Análise Pokémon Let’s Go Pikachu! & Let’s Go Eevee!
É difícil imaginar franquias capazes de atravessar gerações sem perder a força. Mesmo entre altos e baixos, Pokémon ainda é capaz de arrastar multidões, causar alvoroço e balançar as estruturas de pessoas que são ou, em algum momento, foram fãs de Pikachu e companhia.
Em um passado recente, Pokémon voltou aos tablóides com uma surpresa inesperada: Pokémon GO. Tamanho sucesso fez com que aquele menininho, que nos anos 90 gastou milhares de pilhas no seu Game Boy Color, voltasse a ter interesse na franquia. E fez mais do que isso: Fez com que ele saísse do conforto de seu lar, com um celular em punhos, atrás do Charizard que estava na esquina do seu apartamento.
Agora, dois anos depois do estouro causado por Pokémon GO, chega para o Nintendo Switch os títulos que são um resultado da popularidade do game da Niantic: Pokémon Let’s Go Pikachu e Let’s Go Eevee. Um misto dos clássicos RPGs, recentemente presentes exclusivamente no Nintendo 3DS, e um tanto do tempero de Pokémon GO.
Afinal, isso tudo deu certo?
Tudo de novo (ou quase isso)
Pokémon Let’s Go é um prato cheio para os nostálgicos e fãs das antigas. Nos novos capítulos, revisitamos Kanto, continente dos clássicos Pokémon Red, Blue, Green e Yellow – que mais tarde foi palco dos remakes, do Game Boy Advance, Pokémon Fire Red e Leaf Green (sem contar Pokémon Gold, Silver e Crystal, onde podíamos viajar para a região clássica, após a vitória na Liga Pokémon).
Kanto vem com (quase) tudo que víamos nos jogos clássicos, com excessão de alguns detalhes. Não começamos com Charmander, Squirtle ou Bulbasaur, mas sim com Pikachu ou Eevee (cada um é escolha obrigatória nas versões homônimas). Mas não se preocupe, os queridos iniciais estão espalhados pelo jogo, tanto como Pokémon selvagens, como em eventos casuais, que homenageam passagens do anime e do game Pokémon Yellow.
Além dos 151 Pokémon, em Let’s Go temos os mesmos líderes de ginásio, fora a tradicional Equipe Rocket – com nossos familiares inimigos vestidos de preto e também Jessie, James e Meowth, que reforçam a sensação de nostalgia.
Não posso deixar de citar que, correndo por fora de todo o deslumbrante visual, capaz de dar vida e abrilhantar os cenários que outrora foram um emaranhado de pixels, a trilha sonora dos novos títulos é impecável. Sequências orquestradas, que respeitam ao máximo as versões originais, dão o tom em toda a jornada. Para os fãs das antigas ou mesmo os novatos, a música ambiente compõem com maestria toda a gameplay e são um verdadeiro deleite.
Novas mecânicas, para novos jogadores
Quando Pokémon Let’s Go foi anunciado, a Nintendo de cara revelou mudanças que balançaram a comunidade. Os fãs mais assíduos, que acompanham título a título desde o Game Boy, se viram ameaçados ao ver que algumas de suas amadas mecânicas tradicionais não estariam presentes no Nintendo Switch.
A principal mudança é o sistema de captura – que, para muitos, pode ser um verdadeiro incômodo. Em Pokémon Let’s Go Pikachu e Let’s Go Eevee não temos mais o sistema randômico para encontrar Pokémon selvagens. Aqui, capturamos os monstrinhos espalhados pelo mapa, próximo as gramas, esperando para serem pegos (caso você vá de encontro a eles). Além disso, a batalha contra os capturáveis Pokémon foi substituída pelo simples sistema de arremesso de Poké Ball, no mesmo estilo de Pokémon GO – inclusive com o auxílio dos controles de movimento (caso você decida jogar no dock).
