Review – Splinter Cell: Blacklist

Após Splinter Cell: Conviction, onde tiraram praticamente toda a essência Stealth da série, os fãs esperaram ansiosos para que o próximo jogo da franquia trouxesse novamente a furtividade. Isso de fato aconteceu, mas veio junto com a mecânica mais focada em Ação de Conviction, fazendo com que Blacklist tenha um “jogue da forma que você quiser”, trazendo tudo que qualquer fã de Splinter Cell gostou nos jogos, mas colocando-as de forma tão aleatória que acabou virando um desastre.

História

A história baseia-se no Fourth Echelon, um grupo clandestino de forças especiais dos Estados Unidos que respondem apenas à presidente. A equipe traz Sam Fischer como comandante, Anna Grímsdóttir, é a chefe das operações técnicas, Charlie Cole, um hacker. Além do companheiro de guerra de Sam, Victor Coste, e um ex-agente da CIA, Isaac Brigs (que protagoniza as cenas mais “Call of Duty” da campanha).

Eles devem deter um grupo terrorista chamado Engenheiros, um grupo de 12 pessoas que criaram um ultimato chamado Blacklist, uma lista de ataques que irão ocorrer a cada 7 dias nos Estados Unidos. E para detê-los, Fischer terá que viajar pelo mundo, para matar (ou não) os mercenários terroristas, em nome da verdade, justiça, e do direito norte americano de invadir países estrangeiros. Passando pelo Irã, Síria, Inglaterra, Estados Unidos, Paraguai, entre outros. Porém não da para sentir isso enquanto jogamos o jogo, apesar da ambientação ser bem feita em alguns lugares, os mapas em geral são claustrofóbicos e sem nada que de fato faça sentir que você esteja naquele país.

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Não podemos esquecer do Paladin, o avião espião que o Fourth Echelon montou sua base de operações. Lá você pode conversar com sua equipe de suporte, ligar para Sarah Fischer, filha de Sam, para saber como ela e o páis em geral esta se saindo com as ameaças terroristas, customizar os gadgets e trajes de Sam, acessar missões da campanha, co-op e ir para modo competitivo Spies vs. Mercs pelo SMI. O SMI acabou se tornando o menu do jogo, assim que você entra não há uma tela de “Load Game” como os outros, você toma o controle de Sam, e caso você queira recomeçar as missões, ou ir para o multiplayer, você acessa o SMI.A história também não é nada demais. Com apenas as informações dadas nesses dois primeiros parágrafos acredito que 90% dos leitores já adivinharam o que acontece no final do jogo. Além do clichê de filmes de espionagem, a forma que a história é contada chega a ser monótona, onde muitas vezes você vai pensar “melhor não pular esse diálogo, pode ser que falam algo importante”, e até o fim do jogo, isso não acontece, você é apenas enviado para países ao redor do mundo para pesquisar informações sobre os próximos ataques da Blacklist e tentar impedi-los.

Gameplay

A Ubisoft tentou agradar todos os fãs de Splinter Cell, trazendo aspectos de Chaos Theory, onde você pode completar a campanha sem dar um tiro sequer, e de Conviction, que é exatamente o oposto disso tudo, e no caso de Blacklist, essa abordagem menos furtiva acaba sendo muito menos estressante. O jogo conta um headshot brutal, que praticamente explode a cabeça dos seus inimigos, sem falar da habilidade de instant kill de Sam, que após você marcar 3 inimigos, com um toque de um botão ele finaliza todos com um headshot. Mas independente de você matar ou não seus inimigos, o jogo recompensa você com pontos, que podem ser gastos em upgrades para a sua base, para Sam ou seu personagem em Spies vs. Mercs.

