Se você me falasse alguns anos atrás que a Sony faria um esforço monumental para trazer seus principais jogos para o PC, dificilmente acreditaria. Talvez até risse um pouquinho, porque era uma coisa totalmente inacreditável. Porém, cá estou a falar do novo lançamento para Steam e Epic Games da coleção de Uncharted, que traz o quarto jogo da franquia e o spin-off Lost Legacy, e o quanto esses jogos somam um momento incrível para quem não pôde experienciar essas obras nos videogames de mesa da Sony.
Não só a presença desses jogos soma um nível de qualidade a mais no catálogo dessas plataformas digitais no PC, como é um exemplo de otimização e portabilidade que tanto quem tem um computador pra jogar carece – não é comum ver ports feitos de maneira medíocre e sem cuidado, não trazendo o mínimo de recursos que o PC gaming tem a oferecer. A Iron Galaxy, estúdio responsável pela portabilidade dessa coletânea de Uncharted, se preocupou com todos esses requisitos e trouxe tudo o que se espera de um jogo de PC: suporte a proporções de tela ultrawide, taxa de quadros desbloqueada, suporte a variable refresh rate e mais algumas melhorias que não estavam presentes na versão de console (incluindo na mais recente do PlayStation 5).
Uma última aventura
Uma breve sinopse sobre os jogos: A Thief’s End e Lost Legacy foram os dois últimos da franquia, produzidos pela Naughty Dog e lançados primeiramente para PlayStation 4. Ambos receberam um mar de boas críticas e elogios tecidos à linho fino. A Thief’s End conta a história da última aventura de Nathan Drake em busca do tesouro do infame pirata Henry Avery a fim de salvar seu irmão Sam, que foi dado como morto por quinze anos. Sam encontra Nathan depois de todos esses anos e conta o que aconteceu com ele nessa época, relatando que sua fuga da prisão do Panamá só foi possível por um plano arquitetado durante anos por Hector Alcázar, um poderoso traficante de drogas da região. Em troca da liberdade, Sam promete a Hector que encontrará o tesouro de Avery.
Em Lost Legacy, assumimos o controle de Chloe Frazer, caçadora de tesouros e ex-interesse romântico de Drake em jogos passados. Chloe está em busca da presa de Ganesh, nas áreas montanhosas da Índia. Para ajudar no trabalho, Chloe contrata Nadine Ross, chefe de uma organização paramilitar e uma das antagonistas centrais em A Thief’s End. Como todo jogo da série precisa de um vilão principal, o de Lost Legacy é Asav, um chefe de guerra e líder de insurgentes na Índia que pretendem iniciar uma guerra civil para dominar a região. Asav pretende usar a presa de Ganesh para concluir seus objetivos e vai fazer de tudo para impedir que Chloe e Nadine obtenham o artefato primeiro.
Os personagens são fantásticos, a história se desenrola com um ótimo passo e conta com plot twists que definitivamente os jogadores não esperam. Ambos os jogos constituem um forte catálogo para a Naughty Dog e ter esses games agora para PC é um baita presente pra quem nunca jogou antes.
Pela primeira vez no PC
Sobre a experiência no PC em si (além do que já comentei antes) só tenho elogios a fazer, salvo com algumas pequenos problemas e detalhes que comentarei a seguir. Primeiro de tudo, os gráficos. Esses jogos já eram bonitos no PS4, mas no PC as coisas vão um passo além. Mesmo na minha tela full HD, ainda fiquei deslumbrado assim como na primeira vez que joguei. Porém, notei que algumas vezes quando há penumbra sobre alguns personagens, a qualidade da sombra parece ficar com alguns artefatos e não passa a sensação completa de que naquela área específica onde a sombra toca não está totalmente “coberta”.
Posso citar também que em algumas cutscenes existem bugs que quebraram um pouco a imersão, como os olhos de Drake na cena que destaco abaixo. Esse problema persistiu durante todo o capítulo e até o início do próximo – apesar de ter dado risada na primeira vez, a persistência desse bug começou a incomodar.
A performance do jogo no meu PC foi basicamente sem problemas e consegui manter uma alta taxa de quadros praticamente durante toda a experiência. Eu tenho um bom computador, embora não seja nada extremamente high end ou fora da curva: conto com uma RTX 2060 Super, um processador Ryzen 5 3600 e 32 GB de RAM. Como disse, minha tela é full HD mas com 144hz de atualização, o que fez todos os movimentos e a sensação de fluidez brilhassem ainda mais além do padrão 60 Hz/fps.
Utilizando a técnica de reconstrução de imagem da NVIDIA, o DLSS, o modo qualidade me entregou entre 80-100 quadros por segundo em boa parte da jogatina. Não houve aqueles pequenos travamentos (stuttering) e pude usufruir totalmente de toda essa penca de FPS que o jogo conseguiu me proporcionar. Levando em conta que é um game de ação e aventura com muitos movimentos rápidos, essa taxa de quadros definitivamente foi crucial para a experiência.
Entretanto, gostaria de salientar que por esses jogos terem mecânicas de tiro, jogar com teclado e mouse deveria ser um plus, mas não é bem o caso. Tive que recorrer ao controle após não conseguir encontrar um “sweet spot” para a sensibilidade do mouse. Ambos os jogos contam com aceleração de movimento ao usar o mouse e a sensação de mirar e acertar headshots é terrível. No meu caso em particular, vejo isso como um problema relativamente sério, pois reconheço que sou bem exigente com sensibilidade. Felizmente, pra maioria das pessoas não vai ser problema.
Em suma, os ports são bem feitos e com um nível de qualidade esperado para um lançamento desse calibre para o PC. Considero mais um acerto da Sony e estou bem animado para o futuro com ainda mais grandes exclusivos perdendo sua exclusividade de plataforma.
O jogo foi analisado com base na versão de PC disponibilizado pela publisher.