Existiu um tempo em que o compromisso dos jogos de futebol era um só: entreter. Convenhamos que, lá nos anos 90, esse era o grande foco da maioria dos games, que não tinham o dever de assumir responsabilidades por pecar com o realismo e fracassar como simulação – salve algumas exceções.
Legendary Eleven tenta resgatar esse espírito, tropeça um pouco no caminho mas, no fim, amarra a chuteira, ergue a cabeça e marca um interessante gol – daqueles que você só vê em video games (pelo lado bom ou ruim).
Problemático, até o técnico substituir
Comecei a jogar Legendary Eleven uma semana antes de seu lançamento – mais precisamente, três dias antes. Eu estava animado, confesso. A premissa da produtora italiana, Eclipse Games, era a de entregar uma experiência diferente do que temos acesso nos dias de hoje – ao menos se você não estiver disposto a dar uma bela assoprada nos seus antigos cartuchos.
Deixando a estética e o estilo de lado, o jogo começou me impressionando pelos seus problemas técnicos. Alguns bugs gerais e um problema que simplesmente te impedia de roubar a bola do adversário, por exemplo. Estes eram os seus piores inimigos. Além disso, jogando a Copa do Mundo, tínhamos um bug que nos impedia avançar de uma determinada fase da competição.
Mas, sejamos justos: Assim que recebi o jogo, no corpo do e-mail, enviado pela Eclipse, eles deixaram claro que a versão do Nintendo Switch vinha apresentando problemas. Então fui, de peito aberto, e encarei. Me irritei um pouco – mas não por muito tempo.
Na segunda etapa da minha jogatina, pausada pelo “intervalo”, uma atualização saiu e corrigiu a maior parte dos problemas aparentes do game. Joguei a Copa do Mundo, com a responsa de comandar Sócrates e o Brasil rumo ao título mundial. Na final 3×0, contra a poderosa Holanda. Confesso que me senti orgulhoso.
Mesmo com os defeitos corrigidos o jogo apresenta problemas em sua essência. É um indie simples, semelhante a jogos antigos, que arrancavam muitos sorrisos mas são de longe os mais justos já feitos. Um tanto repetitivo, até mesmo nos gols incríveis, em um determinado momento você se cansa e, se a sua expectativa é ter um jogo de futebol definitivo, desista. Ele vai te divertir, mas não tanto quanto poderia.
Não existe gol feio, feio é não fazer gol
Bugs à parte, o game entra em campo com um futebol totalmente arcade, onde o toque de bola não é mais importante que uma bela pedalada (mesmo que você perca a bola segundos depois). E, ah! Falando em drible… pedalada, carretilha, rabiscada, lambreta, chapéu, bicicleta, drible da vaca, lençol, ovinho, caneta… reconhece todos esses dribles? Em Legendary Eleven eles são ferramentas básicas.
Com um misto de futebol clássico, o título mistura uma bola pesada, daquela que quica, e jogadores super habilidosos, capazes de matar a redonda no peito, chamar de “minha cheirosa” e mandar um balaço de voleio da entrada da grande área adversária. O grande destaque da jogabilidade é a estética, que a todo o momento é vista nas jogadas mirabolantes que os craques são capazes de executar.
Clima de Copa #LegendaryEleven #NintendoSwitch pic.twitter.com/t4WENBpp0z
— Let’s Go! Dan 🇧🇷 (@danschettini) 30 de junho de 2018
Mesmo sem todos os nomes licenciados, identificamos craques como Romário, Cruyff e daí pra cima. Além dos craques, o game entrega um sistema curioso de conquistas através de figurinhas – tipo os álbuns da Copa, como você deve estar pensando. Cada figurinha te fornece um benefício na partida, como passes mais precisos, chutes poderosos e até mesmo um juiz mais malucão e permissivo – é quase como a opção de “tirar as faltas”, que existia nos antigos jogos da série FIFA. Para completar o seu “álbum” você precisa cumprir alguns desafios, vencer algumas competições e por aí vai.
Vale a pena?
Legendary Eleven não é para qualquer um. Se você é um jovem amante de Pro Evolution Soccer ou FIFA, talvez não entenda o espírito colocado nesta produção independente, simplória mas genuína.
Se você tiver um amigo para jogar o jogo pode se tornar ainda mais interessante – principalmente depois de você cansar da Copa do Mundo, no modo solo. Fazer um “rei da mesa”, passando o controle pro colega de fora e disputando partidas entre União Soviética e Bulgária, o arcadezão futebolístico pode ser capaz de entreter e render boas histórias.