Você ganha mais dinheiro agindo de forma mais furtiva, mas creio que isso se deva ao desafio que é agir dessa forma em Blacklist. Com seus mapas, em geral, pequenos e a grande quantidade de inimigos, você vai acabar se sentindo mais seduzido pela forma assault do que pela stealth. Sendo que em jogos anteriores da franquia você passava por um lugar escuro ou de noite, com relativamente poucos guardas, em Blacklist você irá se deparar várias vezes jogando em ambientes aberto, à luz do dia e com 7 ou 8 guardas em média, e dependendo da ocasião esse número pode passar do 15 soldados.

Mesmo após o que foi dito aqui você pense em jogar stealth, Splinter Cell se tornará uma das experiencias mais punitivas que você terá no gênero. Um dos motivos é o fato de que há muitos inimigos para serem evitados e um espaço muito pequeno para fazer isso (como já foi dito anteriormente). O fato de conter alguns caminhos alternativos que em raras vezes facilitam sua vida, acaba obrigando Sam, na maioria das vezes, chegar por trás de seus inimigos e bota-los para dormir com seu takedown, Taser, Besta com dardos não letais, ou simplesmente esperando atrás de uma parede até seu inimigo se aproximar.

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Falando em esperar seu inimigo se aproximar para conseguir fazer um takedown, não serão raras as vezes em que você estará no posição correta, o terrorista vai estar do seu lado, você vai apertar o botão para ativar o takedown e Sam não irá fazer nada, fazendo com que Sam morra de forma estúpida. Aproveitando a deixa, há outros bugs no jogo, como quando Sam fala algo ou assobia para chamar atenção dos inimigos até uma armadilha e eles, como se tivessem uma visão de raio-x, simplesmente começam a atirar em vez de ir investigar. Além disso, os inimigos em geral tem uma visão periférica minúscula, isso quando sequer eles tem alguma visão, pois em cerca de quatro vezes, eu tive a oportunidade de ir de frente para um terrorista, dar tempo de dar a volta em torno dele até suas costas e dar um takedown, sem ele sequer ficar em alerta de que eu estava há 10 centímetros do nariz dele. Tudo isso acaba diminuindo a imersão do jogo e torna a experiencia para quem for jogar stealth muito mais frustrante.

Apesar disso, um dos pontos altos do jogo é o sistema de customização, você pode mudar cada detalhe dos equipamentos de Sam, comprar armas melhores, mudar sua mira, pente, trajes para ter mais defesa ou para fazer menos baralho, alterar seus gadgets, cor dos óculos. Além disso você também pode customizar o Paladin, melhorando certos lugares do avião abrem bônus para Sam, como novas armas, ou o radar conseguir captar inimigos de mais longe. Tudo isso ajuda Sam a se tornar um exército de um homem só.

Áudio e Gráficos

Splinter Cell: Blacklist chega com dublagem e legendas em português brasileiro, e a Ubisoft teve cuidado de pegar uma equipe de qualidade para fazê-la. Muitos dos que jogarem reconhecerão a voz de Sam Fischer, pois quem a dublou foi Tatá Guarnieri, famoso por dublar Jack Bauer nas três primeiras temporadas de 24 Horas, e Kenshin Himura, de Samurai X. Porém a dublagem dos inimigos que nós enfrentamos no meio do jogo tem falhas gigantes, como eles começarem a falar árabe ou inglês em determinado momento e voltar a falar português, pareceu que o orçamento para dublagem da Ubisoft tinha chegado ao limite e não conseguiram gravar as frases que faltaram para os soldados (detalhe que isso não ocorre na dublagem americana). Mas apesar disso a dublagem é muito boa e não tem nenhuma falha de português.

Na maior parte do jogo você nem irá reparar na trilha sonora do game, por ela colocar você no clima do que esta acontecendo, mas não ser nada de demais a ponto de chamar muito a atenção dos jogadores. O jogo conta com um bom sistema de som, que caso você esteja jogando com headphone conseguirá ouvir os inimigos se aproximando e a voz deles ficando mais alta conforme chegam mais perto.

