Review – Beyond: Two Souls

Produzido pela Quantic Dream, mesmos produtores de Heavy Rain, outro exclusivo do PS3, Beyond: Two Souls traz um enredo diferente para os consoles. Foi prometido muito sobre esse jogo, inclusive após o que foi dito por Guillaume de Fondaumiere, vice presidente da produtora, que o jogo foi muito ajudado pela tecnologia de renderização do PlayStation 4 e que consequentemente traria gráficos incríveis para esse fim de geração.

Mas após tudo isso ficou a dúvida se o jogo é digno da produtora que criou Heavy Rain, um dos principais jogos lançados para o PlayStation 3 até hoje. Muitas pessoas estavam com um pé atrás (inclusive nós) com todos os trechos de gameplay que nos foram mostrados, como uma cena em que nossa protagonista, Jodie Holmes, está no meio de uma guerra, e outra em que ela esta fugindo da polícia, e como a produtora conseguiria encaixar tantas coisas distintas em um só jogo. Bom… Nessa análise nós vamos tentar explicar todos esses detalhe e o motivo de Beyond: Two Souls ser uma compra obrigatória para qualquer dono de PS3.

Enredo Holywoodiano

Não podemos esperar nada diferente disso vindo da excelente Quantic Dream. Beyond: Two Souls conta a história de Jodie Holmes e como ela lida com Aiden, uma entidade misteriosa que está ligada a ela desde seu nascimento. Essa ligação vai desde quando ela era uma pequena criança, passando pela adolescência e a sua fase rebelde, indo até quando ela já é uma adulta morando sozinha. Tudo começa quando Jodie (Ellen Page) é uma criança e, devido às coisas que Aiden fazia, seus pais procuraram o setor do CIA responsável pela pesquisa de eventos sobrenaturais. Assim, Jodie conhece Nathan Dawkins (Willem Dafoe) que acaba tratando essa pequena criança como uma filha.

Beyond Two Souls Review 1

Nesse meio tempo é mostrado como Jodie lidou com Aiden desde  pequena e tinha seus pesadelos com monstros (que nesse caso não era bem um pesadelo), até ela aprender a controlá-lo e acabar chamando atenção da CIA, que a convida para se juntar à equipe da agência, como pode ser visto no vídeo um pouco mais abaixo. Após isso Jodie acaba fugindo da agência, se tornando uma das pessoas mais procuradas de todo os Estados Unidos .

Tudo isso é contado de uma forma não linear, ou seja, você irá jogar capítulos com a Jodie adulta, depois criança, voltando para adulta e depois na adolescência, o que acaba tornando a história muito mais interessante com essa dinamização, do que aquela velha ordem cronológica de sempre. Além disso tudo nós devemos destacar a excelente atuação de Ellen Page como Jodie Holmes, Willem Dafoe como Nathan Dawkins, Eric Winter como Ryan Clayton e Kadeem Hardison como Cole Freeman. Graças a eles esse jogo conseguiu passar todas as emoções que os produtores queriam que fossem passadas aos jogadores em todos os momentos do jogo, principalmente nos momentos mais reflexivos onde você vai acabar se pegar pensando nas consequências que suas decisões terão para tais personagens e irá começar a se importar com eles.

Escolhas nem tão importantes

O jogo trás uma jogabilidade diferente do comum, pois além do esperado “point and click,” que seria aquele gameplay simples de você andar por ai e interagir com o ambiente apertando botões que o jogo pede, o jogo também trás elementos de stealth, TPS (Third Person Shooter), além de outra mecânicas novas como a de Aiden. Então, sempre tivemos em mente que devido a toda diversidade e ousadia em misturar tantos elementos em um jogo só, o gameplay em determinadas partes não seria tão bem desenvolvido assim. Um exemplo disso é o sistema de combate corpo a corpo onde a jogabilidade se resume em apenas desviar dos ataques ou acertar a direção que Jodie irá desferir seus golpes. Apesar de parecer simples, isso acaba se tornando confuso, pois você tem que prestar sempre atenção pois a direção que você tem que seguir é relativa a posição da tela na hora e isso acaba demorando um tempo para pegar o jeito. Os momentos de tiros no jogo são bem simples onde basta apertar R1 para você matar seu inimigo, e o sistema de cobertura do jogo é muito bem feito, chegando a ser superior a de jogos que são 100% do gênero de tiro em terceira pessoa.