Os jogadores mais tradicionais, e habituados ao clássico, muito provavelmente se adaptarão mais ao modo portátil do Switch, onde você substitui os arremessos por um simples apertar de botão, sem esquecer do timing na hora do arremesso. Jogar no portátil pode ser bem menos confuso, já que você pode usar os dois joy-cons acoplados ao console, diferente do dock onde você usa apenas um e é um tanto quanto desconfortável.
Embora para muitos a mudança seja um grande problema, para mim foi uma das mais agradáveis. É possível passar umas boas horas emplacando combos de captura – um novo sistema onde você pode “combar” capturas repetidas para ganhar mais experiência e itens bônus.
Leia mais: Dicas para se dar bem em Pokémon Let’s Go Pikachu e Let’s Go Eevee!
O sistema de captura se torna ainda mais divertido por conta da dificuldade do game – que é quase inexistente. Se você já achava Pokémon Sun e Moon uma verdadeira molezinha, em Let’s Go é tudo ainda mais fácil. Além dos desafios dos treinadores, que é bem discreto, temos um inicial totalmente acima da média – tanto Pikachu, quanto Eevee, são extremamente poderosos, aprendem movimentos fortes antes do que de costume e dão conta da maior parte dos adversários. Algumas batalhas podem dar um pouco mais de trabalho mas, na maior parte do tempo, você se desafiará nas capturas e nos combos – tanto para upar diversos Pokémon, visando ter uma vasta opção de combinações de time, quanto para capturar os raríssimos Pokémon Shiny.
Mais “Pokémon” do que “GO”
Eu não sou um grande fã de Pokémon GO, apesar de ter jogado por muito tempo (muito mais pelo fanatismo a franquia em si do que pelo game). Por conta disso, o meu maior temor era que os Pokémon Let’s Go fossem muito mais “GO” do que “Pokémon”.
Para o meu alívio, não foi bem assim.
A relação com o jogo mobile é bem discreta, ao longo de toda a jogatina no Nintendo Switch. Por mais que você possa linkar os dois games desde o início, o acesso aos seus monstrinhos do celular só é liberado na reta final da jornada – mais precisamente em Fuschia (uma das últimas cidades). Lá você libera uma área onde, em conexão com Pokémon GO, você pode passar os seus Pokémon do celular para o Switch.
O único ponto que torna “necessária” a integração dos games, é o novo Pokémon Mítico, Meltan e a sua evolução, Melmetan. Somente com uma troca de itens entre os dois games o Pokémon é liberado para captura no Pokémon GO, para que assim possa ser passado ao Switch e você possa completar 100% sua Pokédex.
Fora isso, os sprites dos Pokémon no game são muito parecidos com o jogo mobile – o que significou um grande avanço visual, se comparado aos títulos mais recentes do Nintendo 3DS. Somando isso aos belos cenários do game, os monstrinhos que aparecem nos combates (e fora deles, nas montarias) dão um charme e um nível de capricho jamais vistos antes em Pokémon.
Vale à pena?
Se você não curte muito as novidades, que já foram mostradas em trailers oficiais, talvez torça o nariz em muitos momentos, ou mesmo considere um equívoco a compra. Mas, mesmo assim, se está na dúvida ou acha aceitável, dar uma chance pode ser um bom caminho. Vai por mim.
Pokémon Let’s Go reinventa mecânicas, mesclando o novo e o clássico numa mistura pra lá de interessante, mistura esta que consegue agradar os fãs antigos, e atrai para uma nova plataforma os aficcionados jogadores de Pokémon GO, sejam eles fãs de longa data ou não.
Mesmo com seus defeitos, Pokémon Let’s Go Pikachu e Pokémon Let’s Go Eevee acertam em cheio na diversão, estética e não tem medo de ousar, abrindo um belo caminho para a franquia nessa nova geração – tanto de consoles, quanto de jogadores.
Ambas as versões estão disponíveis na Loja Nintendo, que pode ser acessada aqui.
[alert type=white]
Esta análise foi realizada com base na versão Pokémon Let’s Go Pikachu, gentilmente cedida pela distribuidora.
[/alert]