Análise – Marvel vs. Capcom: Infinite
Parece que foi ontem que a Capcom anunciou Marvel vs. Capcom: Infinite no final da Capcom Cup de 2016 com aquele trailer do Ryu e Megaman X enfrentando o Homem de Ferro e Capitã Marvel. A ideia de ter o X no jogo já foi suficiente para causar um alvoroço que a comunidade de jogos de luta não via a algum tempo.
Até a E3 desse ano nós havíamos visto diversos conteúdos de Marvel vs. Capcom: Infinite e o gráfico não estava agradando tanto, mas sabem como é, né? Conforme o desenvolvimento avança, esses detalhes melhoram. Entretanto, não foi isso que vimos durante a conferência da Sony.
Desde então o jogo vem sofrendo críticas das mais diversas formas possíveis, seja do gráfico, do rosto da Chun-Li (que foi consertado) e, o mais importante, que as novidades de gameplay não agradariam.
Ultron Sigma e seu ódio pela vida orgânica
O modo história de Marvel vs. Capcom: Infinite foi vendido como algo de proporções épicas, onde dois universos distintos se juntariam para enfrentar uma ameaça jamais vista, Ultron Sigma, fusão do vilão dos Vingadores com o vilão da franquia Megaman X.
Porém, infelizmente, não é isso o que aconteceu. O modo história parece ser uma história fan-fiction criada por um fã. Com diálogos fraquíssimos que estão lá só para fazer leves referências que em vez de você pensar “Legal, olha ali uma referência!” você só coloca a mão no seu rosto e pensa “Sério…?”
Existem momentos bons, não me leve a mal. Mas esses momentos bons são poucos e em sua maioria são ofuscados pela falta de capricho na construção geral desse modo história. Um bom momento da história, por exemplo, é quando lutamos com Hulk e Ryu para proteger a cidade de Valkanda dos minions de Ultron Sigma.
Joguei o modo história por três motivos principais: Escrever essa análise, ganhar troféus e liberar novos estágios. Pretendo joga-lo novamente? Pode apostar que não.
“Funções”
Marvel vs. Capcom: Infinite é um jogo que foi desenvolvido pela Capcom e, ao contrário dos jogos anteriores, foi feito em parceria direta com a Marvel. O que isso significa? Que a Marvel, mais do que nunca, teve voz na criação desse jogo, e graças a isso, não temos personagens dos X-Men e do Quarteto Fantástico.
Esse foco em promover o universo cinematográfico da empresa atingiu em cheio a imagem de Marvel vs. Capcom: Infinite de uma forma extremamente negativa, ainda mais após a entrevista dada por Peter “Combofiend” Rosas, dizendo que “esses personagens são apenas funções. Eles estão apenas fazendo coisas.” Após isso ele citou o caso de que jogadores que gostam do Magneto agora tem Nova, Capitã Marvel e Ultron como opções para o estilo de jogo do personagem. Porém eles não são a mesma coisa do que usar Magneto. Assim como ninguém substituirá Wolverine, Tempestade e Gambit.
Agora que comentei do assunto que considerava mais delicado sobre o jogo, vamos falar dos personagens que estão em Marvel vs. Capcom: Infinite.
Você vem sempre aqui?
O jogo contém 30 personagens jogáveis e cada um tem seus nuances, tornando-os únicos e diferentes entre si. Isso é algo excelente, pois da variedade para experimentarmos o que bem entendermos com eles. Porém, apesar de Marvel vs. Capcom: Infinite ser considerado um reboot da franquia, 24 são personagens que já estavam em Ultimate Marvel vs. Capcom 3.
As caras novas são: Gamora, Thanos (ok, ele estava em Marvel vs. Capcom 2, mas agora ele não joga bolhas nos oponentes), Capitã Marvel, Ultron, Jedah e Megaman X.
Como disse acima, o trabalho feito com a jogabilidade dos personagens faz com que, apesar de serem personagens reaproveitados de UMvC3, joguem de uma forma diferente do que veteranos estejam acostumados, o que, de certa forma, é muito bom e da uma cara nova para os personagens antigos.
Gameplay
Agora vamos falar sobre onde o jogo brilha: Gameplay. Apesar dos problemas que o jogo apresenta, caso goste de algum personagem e decida dar uma chance para o jogo, Infinite pode, e provavelmente irá, lhe surpreender.