O jogo tem um gráfico muito bonito, principalmente nos personagens principais, cheios de detalhes (é possível ver cada fio de cabelo branco na cabeça de Sam) e com expressões faciais que podem ser comparadas às do L.A. Noire. Porém os ambientes externos não são nada fora do comum e em certos momentos, na versão dos consoles, as texturas perdem a qualidade e dão algumas borradas, além de algumas vezes ser possível se deparar com alguns blocos quadrados, com pouco refinamento.

O trabalho de iluminação e sombras é muito realista, tendo em consideração o fato de isso ser um dos pilares do jogo. Ao caminhar em ambientes fechados e com pouca iluminação você se sente como um predador em uma caça, porém quando esta em um lugar iluminado, você acaba se tornando a caça, para combater isso Sam pode atirar nas lâmpadas, já que em locais com muita luz, seus inimigos tem uma visibilidade melhor de você. Isso tudo ajuda a tornar toda a iluminação do jogo muito dinâmica.

Multiplayer

Splinter Cell: Blacklist conta com um variado modo multiplayer. Há a possibilidade de jogar cooperativamente em 14 missões, (sendo que apenas 4 delas são obrigatoriamente cooperativas,) apesar de ser bom sempre ter conteúdo adicional após a campanha, os mapas parecem que não foram feitos para serem jogados cooperativamente, apenas parecem missões normais, mas com dois personagens. Cada personagem secundário da história pode dar missões cooperativas e cada um tem um estilo diferente de missão, por exemplo: As missões de Charlie são para que Sam e Briggs sobrevivam ondas atrás de ondas de inimigos, e a cada nova rodada eles ficam mais forte, no melhor estilo dos challanges dos jogos da série Arkham de Batman. As de Grim são stealth, onde você falha apenas por ser visto. Já as de Briggs tem momentos em que você vai se sentir jogando algum outro jogo, como Battlefield ou Call of Duty, mas menos Splinter Cell, como em um momento onde um fica em terra e outro controla um Drone aéreo jogando mísseis nos inimigos para proteger seu colega.

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Spies vs. Mercs está mais ágil do que nunca, caso você seja um espião, basta correr por trás de um mercenário e com um toque no botão você corta a garganta dele e sai andando como se nada houvesse acontecido. Um dos melhores modos do jogo é um em que os espiões precisam hackear objetivos pelo mapa e os mercenários precisam defender, já que para se ter a vitória nesse modo é necessário uma boa dose de estratégia e trabalho em equipe. Já o Team Deathmatch trabalha com times misturados, podendo ter espiões ou mercenários no mesmo time, tornando as coisas meio complicadas, pois é fácil confundir quem é quem no meio da partida.Mas o que rouba a cena é a volta do Spies vs. Mercs, que tem seu retorno só agora após 7 anos. Nesse modo você pode jogar como um espião no melhor estilo de Fischer no modo campanha, com câmera em terceira pessoa, rápido e mortal, já caso você seja um mercenário a câmera muda para primeira pessoa e você será um dos guardas, lentos, mas com muita resistência e armas pesadas. Jogando o clássico 2 vs. 2 ou no novo 4 vs. 4 podendo editar seus loadouts, Spies vs. Mercs trás um ar fresco ao modo multiplayer que anda sendo usado nos jogos mais recentes graças a sua batalha de gato e rato.

Conclusão

Com uma história clichê e as vezes monótona e com um gameplay que tenta trazer os antigos fãs da série de volta para a franquia, Splinter Cell: Blacklist acabou se tornando um jogo de tiro em terceira pessoa com pequenas doses de stealth que não agrada, em um jogo que parece ter sido feito por um roteirista de filme de ação. Apesar dos pequenos bugs do gameplay, é possível se divertir com o jogo, que em geral tem bons gráficos, boa dublagem e o excelente multiplayer de Spies vs. Mercs.

[infobox title=’Ficha Técnica’]Tom Clancy’s Splinter Cell: Blacklist
Plataforma: PlayStation 3, Xbox 360, Wii U e PC
Desenvolvimento: Ubisoft Toronto
Distribuição: Ubisoft
Data de Lançamento: 20/08/2013[/infobox]