Trazendo grandes mudanças na fluidez do jogo e contando com uma visão mais televisiva, FIFA 15 faz bonito e justifica uma sequência.
Lançar um novo jogo todo ano e mantê-lo atrativo é uma tarefa muito difícil que poucas produtoras dominam. Felizmente, a EA Sports tem feito um grande trabalho com a série FIFA, eu que sou fã desde 2008, vejo uma enorme diferença entre a versão de 6 anos atrás, já que houve mudanças de engine e incontáveis melhoras. Mais importante ainda, é possível distinguir o próprio FIFA 14 desta nova edição da franquia, mesmo que essa distinção não seja tão perceptível para jogadores mais casuais.
Alterações no motor gráfico Ignite introduzido no jogo passado, uma melhora gritante (e eu repito: gritante!) na atuação dos goleiros e uma série de ajustes, obrigam os jogadores a se adaptarem a um novo estilo de jogo introduzido no título, priorizando a velocidade e troca de passes. Mas, afinal de contas, a EA marcou um golaço?
Sinta o jogo
Em geral, durante todo esse tempo, jogos de futebol vêm trazendo partidas sem alma, sem emoção na tela, a tal emoção ficava por conta da competição exclusivamente. Quem teve a oportunidade de jogar as últimas edições da série NBA 2K, está vendo o maravilhoso trabalho da produtora em simular reais transmissões televisivas, com representações visuais dos narradores, repórteres e patrocínios de peso pra parecer que você está assistindo ESPN. FIFA 15 não faz tudo isso, mas a tentativa é válida e interessante.
Em busca dessa simulação televisiva, o jogo agora reproduz replays de gols e grandes defesas em momentos aleatórios da partida, dá mais atenção à torcida e ao banco de reservas, mostra jogadores se encarando após uma falta ou até mesmo protestando contra um cartão dado pelo juiz.
[quote align=’right’]FIFA 15 tenta simular transmissões reais televisivas, reproduzindo replays de gols e grandes defesas em momentos aleatórios da partida.[/quote]
As mudanças não ficaram só na parte de fora do campo. A jogabilidade sofreu consideráveis mudanças. Sabe aquela jogadinha de correr pela lateral e cruzar na área? Pode esquecer, nunca essa jogada ficou tão desvalorizada, e isso é ótimo. A EA dessa forma incentiva o uso de passes rápidos no meio de campo, lançamentos em profundidade e chutes colocados de fora da área. Os goleiros desta vez estão infinitamente superiores e muito mais espertos, com diversos movimentos novos. Saltos de cair o queixo e reflexos aprimorados fazem parte das mudanças e acabam com os “goleiros burros” dos títulos anteriores.
Falando em profundidade, o nível de detalhes que os fãs da série tanto amam continua. Ensaiar jogadas, reposicionar jogadores e mudar o comportamento do seu time (por exemplo, colocá-lo em modo de “Retranca Total” quando estiver com uma vantagem numérica confortável) continua possível e com várias opções. Tudo isso sem mencionar o imenso leque de dribles, dos mais básicos aos mais avançados, e a variedade de celebrações que você pode fazer depois de um gol. Pequenos grandes detalhes que se tornaram obrigatórios na franquia.
[quote align=’right’]A adição do sistema de “momentum” torna alguns lances menos exatos, introduzindo uma dose de aleatoriedade na partida, fator presente em qualquer esporte.[/quote]
Um novo recurso é facilmente o mais polêmico dessa edição. Foi adicionado um sistema de momentum (explicando a palavra aqui rapidinho: momentum quer dizer empolgação, por exemplo, quando o time está perdendo de 3-0 e em 10 minutos empata o jogo, ele estava em momentum, uma espécie de euforia que trouxe resultados inesperadamente positivos). Esse sistema permite que o atacante acerte um golaço em um jogo que já estava 2-0, mas erre o mesmo chute se estiver sob muita pressão, em um jogo mais apertado contra um time mais forte, mais uma tentativa de simular a realidade. Impossível saber se esse sistema também afeta seus companheiros de equipe, que cá entre nós, às vezes parecem um pouco confusos e instáveis.
