Retrozera: Super Monaco, a jornada do herói com capacete de fibra

Precisamos falar sobre a Fórmula 1.

Não. Não essa que passa todo domingo na Rede Globo, narrada pelo incansável Galvão Bueno. A verdade é que meu interesse pelo esporte da elite automobilística caiu bastante desde que Michael Schumacher se retirou das pistas pela primeira vez. Mas, independente disso, os games simuladores da F1 caíram no meu conceito, tal como o próprio esporte em si.

A FIA estuda, anualmente, métodos de tornar o esporte mais equilibrado, mas parece que perdeu o interesse em torná-lo mais interessante. A solução certamente não virá de mim, ao menos para a Fórmula 1 da “vida real”. Mas para os games eu posso sugerir: Olhem para o Super Monaco, caros produtores.

Luvas vermelhas para os campeões

Grandes rivais. Carros manuais. Pistas ameaçadoras. Isso não parece um comercial do novo Velozes e Furiosos? Pois é, isso era a Fórmula 1. Tínhamos o ídolo nacional Ayrton Senna disputando com seu maior rival, Alain Prost. Era uma loucura, eles pareciam se odiar de verdade. Esse era um cenário perfeito para ambientar um game, temos que assumir.

Mas por que todo esse “blablablá”? Eu explico: Super Monaco trazia para o vídeo game o espírito que a Fórmula 1 tinha aflorado. O desejo de trocar de equipe, de ter um carro melhor e pode disputar no topo. Pegar luvas vermelhas e ser campeão.

O jogo era basicamente isso. Pilote, acerte as curvas e, se por acaso largou mal, jamais – eu disse jamais! – permita que um retardatário te passe! Aqueles carros iguais, que ficam lá atrás e só te passam se você estiver realmente muito mal, se lembra?

Em Super Monaco o desafio não está em dominar uma jogabilidade complexa. É claro, você precisava ser impecável nas curvas para poder vencer dos pilotos de equipes melhores. E aí estava o desafio: subir de equipe. Estar na equipe melhor. Vencer a temporada não era algo que estava na sua cabeça, o desafio era simplesmente crescer como piloto e poder enfim se tornar um herói.  Deixe a trilha sonora te conquistar, acerte as curvas, não quebre o carro e chegue na Madonna – equipe fictícia que representava o que talvez fosse a Williams nos anos 90.

Diversão e dificuldade na dosagem certa

Em algum momento a grande dificuldade de se pilotar um carro de Fórmula 1, devido a necessidade de um realismo excessivo, tomou conta dos títulos modernos. Em Super Monaco deixamos isso de lado para abraçar a simples missão de se divertir. Não será fácil, eu te garanto. Mas será intenso, como nenhum jogo do gênero poderá te proporcionar nos tempos atuais.

Tire sua fita do armário, ponha seu capacete de fibra (imaginário ou não) e sinta o que é ansiedade de verdade ao ouvir aquela voz radiofônica dizer “Final lap”. Super Monaco pode ser, ainda, um exemplo de como se faz jogos de corrida de qualidade.