Gear Rising: Revengeance, que teve um ciclo de desenvolvimento interrompido e reiniciado, ou um destino mais triste, como o de The Last Guardian, onde… mal ouvimos falar do jogo.
Confira também:
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Tá. E o Hideo Kojima?
Essa é a parte mais feliz da história, na verdade. Kojima já estava saturado de Metal Gear Solid e queria fazer outras coisas, mas estava preso à série. Talvez pelos fãs, motivos pessoais, ou – mais provavelmente –, pela própria Konami. O cara é capaz de fazer muitas outras coisas brilhantes. Basta ver o padrão de qualidade dele em outros games, como Zone of The Enders ou Boktai.
Agora é incerto para onde ele irá. Seu nome sem dúvidas é valorizado no mercado de games, e o vejo indo para a Platinum Games ou Sony… ou talvez seguindo uma carreira independente e vivendo à base de projetos de crowdfunding no Kickstarter. Mas dada a sua reputação, acredito que ele se dará bem, e particularmente, estou ansioso para os seus planos nos próximos anos.
Esse é mais um prego no caixão da indústria de games japonesa, que não está indo bem já há algum tempo. Eu não tenho dúvidas de que Kojima encontre seu caminho no mercado, mas sempre há a possibilidade dele acabar vivendo nas sombras, assim como outros gênios incompreendidos – vide Yu Suzuki, criador de Shenmue. Quanto a Metal Gear Solid, admito que talvez sua cota já tenha se encerrado (exceto pelos tão sonhados remakes dos títulos clássicos). Posso estar julgando demais a conduta da Konami, mas dada a sua imagem e a maneira que lidou com toda essa situação, eu temo pelo futuro de Metal Gear Solid.