Análise – Brigandine: Legends of Runersia
Provavelmente você nunca deve ter ouvido falar de Brigandine, a menos que tenha vasculhado esse vasto mundo dos RPGs mais desconhecidos do Playstation 1. Um jogo que mistura gerenciamento de reinos com RPG estratégico, em que seu objetivo é unificar o continente e provar sua soberania. Brigandine: Legends of Folsena foi lançado em 1998. Hoje, mais de 20 anos depois, a franquia foi ressuscitada com o lançamento de Brigandine: Legends of Runersia, exclusivamente para Switch e desenvolvido pela Happinet.
Ao iniciar o jogo, você precisa escolher uma entre as 6 regiões disponíveis:
- Shinobi Tribe – Um matriarcado de ninjas que vive entre as florestas.
- Norzaleo Kingdom – O reino localizado à noroeste do mapa, regido pela justiça, mas tomado por revoltas desde a morte de seu rei;
- Holy Gustava Empire – Uma nação formada pelos rejeitados dos outros reinos e sempre visto como inferior pelos seus pares;
- Republic of Guimoule – Berço dos chamados Rune Knights (que são fortes cavaleiros escolhidos pela divindade), Guimoule é a nação da glória (e foi minha escolha para a primeira campanha);
- Mana Saleesia Theocracy – Os auto proclamados seguidores do “Rune-God”, que acreditam ter sido escolhidos pela própria entidade divina;
- United Islands of Mirelva – A nação de piratas e saqueadores que vive nas ilhas ao sudeste do continente.
Planejar e Atacar
O jogo se divide em duas camadas de gameplay. Uma delas é o gerenciamento do seu reino, em que você precisa se preocupar em deixar as fronteiras com os reinos rivais bem protegidas. Para isso, você tem uma série de guerreiros de diferentes classes: guerreiros e bárbaros, que são bons no combate corpo a corpo, magos e clérigos, que são mais frágeis, mas de essencial suporte ao seu time, e algumas outras classes com habilidades especiais, como bardos e dançarinas.
Cada unidade também precisa de um exército, que são diferentes monstros que você vai invocar e treinar quando estiver enfrentando outros exércitos, seja para atacar ou para se defender. Se algum dos seus monstros for derrotado em batalha, você só vai conseguir revivê-lo com uma pedra específica, que é bem difícil de conseguir. Então, quando você perder monstros de nível baixo, nem se preocupe. Deixe para sofrer quando algum monstro de nível alto for cercado por algum erro e você perdê-lo no combate. Numa primeira visão, os monstros podem parecer bem descartáveis, pois é bem fácil substituí-los, mas você vai sentir bastante quando perder uma unidade mais para o final do jogo.
As unidades, tanto seus heróis quanto os monstros, ganham experiência com os combates e missões bem sucedidas e, ao avançar alguns níveis, você poderá evoluí-los para uma nova classe, que geralmente é uma versão mais poderosa da classe atual.
Cada herói possui um limite de pontos de magia, que também aumenta com o tempo. Esses pontos são utilizados para determinar quais e quantas unidades estarão disponíveis em seu exército. Aumentando a classe do monstro, seu custo também aumenta, então você provavelmente vai precisar escolher cautelosamente as criaturas que irá usar na medida que elas evoluírem.
Na fase de planejamento, você pode mover suas unidades entre as bases e, assim, garantir que nada esteja desprotegido de um ataque dos reinos rivais. Você pode também enviar seus heróis em quests em busca de itens e equipamentos, e até há uma pequena chance de você recrutar um novo monstro ou mesmo um novo herói nessas empreitadas.
No começo, os equipamentos podem não fazer tanta diferença assim, mas o jogo dá um salto de dificuldade no arco final, quando você precisará de todos os recursos. Sempre recomendo que você mande alguns personagens em quests para aumentar sua coleção de itens constantemente.
Depois da fase de planejamento, há a fase de ataque, o momento em que você indica quem de suas tropas deverá invadir os territórios dos oponentes e eles fazem o mesmo. A força geral de um reino é medida pelo CP, somando três heróis mais fortes que estão ali (pois só 3 são direcionados na batalha). Essa é uma boa métrica para você entender o quão desafiadora será a luta para você.
Estratégia dentro dos combates
A outra grande mecânica do jogo é o combate.
Diferente dos RPGs estratégicos tradicionais, o grid de movimentação é hexagonal, que traz uma complexidade maior para a estratégia, junto com o perigo para seus personagens. Você pode ter até 6 unidades cercando um inimigo, ou o contrário. Cada uma das suas tropas tem uma ação de movimento e uma ação de ataque. Pelo menos durante os primeiros dois turnos, você só irá se movimentar, pois os mapas são bem grandes e você começa longe dos inimigos, o que acaba acrescentando uns bons minutos desnecessários em cada combate.
Variações do tipo de terreno afetam a chance de acerto de cada unidade, então sempre vale a pena prestar atenção para onde você está movendo cada parte do seu exército. Cada tipo de unidade possui vantagem em terrenos específicos: gigantes se movem melhor em montanhas, enquanto as sereias e serpentes preferem ambientes aquáticos.
Há algumas habilidades especiais, principalmente as magias, que só podem ser usadas se o personagem não se movimentar, o que causa um problema grande para os magos. Você precisa posicioná-los bem no campo de batalha antes de poder usufruir de seu alto poder de fogo. Já os ataques de curta distância, em sua maioria, podem ser usados após um movimento, mas possuem uma chance de acerto.
Geralmente, você vai gastar entre 20 e 30 minutos em cada batalha e, se planejar bem, perderá poucas unidades. Seu exército também está sempre aumentando, pois você pode capturar algumas unidades inimigas ao derrotar os comandantes.
Arte belíssima, mas só fora do combate.
A trilha sonora de Brigandine e a arte dos personagens são um dos destaques para o jogo. Os desenhos são muito detalhados e trazem um pouco da característica de cada reino nos seus protagonistas. Uma pena que isso não é refletido dentro do campo de batalha, onde os modelos dos personagens são bastante repetitivos, variando apenas na troca de classes. O jogo também conta com dublagem em japonês e pequenas e simples cutscenes para contar a história.
Resumo
Em resumo, Brigandine é um jogo de nicho, direcionado a um público bastante específico. Você dita como jogá-lo e qual a melhor rota para conseguir seu objetivo dentro do tempo limite (que é mais do que suficiente). Cada reino tem sua história e motivação para dominar o continente e, com o decorrer do jogo, você vai conhecendo os personagens principais e suas histórias, mas isso pode acabar ficando de lado, se você se importar apenas com o gerenciamento e com as batalhas. A dificuldade do jogo escala absurdamente quando você entra no arco final, depois de mais ou menos 25h, então você vai precisar se preparar bastante para a última batalha.
Se você é fã de RPGs Japoneses e está buscando um RPG estratégico, essa é uma boa recomendação.