Análise – Destiny 2: Renegados
Em sua grande maioria, Destiny foi um jogo feito de promessas. Toda E3, toda conferência envolvendo a Bungie ou a Activision trazia um banquete fresquinho com enormes, maravilhosas promessas e surpresas que iriam revolucionar a fórmula do FPS/RPG de mundo compartilhado. O primeiro Destiny, lá em 2014, sofreu consideravelmente por carregar mais do que conseguia e vimos de perto o declínio de algo promissor. Apenas no final de 2015, com a expansão Rei dos Possuídos, que as promessas começaram a sair do plano ideal e passar pro físico – um endgame com profundidade, um grind que fazia sentido e uma enorme área cheia de segredos. Sinto sua falta, Encouraçado.
Destiny 2 ficou fadado a repetir os mesmos erros do seu antecessor. Acrescentando mais umas pitadas de polêmicas envolvendo microtransações e você tem a fórmula perfeita pro desastre. As expansões seguintes, Maldição de Osíris e A Mente Bélica, tentaram colocar um band-aid no estrago mas não foi o bastante. Da mesma forma como Rei dos Possuídos salvou o primeiro Destiny, a Renegados teve o mesmo papel.
Como era de se esperar, a Bungie precisou de mais outro ano para colocar suas ideias no lugar, melhorar o que estava bom e descartar o que não funcionava. Parece um padrão que precisa de uma forcinha do dinheiro dos jogadores pra acontecer, já que estamos falando da Activision. E, bem, no final das contas, funcionou.
A morte de um heroi
Um dos principais marketings da expansão Renegados foi a morte do queridíssimo membro da Vanguarda e líder dos caçadores Cayde-6. Sendo um dos melhores personagens da franquia, a Bungie levou toda essa questão bem a sério em como tornar o enredo mais ‘sombrio’ e sério, e uma das formas encontradas, pelo visto, foi eliminar o alívio cômico que o jogo – desnecessariamente – precisava várias vezes.
A história começa com uma fuga da Prisão dos Anciões, que logo se transforma numa confusão generalizada. O Guardião (seu personagem, no caso) vai junto com Cayde e a desperta Petra Venj, ex-serva da rainha Mara Sov – que também estava presente no primeiro Destiny. Chegando lá, todos os prisioneiros mais perigosos da prisão escaparam – conhecidos como Barões. Porém, esse não é o pior dos problemas: Uldren Sov, irmão da falecida rainha, também escapou da prisão e pretende usar os oito Barões foragidos para colocar seu plano em prática.
No meio da pancadaria e tiroteio, Cayde se perde do grupo e se vê encurralado com toda a corja dos Barões. Embora tentasse resistir, os inimigos estão em bem maior número e Cayde é derrotado, sendo levado ao encontro de Uldren. E como visto nos trailers e materiais divulgados, já sabemos como o legado do personagem acaba. Após o ocorrido, Renegados introduz uma história bem mais pessoal e de vingança contra os assassinos de Cayde, em especial Uldren.
Apesar de apelar para um lado mais pessoal, o enredo se mantém na média do que era esperado. A apelação de matar um personagem tão querido é controversa, e olhando por um lado, até mesmo forçada. Cayde precisava mesmo morrer para dar todo esse ar sombrio e ”pesado”? É uma questão que terá vários pontos de vista – não há certo ou errado aqui. Similar ao que a Marvel fez em seu mundo cinematográfico, matar alguns personagens pode ser preciso para desenvolver a trama mais seriamente.
Não me impressionei com o enredo e tudo ocorre de maneira bem previsível, não dando muita margem para aquele tanto emaranhado emotivo que a Bungie pretendia fazer. A história é mais longa que o normal e conta com missões interessantes que se estendem até a área de endgame do jogo conhecido como Cidade Onírica. E esse vai ser meu próximo ponto nessa análise.
O velho que se torna novo mais uma vez
Mais conteúdo é algo que os fãs pedem há tempos. Não só conteúdo, mas conteúdo significativo – algo que justifique você logar todos os dias para completar diversas atividades que a expansão tem a oferecer. Renegados reformula todo o sistema de recompensas e o transforma mais parecido com o primeiro jogo, aumentando consideravelmente o nível de Poder máximo para que o jogador tenha a sensação de progresso sempre quando completa uma atividade.
Com o sistema de tokens descartado, os bounties voltam a ativa. Novos assaltos, atividades de exploração, PvP ajustado e duas novas áreas com novos segredos e eventos, além de uma penca nova de armas e armaduras. Tudo parece, finalmente, favorecer o seu tempo investido no jogo. O grind consegue ser divertido novamente, sem a necessidade de realizar mil vezes uma atividade que antes parecia sem sentido.
A expansão também trouxe um novo modo de jogo, chamado Gambit que mistura cooperação e competitividade. Conhecido como “PvEvP”, duas equipes competem em matar inimigos e coletar seus mote of light, com a intenção de depositar num banco e aumentar a pontuação de seu respectivo time. De tempos em tempos um portal se abre para que um membro invada o time adversário e tente atrapalhar a coleta desses itens. Ao chegar no limite máximo um chefe é invocado – caso algum dos times mate seu chefe primeiro, o round termina. Gambit foi uma ótima adição e é uma atividade extra bem divertida.
A Cidade Onírica é uma adição interessante e uma prova que o estúdio realmente levou a questão do endgame a sério. Todos os inimigos da área são de alto nível, o que vai te dar um certo trabalho no começo. Há um evento especial, chamado de The Blind Well que funciona mais ou menos como o sistema do Escalation Protocol na Mente Bélica, mas de forma mais simplificada. O local é repleto de segredos que os jogadores já estão descobrindo, além de várias quests secretas que irão levar a uns loots bem interessantes.
Além disso, é esperado que a próxima incursão, chamada de O Último Desejo, seja a maior e mais complexa da franquia. Como ainda não está disponível, só nos resta as especulações.
E o investimento?
Em questão de conteúdo, atividades e coisas gerais a se fazer, Renegados cumpre sua promessa. Temos uma expansão massiva, com boas mudanças que o jogo estava desesperadamente precisando. Porém, como eu disse, tudo isso vem com um preço – e um que não é muito barato. O modelo de negócio que a Activision adotou não é nem de longe o mais amigável, visto que para se jogar a Renegados é necessário ter as outras duas expansões previamente lançadas.
Levando em conta os preços da PlayStation Store brasileira, a versão básica (só com a Renegados) não sai por menos de R$ 129. Já a edição básica + passe anual que garante acesso às próximas expansões está na casa dos R$ 244, sem falar a Digital Deluxe que inclui o passe e mais uns bônus por R$ 269. Novamente ressaltando que você precisa dos conteúdos anteriores parar jogar a de agora.
Destiny é um investimento, e no fim das contas vai da sua vontade de investir mais ainda em um produto que já não era barato. O conteúdo está aí, mas vai valer a pena o desembolso? Analise, pense com cuidado e veja se é isso que você espera de alguém que vivia te decepcionando no passado mas que agora adotou uma boa postura.
[alert type=white]A expansão foi analisada com base numa chave de review provida generosamente pela distribuidora.[/alert]