Análise: Hidden Agenda, um jogo que vai além da interatividade

Hidden Agenda: Um jogo que vai além da interatividade

Desenvolvido exclusivamente para o PlayStation 4, pela produtora Supermassive Games, responsável pelo game “Until Dawn”, Hidden Agenda é um thriller criminal que combina aventura, ação e interatividade em meio a uma grande experiência cinematográfica com foco em narrativa, que te faz duvidar até mesmo da sua própria sombra.

A trama se passa nos tempos atuais e envolve uma detetive, uma promotora e um suspeito no corredor da morte. Becky Marney era uma agente novata quando se envolveu na prisão de Jonathan Finn, suspeito de ser um assassino em série que tirou a vida de inúmeros policiais, conhecido pelo codinome “Cilada”. Após sua prisão, Jonathan confessou seus crimes e foi condenado a pena de morte. Passados cinco anos, vemos Becky agora como detetive no Departamento de Homicídios ao mesmo tempo que o Cilada está a apenas 48 horas de ser sentenciado.

Após receber um pedido da advogada de Finn, a promotora Felicity Graves vai visita-lo e é nesse ponto que os eventos podem mudar completamente. Se vendo próximo a execução, Jonathan muda a sua versão da história ao falar com Felicity e alega não ser o responsável pelas mortes, sendo apenas vítima de um grande plano orquestrado pelo seu amigo de infância Adam Jones. Visto que os crimes ainda andam acontecendo mesmo com a sua prisão, Felicity decide investigar mais a fundo o caso. E assim, cabe a você jogador, ora na pele da detetive, ora na pele da promotora, descobrir se Jonathan Finn – o Cilada, é culpado ou inocente das acusações.

Faça uma pipoca e traga seus amigos

Um dos grandes diferenciais é que o game se utiliza de uma funcionalidade da plataforma chamada PlayLink, na qual até seis players podem se conectar ao console através dos seus smartphones ou tablets, baixar o aplicativo do jogo e interagir em conjunto com seus amigos. A facilidade aqui é que você consiga jogar multiplayer sem a necessidade de múltiplos controles, atendendo uma necessidade que a Sony tinha de mostrar que também podia desenvolver bons “party games” à sua maneira.

Hidden Agenda pode ser jogado de duas formas. A primeira é o “Modo História”, que pode ser jogado tanto no Single quanto no Multiplayer, e a segunda no “Modo Competitivo”.

Caso você esteja jogando em grupo e esteja na dúvida de qual modo escolher, a diferença entre eles é que no Modo História, em certos momentos decisivos, os jogadores vão delegar a alguém, através de características como coragem, honestidade, lealdade, entre outras, a decisão de um certo ponto de jogo. Neste momento, apenas o jogador a quem o grupo confiou a decisão pode votar.

Já no Modo Competitivo, existirá uma “Agenda Oculta”, onde em alguns momentos decisivos um player receberá um objetivo secreto, plantando a semente da discórdia e desconfiança entre o grupo, pois enquanto um jogador tenta cumprir sua agenda, os outros precisam impedir que isso aconteça e descobrir quem está com a agenda, a fim de fazer mais pontuação. Quem concluir o jogo com a maior pontuação vence.

Então caso queira jogar com seus amigos a fim de “concluir” a trama, eu recomendaria o “Modo História”. Caso vocês queiram colocar em prática seus poderes de persuasão e manipulação, recomendo o “Modo Competitivo”. No entanto, sugiro que caso os players estejam jogando pela primeira vez, iniciem pelo Modo História, para obter uma melhor experiência do jogo em questão de narrativa.

O gameplay

O gameplay se divide entre tomadas de decisão, busca por pistas e quick time events. Na maior parte do jogo, os players são conduzidos pelo enredo e durante os diálogos podem decidir o rumo da história através de suas escolhas. É importante ressaltar que é preciso haja um voto majoritário para que uma decisão seja tomada ou que um dos players assuma a decisão através da “Carta Controle”, que pode ser obtida através das pistas encontradas ou de acertos no quick time ao longo do jogo. Eu sempre digo que é a carta mais troll do jogo, porque sempre tem aquele amigo que acha que está certo e toma a decisão errada nos 45 do segundo tempo. Então estejam cientes que essa carta acaba com algumas amizades!

