Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin, também conhecido por Final Fantasy Souls ou FF Nioh, nos apresentou um combate cheio de ação, bastante característico da Team Ninja e da Koei Tecmo. Além disso, há o tradicional sistema de classes (ou jobs) da série Final Fantasy e seus inimigos característicos, junto com uma enxurrada de loot. Ainda assim, Stranger of Paradise pode acabar desagradando os fãs mais hardcore da série ao trazer uma história e um protagonista extremamente descompromissados com tudo.
Eu quero derrotar Chaos
A história é mais interessante do que parece, apesar do seu início extremamente caricato e bem característico da motivação de um grupo recém formado de RPG: três pessoas que se encontram com um objetivo em comum, encontrar e derrotar Chaos.
O protagonista, Jack, que mais parece um NPC genérico, é tão focado em seu objetivo que nada mais importa, nem mesmo a motivação dos demais personagens. Jack simplesmente não liga para nada, corta conversas pela metade, ou mesmo coloca seus fones e deixa lá a outra personagem falando sozinha.
A história do jogo em si começa a se desenrolar mais ou menos com dez horas de jogatina, lá pela missão 9 ou 10, e por incrível que pareça, ao final da jornada, você vai gostar mais do que imaginava de Jack, Jed e Ash.
Combate frenético e cheio de itens
O brilho de Stranger of Paradise está em seu sistema de combate. Se você jogou Nioh, certamente vai reconhecer o estilo rápido da Team Ninja e, antes de trazer a discussão de modo fácil a tona, fique tranquilo, pois o jogo te apresenta três modos de dificuldade: Story, Action (que é o tradicional) e Hard, além de um posterior modo Chaos, liberado após finalizar a campanha.
Esquivas, golpes variados, parry e armas diferentes descrevem esse combate soulslike. Cada arma possui um conjunto de movimentos específicos e, mais ao final do jogo, algumas delas trazem habilidades especiais.
Além disso, o sistema de classes complementa ainda mais o combate. São 27 jobs, que variam desde os clássicos da série: Black Mage, White Mage, Warrior, Thief e Lancer, até os mais específicos, como Dragoon, Breaker, Red Mage, Sage e muitos outros que já deram as caras na série por aí. Esse sistema é extremamente acessível e rápido para ser alterado, basta abrir o menu e trocar a arma do personagem e, com isso, você já tem acesso a uma lista de classes disponíveis para aquela arma.
Há um sistema de níveis para cada classe e uma pequena árvore de habilidades, que é usada pra desbloquear os jobs avançados e consequentemente mais poderosos. A quantidade absurda de equipamentos que os inimigos derrubam pode assustar no começo, mas, para facilitar, há um botão de auto equipar os melhores itens. Então, de tempos em tempos, é bom abrir o menu e apertar esse botão, para atualizar o personagem e deixar o estágio um pouco mais fácil.
Inimigos clássicos e chefes memoráveis
O design dos inimigos é um prato cheio para os fãs da série. Os aparentemente inofensivos Tonberry e Cactuar são ainda mais perigosos nesse estilo de combate. Lutar contra um Malboro é ainda mais legal, desviando dos ataques e buscando a melhor abertura para atacar e não se contaminar com todos os debuffs possíveis.
Além da barra de vida, os inimigos possuem uma barra de postura que, ao ser quebrada, permite uma finalização que dá a Jack um aumento no seu MP.
As lutas com chefes são bastante divertidas e contribuem para uma variação no combate de cada cenário. Depois de enfrentar uma legião de inimigos, as fases são finalizadas com um chefão, que possui geralmente mais de uma fase e, em alguns deles, há uma mudança radical da estratégia necessária para vencer.
Navegação por menus e sistema de missões
Fora do combate, a navegação do jogo é feita exclusivamente por menus. Além das missões de história, as fases apresentam uma opção de side quest com nível intermediário entre a fase que você acabou de terminar e a próxima. Isso pode ser um bom motivo para melhorar seus equipamentos se tiver dificuldade em alguma missão.
Alguns problemas de performance
Stranger of Paradise parece ter sido pensado entre a geração do PlayStation 3/Xbox 360 e o PS4/Xbox One, principalmente pela sua performance no geral. Há alguns momentos que a ação fica mais intensa e, mesmo jogando no PlayStation 5, a taxa de quadros cai levemente.
Além disso, os cenários parecem simplistas demais e, durante as fases na floresta, o excesso de contraste chegou a me incomodar bastante.
Resumo
Com a série Final Fantasy transcendendo vários gêneros além do RPG, o spin-off Stranger of Paradise é uma excelente experiência que me trouxe muitas horas de diversão (e ainda me vejo jogando ele por algum bom tempo para testar as classes que ainda não joguei). A rapidez para trocar equipamentos e até mesmo as classes facilitam muito para dar uma boa variada no jogo e, graças a isso, eu nunca me cansava de testar e descobrir novas habilidades.
A customização chega a um nível intimidador de detalhes, com a possibilidade de equipar cada habilidade de cada classe e combiná-las entre si para formar aquela build especial que é a sua cara.
Minha experiência foi definida basicamente por uma combinação de Lancer/Dragoon para os combates corpo a corpo, Black Mage e posteriormente Sage, que me deu a possibilidade de usar a magia Ultima e simplesmente obliterar algumas arenas de inimigos.
Como fã da série, gostaria de ver alguns locais icônicos, mas a variedade de inimigos clássicos me deixou bem satisfeito. A trilha sonora combina o estilo de combate frenético com temas que certamente você irá reconhecer de outros jogos.
O clima descompromissado do começo do jogo pode prejudicar na história, mas certamente traz uma leveza e um leve humor (principalmente pelo jeito “babaca” de Jack). Depois de algumas horas, a história engata e ficou bem mais interessante do que eu esperava.
Por sim, Stranger of Paradise é mais uma boa adição de spin-offs à série Final Fantasy e, se você for fã de Nioh ou da Team Ninja, certamente essa é uma escolha certa.