O debate aqui é: ter essa dose de aleatoriedade é bom ou ruim? Isso é com cada um. Tradicionalmente, um jogo de videogame em sua essência deveria ser mais exato e o menos aleatório possível, mas ao mesmo tempo, quem joga e assiste futebol, sabe que aleatoriedade faz parte de qualquer esporte. Toda essa questão me renderia um artigo, ou quem sabe um livro, mas eu vou ser direto: ao meu ver, aleatoriedade é importante e adiciona uma grande emoção no jogo, eu não me frustro com bolas na trave.
Saindo do campo novamente, FIFA 15 tem uma gama enorme de modos de jogo, todos muito competentes. Seja um jogador, um técnico ou até mesmo o dono do seu próprio time, com o Ultimate Team. Aliás, o UT é um show a parte. É possível montar seu time do seu jeito. Meu time, por exemplo, é composto apenas por jogadores da liga inglesa, mas usa uniformes clássicos de times alemães e um emblema de um time americano, sem contar o nome ridículo. Meu principal objetivo? Comprar um jogador Legend, como o próprio Pelé, totalmente jogável no título.
Gráficos, trilha sonora e narração
Se você voltar alguns parágrafos, vai ver como eu elogiei a atenção da EA Sports aos detalhes na série FIFA. Na parte gráfica, não é diferente. Os estádios são lindos e muito bem representados (merecido destaque para a Allianz Arena), a grama é detalhada e sofre marcas de chuteira permanentes, o tecido da camisa dos jogadores amassa, tem marcas de sujeira e suor.
Fiquei surpreso ao ver em um vídeo que, em geral, PES 2015 tem modelos faciais superiores aos de FIFA 15. Não é uma decepção, visto que o jogo da EA tem muitos outros times licenciados, por isso não é possível dar uma atenção tão exclusiva, mesmo assim, é uma pequena porém notável desvantagem. Não se engane, a face dos jogadores no FIFA continua muito bem trabalhada, mas é importante reconhecer a superioridade da franquia da Konami nesse aspecto em específico.
Quem é veterano na franquia sabe que FIFA sempre tem uma trilha sonora pra lá de competente. Nesta edição, você provavelmente reconhecerá nomes como Avicii, Foster the People e Emicida, além de descobrir excelentes músicas enquanto navega pelos menus. Bela escolha da produtora manter uma seleção consistente e diversificada de músicas, te garanto que tem pra todos os gostos.
[quote align=’right’]Quem é veterano na franquia sabe que FIFA sempre teve uma trilha sonora pra lá de competente. FIFA 15 não foge à regra.[/quote]
Como no ano passado, Tiago Leifert e Caio Ribeiro, da Rede Globo, assumem a narração e comentários em português no título. Os dois fazem um belo trabalho em narrar as partidas. Com frases que não ficam repetitivas facilmente e comentários específicos para torneios, amistosos, partidas do modo treinador, jogador e Ultimate Team, é satisfatório ver a atenção dada ao nosso idioma no jogo.
Entretanto, vale dizer que a dupla todo jogo enfatiza que aquilo se trata de um videogame. Na edição passada, eu não acharia isso um ponto negativo, mas como a EA Sports começou neste ano a dar uma visão mais televisiva para o game, comentários como “No FIFA Online carrinho assim é pedir pra tomar cartão” parecem ir na contra-mão da produtora, que está tentando te fazer esquecer que aquilo é virtual. Novamente, a narração tem qualidade, mas por vezes é incoerente com a proposta da EA.
Foi gol ou não?
FIFA 15 nunca se esquece de que é um FIFA. Traz mudanças importantes e até mesmo polêmicas, mas sem abrir mão da atenção aos detalhes em todos os sentidos, da jogabilidade a narração, passando pela excelente trilha sonora e os variados modos de jogo.
O sistema de aleatoriedade presente no game pode ser um ponto negativo pra você, mas é impossível negar a beleza dos estádios, o estilo de jogo mais fluido e a complexidade de modos como o Ultimate Team. Para os fãs da série, uma compra obrigatória. Para jogadores mais casuais, algo pra começar uma vaquinha em breve. E para os novatos, um excelente ponto de partida.
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- Novo estilo de jogo
- Possibilidades táticas
- Diversidade de modos
- Ótima trilha sonora
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- Narração “incoerente”
- I.A. levemente confusa
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