Anunciado em junho desse ano e recebido com um grande pé atrás pelos fãs, Guardiões da Galáxia da Marvel finalmente está entre nós. Desenvolvido pela Eidos Montreal e distribuído pela Square Enix, o jogo conta uma história inédita do grupo de heróis mais improvável da Marvel.
A proposta de Guardiões da Galáxia é bem simples: entregar um jogo totalmente single player focado em narrativa. Porém, não seria simples fazer isso, afinal, não é fácil pegar a essência desses personagens que parecem bobos, mas trazem bastante história.
Felizmente, a Eidos Montreal acertou em cheio com seu jogo e fez o que é, para mim, a melhor obra de Guardiões da Galáxia que eu já tive contato até hoje. Isso vindo de alguém que já leu HQs do grupo (inclusive da época do Agente Venom), leu livro e assistiu aos filmes do MCU.
Por fim, espero que, com essa análise, eu consiga desarmar todos os fãs receosos com o jogo. Para que aproveitem uma das experiências mais divertidas e descompromissadas que eu tive o prazer de jogar em 2021.
Sempre no lugar errado, na hora errada
O jogo começa com você revivendo um pouco do passado de Peter Quil, também conhecido como Senhor das Estrelas. Ele está curtindo sua vida nos anos 80, ouvindo o recém lançamento da banda fictícia de hard rock “Star Lord” (e, se você for fã do gênero, provavelmente vai amar as músicas que gravaram. Eles realmente gravaram um álbum inteiro só para esse jogo).
Pouco depois, você está a bordo da Milano junto com sua trupe de heróis desajustados e é nesse momento que você repara que está num jogo dos Guardiões da Galáxia. Gamora, Drax, Rocket e Groot interagem entre si de uma forma que eu acho que nem James Gunn conseguiu capturar para os filmes do MCU. Isso faz com que toda vez que você volte para a Milano, tenha novas experiências, como ver o Groot usando suas escovas de dente.
Do mesmo modo, a equipe do Guardiões não cala a boca durante as missões da equipe onde quer que estejam. Ou seja, exatamente o que esperaríamos deles, afinal, alguém aqui consegue imaginar o Rocket quieto e sem provocar alguém? Além disso, o nosso personagem também pode interagir com diversos desses diálogos escolhendo entre duas respostas. Fica a critério do jogador botar a culpa de uma briga em Rocket, Drax ou ficar quieto. Ou talvez acalmar a tensão da equipe em vez concordar com eles de que algo está errado com toda a situação em que se encontram.
Dito isso, a história de Guardiões da Galáxia envolve, como de praxe, os nossos heróis tentando ganhar a vida de alguma forma e, no final, acabam se vendo como os únicos capazes de salvar a galáxia de um desastre iminente (eu não quero dar muitas explicações sobre a história de Guardiões para evitar possíveis spoilers).
Escolhas e estrutura narrativa
Peter Quill é conhecido com um personagem cafajeste e charmoso, que tenta resolver tudo na base da conversa, mas nem sempre isso dá certo. E isso é algo que a galera da Eidos conseguiu trazer ao jogo com maestria. Há diversos diálogos em que suas escolhas importam, seja para evitar um possível segmento de quebra cabeça, ou para ganhar um cartão de acesso para conseguir ir em áreas que você não teria acesso de outra forma.
Às vezes, as consequências das suas escolhas só aparecem em capítulos no futuro, como, por exemplo, descobrir que sua escolha tornou um chefe mais fraco.
Guardiões da Galáxia conta sua história por meio de capítulos e conta com 16 deles, recheados de reviravoltas e risadas. Dessa forma, assim como os Uncharteds (não joguei o 4) antigos, você só tem acesso aos mapas em seus determinados capítulos. Então é bom prestar atenção em cada canto para não deixar nenhum colecionável para trás, se não só acessando a “Seleção de Capítulos”.
Por fim, o jogo não é o filme de James Gunn, nem os quadrinhos. O jogo é o jogo e traz personagens com influências claras tanto no filme do MCU quanto nos quadrinhos. Um exemplo é o Drax que, ao contrário dos filmes, não é um personagem bobo pelo simples fato de termos um personagem bobo. Ele é um personagem com um passado trágico que tem certos problemas de interações sociais, mas ele definitivamente não está lá apenas como um alívio cômico. Já Peter Quill é um pouco mais próximos dos filmes e um pouco menos sério do que sua versão de quadrinhos, que já não é tão sério assim (pelo menos os que eu li).