Mas uma das coisas que mais decepcionou aos fãs da Quantic Dream foi o fato de que o jogo não tem um sistema de escolhas tão estruturado como o de Heavy Rain, algo que a grande parte das pessoas esperavam que tivesse em Beyond. Isso se deve ao fato da história não permitir tanta liberdade assim, logo as decisões acabaram tendo uma importância muito menor. Elas ainda estão lá, mas de uma forma diferente e mais inteligente do que apenas selecionar um botão ou outro. Em Beyond: Two Souls você tem a oportunidade de fazer inúmeras coisas nos capítulos e caso você faça algo ou não, o jogo irá tomar um rumo diferente. Mas nada que acabe fazendo muita diferença nos finais do jogo e sim em algumas partes ou diálogos apenas.

Lindo de se assistir

Beyond: Two Souls bota a prova toda a capacidade gráfica do PlayStation 3. Não é novidade para as pessoas que o PlayStation 3 tem um hardware mais poderoso do que seu concorrente e por isso os jogos exclusivos sempre tiveram gráficos superiores a outros jogos lançados por empresas third party e Beyond mostra o quão poderoso pode ser esse hardware.

Com gráficos de encher os olhos e ambientações fantásticas e riquíssimas em detalhes. O jogo se passa em vários locais diferentes, desde a casa de Jodie quando pequena, sua nova casa quando era pesquisada por Nathan, depois com os cenários de treinamento para sua entrada na CIA, além dos campos de guerra na África, fora em outras ocasiões que nós visitamos florestas, desertos e até mesmo um local que tem de tudo para ser no pólo norte de tanta neve que tem, e apesar de toda essa diversificação a imersão que você sente é sempre fantástica devido a qualidade dos elementos colocados no jogo.

E não podemos esquecer do esplêndido trabalho de dublagem feita por toda a equipe do jogo, foi um trabalho fantástico. Isso se deve principalmente ao fato da forma que utilizaram para capturar os movimentos para o game, capturando o áudio em conjunto, além de obviamente a equipe ser praticamente toda composta por atores experientes, como Ellen Page e Willem Dafoe que já concorreram até ao Oscar, prêmio máximo para um ator, o que facilitou bastante nessa naturalidade nas atuações em geral, como já dito.

Falando em captura de movimentos, Beyond trás uma das melhores movimentações já vistas em jogos, onde apenas de você se mexer para um lado ou outro você já consegue reparar no cuidado que tiveram para fazer com que o jogo fosse o mais fiel possível com a física, com o balançar dos braços e a inércia do movimento anterior que você estava fazendo ainda tendo efeito.

Conclusão

Beyond: Two Souls é uma das melhores demonstrações de como um jogo de video game se transformou nos últimos anos para algo muito além de um simples boneco verde comendo frutas e fugindo de fantasmas. Beyond tem um enredo fantástico, com personagens cativantes, várias mecânicas de jogo, apesar de nem todas serem tão bem feitas quanto outras, além de uma fantástica produção visual e graças ao seu sistema de gameplay onde você tem liberdade para fazer praticamente o que quiser e consequentemente provocando algumas mudanças no enredo acaba trazendo uma alta dose de replay, pois você vai ficar intrigado para saber o que aconteceria caso tivesse agido de outra forma em determinada situação.

Então nós consideramos Beyond como uma das compras obrigatórias para qualquer dono de PlayStation 3 e recomendamos que prestem muita atenção, pois David Cage provou que os exclusivos de ouro da Sony não são feitos apenas pela Santa Monica, Naughty Dog e Sucker Punch, pois também tem a Quantic Dream.

[infobox title=’Ficha Técnica’]Beyond: Two Souls
Plataforma: PlayStation 3
Desenvolvimento: Quantic Dream
Distribuição: Sony Computer Entertainment
Data de Lançamento: 08/10/2013[/infobox]