[divider]Mateus Alexandre[/divider]
Quando comprei minha Orange Box, lá pra meados de 2008, meu único intuito ao gastar a fortuna de 100 reais naquela coleção era de poder finalmente jogar Half-Life 2 de maneira legítima e conhecer os outros dois episódios da franquia que há tempos desejava – embora meu PC da época não permitisse a melhor das experiências. Mas consegui jogar! Missão cumprida. Hora de seguir a vida e completar minhas tarefas como ser humano quase no ensino médio.
Foi só alguns anos mais tarde, em 2011, que resolvi dar bola pros outros dois “acompanhamentos” que vinham naquele pacote: Portal e Team Fortress 2. Em especial – e de maneira igualmente sofrida para jogar os episódios de Half-Life 2 – fracassar miseravelmente com o Spy em TF foi o marco da minha fissura por aquele mundo e seus personagens. 969 horas depois, eu não imaginava que outro shooter do mesmo nível me traria o mesmo feeling da primeira vez que acertei um backstab bem dado com o Spy. Gritar ao ganhar uma partida sofrida ou quase esmurrar o monitor de raiva por morrer pela milésima vez pras turrets do Torbjörn foram reações que me lembraram o porquê de eu amar esse tipo de jogo.
Você já teve aquela sensação de… déjà vu?
É possível aproveitar Overwatch sem sequer saber que o jogo possui história. Embora a Blizzard tenha construído um universo inteiro, a estrutura do jogo não funciona em cima de um enredo e ter conhecimento deste apenas faz com que você se apaixone ainda mais pelos personagens. Raramente há algum diálogo entre eles na partida; não há cutscenes, introdução, nada. É possível checar a galeria de heróis no menu para trocar seus visuais e falas de efeito, mas essa é a única aproximação pessoal que possível de se ter deles longe do tiroteio frenético das partidas.
Com base nisso, qual o motivo da ânsia de decorar os nomes verdadeiros (nome oficial da Tracer é Lena Oxton, por exemplo), saber de suas histórias, tratá-los como se fossem algum amigo próximo seu? Esse foi o ideal construído por trás: cada herói foi desenhado para ser caricato, ser marcante e ter uma vida além do jogo. Uma vida sustentada pelos próprios fãs, que usam seus avatares em redes sociais, fazem memes, compram blusas estampadas e até… produzem conteúdo pornográfico. É um fenômeno que se estabelece como uma cultura na internet, que se [highlight]alastra além do jogo para a cultura pop[/highlight].
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Arte: Asukaziye
Dentro do jogo, entretanto, a história pode ser outra. Muito além dos rostinhos bonitinhos, Overwatch tem pilares para arquitetar um game estratégico e competitivo — onde cada um ali exerce um papel fundamental na partida. Cada herói é único e se difere bastante das classes presentes em Team Fortress 2. Destrincho um pouco desse sistema a seguir.
Sempre é hora de acertar as contas em algum lugar
Vinte e um heróis para seis jogadores em cada time. Distribuídos entre ofensivos, defensivos, tanques e suportes, a escolha certa da composição do seu time é fundamental para a vitória — o jogo até te dá algumas dicas gerais quando a coisa tá meio feia: ”muitos heróis ofensivos”, “nenhum herói tanque” e “nenhum herói suporte” são alguns dos conselhos que você receberá para balancear melhor sua equipe. Com uma composição tão pequena, não existe (ou não deveria existir, pelo menos) peso morto no time. Alguém que não cumpre com seu papel tem grandes chances de afundar a diversão pra uma derrota bem amarga.
Cada herói é — novamente — completamente diferente de um para outro. Todos possuem tiros alternativos e habilidades extras além da ação principal executada pelo botão de disparo: Reinhardt, por exemplo, é um herói tanque no qual seu único ataque é melee com um martelo grotesco — mas o personagem é de gigante importância para o time avançar, por conta de seu escudo projetado pelo seu braço. Lúcio, nosso herói conterrâneo, é um dos suportes mais valiosos do jogo: além de dar um boost de velocidade em uma de suas habilidades, exerce cura em área para quem estiver perto.
Derivado de jogos MOBA, todos os heróis possuem uma “ultra” habilidade que carrega com o tempo e com seu desempenho na partida. São poderes que, se bem aplicados, podem mudar o rumo da partida e dar aquela deliciosa virada de jogo que seu time tanto precisava pra ter uma chance de vencer. Combinar os ataques, formular estratégias e ter comunicação são algumas das peças-chave para um time bem estruturado. Como o jogo é estritamente multiplayer, [highlight]combine com seus amigos de jogar[/highlight] — garanto que as partidas serão bem menos frustrantes do que lidar com estranhos na internet e torcer para todos terem um mínimo de discernimento do objetivo no mapa.
