Análise – Romancing SaGa 2
No dia 15 de Dezembro de 2017, tivemos o relançamento de Romancing SaGa 2 para as gerações atuais, como Switch, PS4, Xbox One, PS Vita, Android e iOS. O clássico, originalmente lançado em 1993 para Super Nintendo é um JRPG com diversas similaridades com a série Final Fantasy, mas difere em alguns pontos chaves que o tornam extremamente interessante.
Apesar do seu fracasso no ocidente, com Romancing SaGa e Unlimited SaGa a série é um grande sucesso no Japão. Em 2016, quando o jogo foi portado para mobile pela primeira vez, pudemos entender (ou não) um pouco mais sobre essa série.
Mas a grande questão quando falamos de qualquer jogo remasterizado ou apenas portado é: O jogo envelheceu bem? Será que vale a pena investir meu tempo para jogar novamente (ou pela primeira vez)?
Uma mistura de gêneros
Além de conter os elementos básicos de um JRPG, Romancing SaGa 2 também traz consigo uma mecânica de morte e repetição tradicional dos roguelikes (muito antes do termo ser tão popular). É claro que quando falamos das características de roguelike, falamos em morte permanente.
Seus personagens possuem um atributo específico chamado de Life Points (LP); se você chegar a 0 de vida em alguma batalha, perderá um Life Point e quando esse atributo zerar, diga adeus a seu personagem. Bem, se você for fã de Game of Thrones com certeza já aprendeu a não se apegar muito aos personagens da história. Caso contrário, não se preocupe, há muitos personagens para você recrutar ao visitar cada cidade durante a história.
Diferente dos outros RPGs tradicionais, você pode (e vai) morrer, acarretando na perda de seus personagens, mas o interessante é que seu personagem principal irá transferir todas as suas habilidades para seu “herdeiro”, o seu próximo herói.
Dessa forma, o jogo tira uma grande vantagem da mecânica de tentativa e erro; se você estiver com muita dificuldade em uma dungeon, basta morrer e recriar toda sua party com habilidades que sejam mais adequadas para aqueles tipos de monstros. Essa curva de dificuldade pode acabar frustrando um pouco até você entender 100% do que está acontecendo.
Descobrindo sozinho
O jogo dá pouca ou nenhuma explicação sobre seus sistemas no geral. Apesar de parecer uma simples batalha por turnos, como em outros JRPGs clássicos, existem algumas pequenas diferenças. Você precisará escolher entre uma série de comandos que está atrelada a cada arma que os personagens estão equipados. Você pode ter um mesmo personagem com um arco e flecha e com uma espada equipados, por exemplo.
Ao final da batalha o time adquire Tech Points, que são basicamente experiência necessária para desenvolver HP e as habilidades com cada arma. Porém, há uma certa aleatoriedade para desenvolver novas habilidades e no meio da batalha, você poderá aprender um novo golpe.
A mecânica dos Life Points também não é explicada e descobrir sozinho ao perder um personagem pela primeira vez pode ser um pequeno sofrimento. Outro ponto importante e não explicado diretamente é que há um NPC no seu castelo que pode re-ensinar as habilidades aprendidas nos combates para outros personagens, caso você venha a perder quem aprendeu. Também, quando seus personagens morrem, os itens são transferidos para um baú, também dentro do Castelo. Então, antes de sair se aventurando com sua nova equipe, lembre-se de dar uma volta no seu reino e coletar os itens e habilidades.
A nova versão conta com um modo de New Game+, onde você irá levar seu progresso para a próxima jornada do seu império e assim, você poderá fazer algumas escolhas diferentes na evolução do império e obter itens ou personagens diferentes.
O verdadeiro protagonista
Romancing SaGa 2 não é a história de um personagem específico, mas a história de uma linhagem e do desenvolvimento do Reino de Avalon. Após o final do prólogo e ao derrotar o primeiro dos Seven Heroes, você terá acesso às quests e mecânicas do reino.
Completar missões, ganhar dinheiro, ajudar pessoas e investir em novas tecnologias, esse ciclo irá se repetir com a progressão da história e aqui há muito a ser explorado. Algumas quests também poderão dar acesso a personagens e classes especiais. Acompanhar as decisões e o desenvolvimento do reino, com certeza é uma das melhores coisas de Romancing SaGa 2.
Conclusão
Com gráficos retrabalhados para uma pixel art que irá trazer todo seu sentimento de nostalgia do passado dos JRPGs a tona, Romancing SaGa 2 é um jogo diferente. A falta de tutoriais e a curva de dificuldade pode trazer certas frustrações para os jogadores, ou trazer a alegria por não pegar na mão dos jogadores mais puristas.
Não se apegar aos personagens pode ser um problema e você com certeza ficará chateado de perder seu Imperador ou aquele Soldado que tanto investiu para desenvolver, mas esse é um mal necessário para a evolução da história e a proposta do jogo. Romancing SaGa 2 com certeza não irá agradar a todos, mas possui um lugar especial no coração de todo fã da “Era de Ouro dos JRPGS“.