I am Setsuna, produzido pela Tokyo RPG Factory e publicado pela Square Enix, veio com a proposta de trazer a era de ouro dos JRPGs de volta. Mas será que ele consegue cumprir sua principal missão?
Nostalgia e homenagens
Ao contrário dos jogos clássicos do gênero, não existem batalhas aleatórias. Todos os inimigos estão posicionados no mapa e, ao passar perto de um deles, o combate terá início. No começo, você enfrentará monstrinhos que parecem inofensivos, como coelhinhos, pinguins e outros animais bonitinhos.
Um dos principais pontos que remete aos JRPGs clássicos são as batalhas com Active Time Bar (ATB): uma barra que, ao ser preenchida por completo, dá o direito do personagem agir. As equipes são formadas por três personagens, e os que ficam na reserva ganham metade da experiência da batalha, o que resulta numa progressão mais lenta para os personagens menos utilizados.
Não há possibilidade de movimentações dos personagens, mas algumas habilidades podem posicioná-los mais próximos ou mais distantes do inimigo. Os ataques podem atingir um ou mais inimigos devido à sua posição e à área de alcance do golpe, adicionando um pequeno elemento de aleatoriedade a cada batalha.
Outro elemento que remete a Chrono Trigger é a possibilidade de ataques combinados entre personagens. E adivinhe o nome do primeiro deles? X-Strike.
O sistema de habilidades é diferenciado e você poderá adquiri-las por meio de mercadores presentes em todas as cidades. Para isso, você deve cumprir missões, que requerem a coleta de itens para pesquisa. Depois, eles podem ser vendidos para esse mercador em troca de acesso a novas habilidades.
Nas cidades não existem INNs para que os personagens descansem e se recuperem, mas itens como Tent e Cabin podem ser usados no mapa e em savepoints para recuperar a vida de todos os personagens sem gastar milhares de poções.
Frio, branco e triste
O clima melancólico e triste da história remete muito a Chrono Cross, com uma pitada de Final Fantasy X nos personagens. A semelhança entre Setsuna e Yuna é clara e essa influência se estende para outros personagens, como Nidr: um guerreiro com uma espada gigante, lembrando muito Auron.
Há um constante senso de urgência na história, pois o mundo corre um grave perigo se a jornada de Setsuna não for concluída. Em todas as cidades e vilarejos que o grupo passa, pequenas histórias alternativas são desenvolvidas, mas a maioria delas é rapidamente concluída, fazendo-as parecerem irrelevantes para a missão principal.
Os personagens, com exceção de Endir (que é um herói quase que silencioso, no qual suas únicas falas são as escolhas do jogador) são desenvolvidos ao redor da história e criam uma conexão profunda (e que eu não sentia há muito tempo) com o jogador.
Diferente dos JRPGs da atualidade, onde a ambientação colorida e alegre é um dos pontos principais, toda a ambientação de I Am Setsuna se dá em um cenário gélido, quase monocromático, que contribui para o clima diferenciado e praticamente triste.
A trilha sonora ajuda na imersão e é composta principalmente por um piano intenso. Confira:
Com uma história que dura entre 20 e 25 horas, I Am Setsuna mostra-se um JRPG de qualidade e focado na nostalgia, cumprindo sua proposta principal: trazer a era de ouro dos JRPGs de volta. Com diversas influências, este jogo é uma singela homenagem aos jogadores fãs dos antigos RPGs japoneses, mas talvez não seja tão atrativo para a geração mais nova de jogadores.
I Am Setsuna só me faz querer mais jogos da Tokyo RPG Factory.
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Esta análise foi realizada com base na versão de PlayStation 4 gentilmente disponibilizada ao Jogazera pela Square Enix.
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