Além da competitividade: divirta-se
Qual o propósito central de um videogame que não seja a diversão? Além do sistema estratégico e altamente competitivo, Overwatch foi desenhado para ser divertido. Os heróis são legais de se jogar, por conta de seus equipamentos e habilidades bem elaborados. Teste todos eles, veja com quem você mais gosta de se jogar e aproveite para fazer aquele troll pick com 6 McCree fora do modo competitivo!
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Mesmo com fortes similaridades a Team Fortress 2, Overwatch mantém uma identidade totalmente original, com personagens maravilhosos e únicos, além de um consistente complexo estratégico que, incrivelmente, dá a chance para todos aprenderem e aproveitarem. [highlight]De shooter a fenômeno cultural[/highlight], muitos e longos anos estão por vir para esse incrível jogo que independe de notas e análises para se manter vivo.
[divider]Bruno Hideki[/divider]
Um dos pontos de Overwatch que muitos jogos deveriam tomar como exemplo é o sistema anti-hacking e suas devidas punições. Isto é, a Blizzard não é nem um pouco gentil com aqueles que tentam obter vantagens trapaceiras. A empresa conhece seus jogadores fiéis e sabe que estes não tentariam, de forma alguma, usar cheats apenas para vencer as partidas mais facilmente. Visto isso, o banimento permanente é uma das punições que pareciam ser mais justas, assim como uma das mais severas que vimos até hoje no universo de videogames.
Isso agrega diversas coisas ao jogo, desde um temor maior pela empresa até o reconhecimento e respeito que ela tem pelos seus jogadores sérios.
Pense duas vezes antes de usar qualquer tipo de trapaça em Overwatch
Não vamos esquecer que os rage quitters também não tem vez para a Blizzard. O jogador não é impedido de sair de uma partida, mas essa ação será contabilizada num sistema do jogo onde, caso a porcentagem das últimas 20 “partidas jogadas” vs “partidas completadas” não atinja um limite necessário, ele será penalizado com 75% menos de EXP em todas as partidas recorrentes, até que essa porcentagem fique acima do limite. Para saber mais sobre, clique aqui.
Maior do que LoL?
Não é muito surpreendente o fato de que os coreanos são extremamente viciados em League of Legends. Eles tomaram o jogo como uma paixão nacional e você pode encontrar centenas de equipes lutando para tomar as mais altas posições e participar dos grandes campeonatos do que chamamos hoje em dia de e-sports.
Pois bem, no dia 27 de junho de 2016, o site Gametrics fez uma estatística em mais de 4.000 países e listou Overwatch como o mais jogado nos cybercafes coreanos, ultrapassando a soberania de 4 anos consecutivos do imbatível LoL como o jogo mais jogado. Isso mostra que a popularidade do FPS da Blizzard vem crescendo cada vez mais e conseguindo mais adeptos, abrindo maiores possibilidades para um cenário competitivo.
E por falar em competitivo, vamos conversar sobre ele agora.
Let’s talk competitive play
Uma das características que estavam fazendo falta em Overwatch ainda era o modo competitivo. O mais próximo dele que o jogo disponibilizava era a opção “Jogo rápido”, que nada mais é uma partida sem regras específicas, sem contabilizar ranking points ou coisas do gênero. Você vencia ou perdia a partida e isso acabava por ali, sem afetar futuras jogatinas. No dia 28 de junho de 2016, um mega update em Overwatch trouxe aquilo que a Blizzard vinha prometendo: o modo competitivo.
Isso traz consigo um cenário totalmente diferente aos jogadores, criando expectativas em relação às recompensas e o desejo de aprimorar suas habilidades com cada um dos 21 diferentes personagens, visto que já vimos aqui que não devemos nos ater a apenas um personagem a partida inteira.
Deixo um recado para aqueles que pretendem fazer parte desse universo competitivo de Overwatch: apenas os players com nível maior que 25 têm acesso a esse modo, isto porque chegando nesse patamar os jogadores já estarão mais familiarizados com os diferentes heróis, mapas e estratégias, promovendo um competitivo mais sério e desafiador.
Heróis nunca morrem
Apesar de tudo, como o Mateus já disse, Overwatch é um jogo para se divertir, então nunca se esqueça disso! Partidas contra times extremamente bons e coordenados sempre vão existir, podendo acarretar em imensas frustrações, mas não desista!
Pratique, use o modo de treinamento, aventure-se com outros heróis, tente arranjar um grupo com mais 5 amigos para fechar um time e, mais uma vez, divirta-se. Comemore cada vitória, estude os erros em cada derrota, e usufrua de todo o potencial que Overwatch pode proporcionar a você.
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Esta análise foi realizada com base na versão de PC gentilmente disponibilizada ao Jogazera pela Blizzard.
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