Eu não mudo de caminho quando vejo um gato preto ou uma escada que eu vou ter que passar por baixo, mas a tal “Maldição de Madden” chamou minha atenção.
Para os íntimos com o futebol americano e sua principal liga, a NFL, esta maldição (também batizada de “Madden Curse”) já é uma velha conhecida. Para os que não são fãs do esporte, pode ser uma novidade intrigante. Tradicionalmente, desde 1999, todos os jogadores que estamparam a capa de Madden NFL sofreram com contusões e baixas performances logo após o jogo ser lançado. Louco, né?
A Electronic Arts teve, na década de 80, a ideia de criar uma franquia de games de futebol americano, assim como criou o FIFA para o futebol e o NBA Live para o basquete. Para dar nome à série, a EA convidou John Madden, um jogador, técnico e comentarista de extremo sucesso dentro do esporte. Em 1988 sairia o primeiro jogo Madden NFL, com o próprio John Madden estampando a capa, na época já aposentado da carreira de jogador há muito tempo.
E assim foi durante muitos anos, com John Madden nas capas dos jogos. Em 1999, a EA decidiu começar a colocar jogadores na capa, talvez os consumidores já estivessem meio enjoados do velho John. Ele continuou a dar o nome para os títulos mas sem aparecer nas capas. Não há registro dele ter se revoltado com a decisão, mas o fato estranho é: desde 1999, todos os jogadores que apareciam na capa de Madden NFL tinham temporadas péssimas logo depois.
A lista é extensa e realmente perdurou ano a ano de 99 a 2015, quem realmente se interessar pode vê-la por completo, aqui vou citar os casos mais notáveis.
Michael Vick, em 2004, foi a escolha da vez da EA. Bastante novo na liga, o jogador estampou as capas de Madden NFL e exatamente um dia após o lançamento do título sofreu uma lesão na fíbula, que o deixou de fora de 11 jogos. Pouco tempo depois, quebrou a perna, novamente tendo uma temporada abaixo da média.
Em 2008, inicialmente a Electronic Arts escolheu LaDainian Tomlinson para a capa, mas os fãs de seu time fizeram uma petição para que ele não aceitasse o convite, justamente por causa da estranha maldição, que já estava assombrando a NFL por quase uma década. O jogador, pressionado, desistiu. No seu lugar foi escolhido Vince Young, que antes da capa foi escolhido o melhor jogador ofensivo do ano. Depois dela, logo foi demitido de seu clube e nunca mais brilhou.
A EA começou a levar a sério a maldição no seu décimo aniversário. No ano de 2009, Brett Favre foi escolhido “garoto propaganda”, e agora sem chances de errar: ele havia anunciado sua aposentadoria! Ledo engano. O jogador mudou de ideia e jogou depois de aparecer na capa do game, como resultado, aquele que é até hoje considerado um dos melhores jogadores da história da liga perdeu 4 dos últimos 5 jogos e foi dispensado pelo seu time.
No ano seguinte, a empresa tomou uma decisão radical pra quebrar a maldição: colocou dois jogadores na capa, Troy Polamalu e Larry Fitzgerald. Sabe de nada, inocente! Troy sofreu várias lesões no joelho e participou de 5 dos 16 jogos da temporada. O segundo foi bem na temporada regular, mas não jogou a fase decisiva de mata-mata por uma lesão nas costelas.
Ano passado, Richard Sherman quase quebrou a maldição – quase. Tendo se consagrado campeão com seu time na temporada anterior à sua capa do jogo, em 2014-2015 chegou às finais da liga com a chance de garantir dois troféus consecutivos. Mas, na grande final, seu time perdeu nos últimos momentos da partida e teve que se contentar com o vice. Um dia após o jogo, Sherman anunciou que precisaria de uma cirurgia em seu cotovelo.
Ontem, Odell Beckham Jr, dos New York Giants, foi anunciado como capa de Madden NFL 2016 – o jogador mais novo a estampar o game da EA, inclusive. Ganhador do prêmio de melhor jogador ofensivo da temporada, veremos se ele poderá quebrar a Maldição de Madden.