Análise: Final Fantasy XV impressiona pela qualidade, mas traz problemas clássicos do mundo aberto

10 anos depois, Final Fantasy XV é uma realidade

Final Fantasy XV foi originalmente anunciado como Final Fantasy Versus XIII em 2006, juntamente com Final Fantasy XIII e Final Fantasy Agito XIII. Juntos, os três representavam a nova era de Final Fantasy, chamada de Fabula Nova Crystallis. Anos se passaram e o hype foi alimentado com pequenos trailers que mostravam um grande mundo e um combate mais ação que qualquer outro Final Fantasy já possuiu. No entanto, a cada ano o título era menos mencionado, o que deixou evidente que o projeto sofria problemas de desenvolvimento e talvez nunca o veríamos. Foi só durante a E3 de 2013 que o jogo fez seu retorno, rebatizado de Final Fantasy XV e abandonando qualquer ligação com o legado da Fabula Nova Crystallis. Noctis e seus companheiros foram mantidos, mas a possibilidade de jogar com os outros membros de sua party foi removido. Esse vídeo, do Gamespot, mostra as diferenças nos trailers ano após ano.

Antes de começar a jogar…

O universo de Final Fantasy XV vai muito além do jogo; com Kingsglaive, que é um filme lançado em agosto de 2016 que introduz o universo do jogo, personagens importantes da história como Lunafreya, Ravus e o Rei Regis, além das principais nações desse mundo: Lucis e Tenebrae. Além de ser uma animação incrível, o filme traz importantes pontos da história que precedem o jogo então é muito importante que você assista o filme antes de começar a jogar.

Além do filme, existe o anime chamado Brotherhood, que, em 5 episódios, explica a origem de cada personagem e sua relação com o príncipe Noctis. O anime é bem divertido e também é recomendado que seja visto antes de começar sua jogatina, pois existem diversas conversas dentro do jogo que fazem relação às histórias do passado dos personagens.

Resumindo: enquanto o jogo faz aquele update de 9 gigas você tem aproximadamente 3 horas de meia de conteúdo para melhor aproveitar sua longa jornada nesse incrível universo.

Companheiros de batalha (e vida)

Um dos pontos mais fortes de Final Fantasy XV está em seus personagens e cada um dos quatro possui uma característica forte que o define: Noctis é o centro das atenções, Gladiolus é a força, Ignis é a inteligência e Prompto é o alívio cômico do grupo.

Existe uma química e um entrosamento entre os personagens que é extremamente raro de se encontrar em outros jogos. Durante as viagens de carro, os personagens conversam sobre os mais diversos assuntos e fazem piadas entre si. Quando você encontrar um lugar para acampar e descansar, poderá desencadear uma série de diálogos com algum dos outros membros do grupo e iniciar missões especiais com cada um deles. Prompto, por exemplo, pode te levar para sessões de fotografia em locais um tanto… perigosos.

Devagar e Sempre

Jogos de mundo aberto geralmente têm um conflito entre gameplay e narrativa, e Final Fantasy XV, infelizmente, não é exceção. O filme em CG e as primeiras horas dentro do jogo nos revelam que o reino de Lucis — o lar dos protagonistas — foi atacado. Há, aqui, uma grande inconsistência: a narrativa insiste em mostrar como os personagens estão amargurados com o acontecido e pretendem reunir forças pelo mundo para retornar com tudo. Do outro lado, há um grande mundo à sua espera, repleto de sidequests diversas. Após tantas tarefas, você dificilmente se lembrará de que existia alguma urgência em continuar a história principal.

Você poderia argumentar que isso é um problema praticamente inerente desse gênero, e eu concordaria — se não fosse pelo ritmo irregular do enredo. Existem capítulos que parecem estar na marcha zero no quesito progressão, enquanto outros jogam tudo de uma vez na sua cara, esperando que você absorva tudo de imediato.

Pau pra toda obra

Entre uma quest de história e outra, você receberá diversas sidequests com objetivos variados, como coletar itens no mapa, buscar objetos em uma área específica, tirar fotos, pescar e realizar diversas outras atividades. Assim como em Final Fantasy XII, existe um sistema de missões específicas para caçar monstros pelo mapa, e a cada missão entregue, você aumentará seu rank de caçador para liberar desafios e recompensas maiores. As caçadas podem ser iniciadas ao conversar com NPCs em lanchonetes espalhadas pelo mapa. Lá você também poderá coletar diversas outras informações, como pontos de interesse no mapa e aprender receitas novas.

Velocidade e dinamismo

O combate é uma das maiores inovações de FFXV: você pode dar adeus à Active Time Bar ou as batalhas por turnos. No maior estilo Kingdom Hearts Dream Drop Distance, as batalhas são ativas, rápidas e o Noctis possui uma habilidade única de teleporte para atacar inimigos à distância e alcançar lugares altos. Você pode apenas segurar o botão de ataque e o personagem atacará ininterruptamente até ser atingido e derrubado; existe um outro comando que permite que Noct bloqueie e desfira um contra-ataque mais forte.

As magias também possuem um sistema diferente, que remete um pouco a FF VIII. Durante a jornada, você encontrará diversos pontos de energia elemental, cuja essência pode ser drenada. A partir de tais essências, diversas magias únicas podem ser criadas. Cada magia é única e possui uma quantidade de uso limitada (por exemplo, você poderá criar um Fira com 3 cargas). Assim, as magias se tornam um recurso escasso e que deve ser usado como parte de sua estratégia; e o mais legal de tudo é que existem consequências para cada magia utilizada: magias de fogo queimam o chão, podendo também acertar os seus amigos no processo; magias de gelo diminuem todos na área de efeito. Por fim, as magias elétricas deixam uma carga estática no chão, ferindo quem passar por ela (seja amigo, seja inimigo).

Beleza para os olhos e ouvidos

A trilha sonora de Final Fantasy XV é obra de Yoko Shimomura, conhecida por Kingdom Hearts e Street Fighter II, e é incrível. A música do menu principal me fazia esperar pelo menos 3 minutos antes de começar o jogo, apenas para apreciá-la. Clássicos como a Victory Fanfare e a música tema dos Chocobos também estão presentes e você poderá ouvir até Prompto cantarolar esses temas.

Os cenários também são incríveis no nível de detalhe, o que me faziam apenas apreciar a paisagem enquanto Ignis dirigia o carro até a próxima quest. Os monstros clássicos de Final Fantasy também estão presentes aqui e você até poderá enfrentar um grande Behemoth logo nas primeiras horas de jogo.

Concluindo

Final Fantasy XV é um jogo incrível e que lhe tomará tantas horas quanto The Witcher 3. Há uma grande diversidade de coisas para fazer e os personagens conseguem deixar tudo mais divertido e leve: a personalidade de cada um e o entrosamento são, de longe, a melhor qualidade desse jogo. Existem problemas na história e, se você não assistir ao filme e ao anime, grande parte da experiência é perdida.  A primeira frase que aparece ao iniciar o jogo é justa e consegue resumir bem a experiência: “Um Final Fantasy para fãs e novatos”