Jogabilidade simples, mas viciante, ao som dos anos 80
A equipe da Eidos Montreal bebeu direto da fonte de um outro jogo da Square Enix para seu combate: Final Fantasy 7 Remake. O combate do jogo lembra muito FF7R graças à camada de estratégia em usar os ataques de seus companheiros de equipe. De mesmo modo, você, como Senhor das Estrelas, precisa saber quando usar o ataque especial da equipe, que recupera vida e aumenta o ataque de todos (a menos que você falhe em motivar o resto dos guardiões, aí só você recebe o bônus de ataque).
A propósito, essa mecânica de você parar a luta, chamar os Guardiões e falar umas groselhas para motivar a equipe é um dos maiores acertos do jogo. Além do bônus que mencionei, também começa a tocar uma das várias músicas do jogo! Então fica ainda mais legal acabar com a raça de seus inimigos ao som de Never Gonna Give You Up de Rick Astley (é sério.)
Falando nisso, a trilha sonora desse jogo merece um destaque à parte. Como disse, a Eidos e a Sqaure Enix gravaram um álbum inteiro da banda fictícia Star Lord, que é muito bom para quem gosta. Fora isso, o jogo conta com músicas de bandas como Iron Maiden, Motley Crue, Rainbow, Billy Idol e muitas outras bandas clássicas dos anos 80. Poucos jogos me fizeram feliz como Guardiões da Galáxia em uma cena com “Since You Been Gone” do Rainbow tocando ao fundo.
Uma galáxia psicodélica e cheia de diversos perigos
Como mencionei anteriormente, Guardiões da Galáxia é divido em capítulos e, em muitos deles, nós estamos nos mais diversos planetas da galáxia. Logo de cara somos jogados na Zona de Quarentena, um lugar cheio de bolas rosas e lixo espacial, um cenário estranhamente bonito. Logo depois, vamos para um outro planeta resolver uma dor de cabeça que nos enfiamos, e esse planeta também é lindo e cheio de peculiaridades.
Resumindo, o que eu quero dizer é que a equipe da Eidos Montreal fez um trabalho primoroso com o design de todos os lugares do jogo. Todos são belos, seja o planeta cheio de vida Luganenhum, ou o tempestuoso planeta de Seknarf Nove.
Dito isso, é de se esperar que em cada um desses lugares nós tenhamos inimigos diferentes para enfrentar, certo? Certíssimo! A variedade de inimigos desse jogo é muito maior do que eu esperava. Obviamente há um momento em que seu inimigo final está estabelecido e você passará a combater mais oponentes repetidos por conta disso. Mas a cada novo lugar que você vai, é um tipo diferente de inimigo e uma estratégia diferente que você deve usar para aborda-los.
Limitações da geração passada de consoles
Eu joguei Guardiões da Galáxia da Marvel em meu PlayStation 4 velho de guerra. Tenho meu console desde 2014 e ele tem aguentado bem essa vida longa e cheia de jogos. Mas, infelizmente, os consoles da geração passada estão começando a não ser a melhor plataforma para os jogos atuais.
Tive problemas com texturas que não carregavam, assim como momentos em que o som do jogo era constantemente cortado. Mal dava para entender o que estava acontecendo, a ponto de eu preferir jogar sem fone de ouvido.
Além disso tive diversos momentos em que eu enfrentava muitos inimigos em mapas mais detalhados e que a taxa de quadros caia drasticamente.
Isso atrapalhou a experiência? Com exceção da parte das texturas, sim. Atrapalhou. Mas foram momentos pequenos e que devem ser consertados em atualizações no futuro.
Tudo isso com uma dublagem digna do Brasil!
Exatamente! Após lançarem alguns jogos sem localização à nossa língua mãe, a Square Enix voltou com suporte ao português brasileiro com Guardiões da Galáxia da Marvel. E meus amigos, eu sinceramente não me vejo jogando esse jogo sem ser dublado.
Além disso, a localização está muito bem adaptada à nossa língua, com direito a Peter Quill mandando um “beijo me liga” ao derrotar um inimigo.
Conclusão
Acima de tudo, Guardiões da Galáxia é uma experiência divertidíssima. Eu me vi querendo jogar mais e mais graças à sua história bem amarrada, personagens carismáticos e jogabilidade que não enjoa. A cereja no topo do bolo de toda essa excelente experiência fica a cargo da trilha sonora e localização PT-BR.
Por conta disso, eu recomendo fortemente que todos os fãs de de Guardiões da Galáxia, Marvel ou até mesmo de heróis deem uma chance para o jogo em algum momento.
Obs: Essa análise foi feita a partir de uma versão de PlayStation 4 cedida gentilmente pela Square Enix.