Marvel vs. Capcom: Infinite abandona o sistema de 3 vs. 3 para um de 2 vs. 2, abrindo mão das assistências clássicas para um sistema de tag, em que você pode trazer o seu segundo personagem para a batalha com um simples apertar de botão.
Infinite apresenta o sistema das Jóias do Infinito. Antes da partida você pode escolher uma entre seis jóias, sendo elas realidade, espaço, tempo, poder, alma e mente. Apesar de a jóia da realidade estar dominando o online no momento, todas elas tem seu charme e pode ajudar a virar um jogo.
Tudo isso pode até soar simples, mas o nível de profundidade que há no jogo e a liberdade que a Capcom conseguiu dar aos jogadores para criar combos misturando os personagens é algo de se admirar. E graças a isso, no momento em que escrevo essa análise, minha cabeça está querendo jogar mais Marvel vs. Capcom: Infinite.
Para todos que pegarem o jogo e se sentirem perdidos, há o modo de missões para aprender o básico do jogo, além de combos e recursos de todos os personagens. Uma excelente escolha para se aprender coisas novas sobre o jogo.
Visual e som
O visual de Infinite é algo estranho. Enquanto alguns personagens estão muito bem feitos e detalhados, como Strider Hiryu, Jedah, X e Dormammu, outros são sofríveis de se olhar. Dante, por exemplo, parece estar bem modelado, mas quando você olha para ele na tela de vitória parece ser um cosplay.
Outro personagem que me doeu ver em ação foi o Rocket Raccoon, um dos meus personagens favoritos da Marvel, seja pelos filmes ou pelos quadrinhos (onde ele não tem essa carinha tão amável). No jogo ele está, simplesmente, estranho…
Quanto a trilha sonora, o lado da Capcom traz alguns remixes dos temas originais de cada um dos personagens, algo que ficou bem legal e encaixou muito bem, como por exemplo, o tema do Ryu que você pode ouvir clicando aqui.
Já os temas dos personagens da Marvel… A grande maioria parece com versões genéricas dos temas que eles já tiveram um dia. Aparentemente a Marvel também quis tentar aproximar isso ao seu universo cinematográfico. Para nível de comparação, segue o link para a versão do Marvel vs. Capcom: Infinite e de Ultimate Marvel vs. Capcom 3 do tema do Nova.
Mas o Homem de Ferro tem um tema animal. Sério. Ele talvez compense todo o lado ruim da Marvel.
Wi-Fi e video games não combinam
A Capcom conseguiu trazer um netcode decente para Marvel vs. Capcom: Infinite. Eu, honestamente, estava com medo de como o online do jogo estaria, levando em conta o desastre que é o online de Street Fighter V, entretanto, 90% das partidas que joguei rodaram sem problemas, no máximo, com algumas pequenas travadas que não comprometeram a qualidade da partida.
Mas isso não quer dizer que você não vai pegar aquela pessoa que joga no Wi-Fi e jogar uma partida que trave a cada dois segundos. Por isso, se você joga no Wi-Fi, por favor, tente usar um cabo. Independente do jogo.
Marvel vs. Capcom: Infinite traz quatro modos distintos para partidas online: As tradicionais partidas de rank, casuais e lobbies para jogar com amigos. O legal foi a adição de uma liga para iniciantes, onde apenas jogadores no 15º e 14º rank se enfrentam, valendo pontos de rank.
O único “problema” do online é a pouca variedade de jogadores para enfrentar, uma vez que poucas pessoas ainda deram uma chance para o jogo. A maioria está no PS4, seguida pelo PC e, com um número significantemente menor de jogadores, o Xbox One. Mas isso não depende totalmente da Capcom, só do marketing, por não ter conseguido fazer muitas pessoas se interessarem em pegar o jogo no lançamento.
Conclusão
Marvel vs. Capcom: Infinite fez um péssimo trabalho para vender o jogo. Seja pela falta de personagens queridos dos fãs, como os X-Men, ou por um modo história sem sal e com um visual um tanto quanto questionável.
Mas se você for um fã de jogos de luta e estiver disposto a ignorar essas falhas, encontrará um dos jogos de luta mais divertidos lançados nos últimos tempos, que recompensa a criatividade dos jogadores das mais diversas formas.
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A análise foi realizada com base na versão de PlayStation 4 fornecida pela distribuidora. Marvel vs. Capcom: Infinite está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One.
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