Já nas famigeradas “cenas do crime”, os jogadores buscarão por pistas. Tenham muito cuidado nessa hora, pois há pistas que podem tanto não significar nada, quanto mudar pequenos detalhes da história e até salvar vidas. Por fim temos os Quick Time Events, utilizados normalmente em cenas de ação, onde os players terão que ser ágeis para evitar que o pior aconteça. Assim como em Until Dawn, não necessariamente você tenha que executá-los, tudo é uma questão de escolha ou culpa do seu reflexo.

Escolha com sabedoria

Efeito cascata [subst.] Consequências difundidas por um único evento ou ação.
Cada decisão tomada muda o futuro. Algumas afetam o relacionamento dos personagens, outras geram ondas que mudam tudo. Escolha bem.

Se assim como eu você é fã de jogos onde suas escolhas afetam a história, acredito que esse é o ponto que mais vai te chamar atenção. Eu digo isso pois já joguei inúmeros títulos dessa categoria como Life is Strange, Heavy Rain, Beyond: Two Souls, Until Dawn e, apesar de ser apaixonada por todos eles, em alguns momentos tenho a impressão que minhas escolhas, no fim das contas, não afetam tanto assim a história.

O que chamou atenção em Hidden Agenda é que cada escolha que você faz realmente muda a narrativa, em vários momentos, não apenas no final. Das cinco vezes que eu joguei, todas seguiram por um caminho diferente, e por mais que eu tentasse manter algumas coisas iguais de acordo com o que eu ia lembrando, qualquer escolha diferente, por mais boba que parecesse mudava vários detalhes e isso é incrível!

Rejogabilidade

Assim que eu finalizei o jogo pela primeira vez, meu maior questionamento era em relação a rejogabilidade, uma vez que alguns mistérios foram revelados ao concluí-lo – se é que podemos colocar dessa forma. Para a minha surpresa, o fato das escolhas serem tão ricas em mudanças acabou dando ao game uma outra ótica. Após jogar pela primeira vez, sua motivação pode ser concluir a história com um final diferente ou descobrir as várias facetas desse enredo, então o jogo acaba sendo bom tanto para quem nunca jogou como para quem já jogou inúmeras vezes.
Um ponto negativo é que o primeiro capítulo acaba se tornando um pouco maçante, por ter mais história e os tutoriais. Acho que poderia ter uma forma de pular a história, porque depois de jogar umas boas vezes, bate aquela preguiça de ver tudo de novo.

Vale a pena?

O game é graficamente muito bonito, lembra bastante o visual de Until Dawn e em muitos momentos faz você se sentir em meio a um episódio de CSI ou filmes como Seven. Os personagens são extremamente humanizados e você consegue se sentir na pele deles através das suas escolhas, o que corresponde a expectativa do jogo.

O roteiro, apesar de simples, é muito bem desenvolvido e consegue trabalhar bem cada uma de suas variáveis.  Porém não crie muitas expectativas quanto a história. Devido a sua mecânica, o jogo não tem tempo suficiente para ter uma história surpreendente ou extraordinária e, independente das suas escolhas, acaba tendo um final relativamente abrupto, dando a impressão que faltam algumas resoluções. Ainda assim, é uma ótima trama, que brinca com a nossa mente o tempo todo.

Se um jogo para reunir a galera era o que faltava para você e seu PS4, Hidden Agenda veio para suprir essa necessidade. Além de ser um jogo relativamente rápido, com um total de três capítulos e duração média de uma hora e meia, tempo ideal para jogar com um grupo de amigos e conseguir finalizar no mesmo dia, possui uma ótima rejogabilidade e várias possibilidades de conclusão. Era um jogo que estava na minha wishlist desde que lançou e foi uma aquisição bem feliz. Para quem se interessa por jogos neste estilo ou para quem quer começar por um mais soft, Hidden Agenda é uma ótima opção.