Retrozera: Golden Axe, o clássico e sua eterna influência

Há algumas semanas, em uma corriqueira conversa com amigos, falávamos sobre a velha máxima do mundo dos jogos (e da televisão, música, arte…): nada se cria, tudo se copia. Na ocasião em questão, um amigo dizia que Horizon: Zero Dawn nada mais era que um Far Cry Primal em terceira pessoa. Fiquei revoltado. Discutimos por um tempo e não chegamos a um consenso. Comparamos Horizon com Far Cry e com Zelda. Falamos sobre as ideias que se copiam e em um momento da conversa eu soltei a frase: “Bom… se Golden Axe não tivesse surgido, talvez aquela ideia de domar os monstros não existisse”.

Pois bem. Posso ter exagerado — devo concordar —, mas toda essa introdução só serviu como desculpa para eu chegar no clássico Golden Axe, do Mega Drive. Aliás, a discussão que acabei de descrever também acabou servindo como desculpa para eu tirar minha fita do armário e viajar de volta para o universo desse jogo — que, sem exageros, é uma obra prima dos anos 90.

Daí pensei: nunca é demais falar sobre Golden Axe.

Espadada, porrada e bomba

Um guerreiro semi nu, uma maga semi nua e um anão barbudo. Não, não se trata de uma paródia pornô medieval. Golden Axe te entrega, na palma de uma esquelética mão, três opções de personagem para começar sua jornada. A primeira vez a gente nunca esquece: fui de anão. Fácil é que não foi. Ao menos após a segunda fase.


Na época em que se faziam jogos difíceis em excesso, Golden Axe entregava um desafio e tanto. De cara, você se vê em um mundo medieval. “Cutscenes” de camponeses fugindo do perigo chamam a atenção. Mas a ação não para. É pancada, ombrada e espadada. E você, ao menos no início, é quem distribui porrada.

Progredindo um pouco você se torna familiarizado com os comandos, entende que pode usar uma espécie de “ataque especial” e, além disso, pode derrotar inimigos montados em feras e roubá-las para você — isso se outro inimigo não roubar antes. Achou maneiro montar em um alce em Breath of The Wild? Experimente um dragão 16-bit que cospe fogo e bota qualquer Dragonborn pra correr.

Esqueletos me mordam!

Quem nunca morreu para aquele primeiro esqueleto em Dark Souls, que atire a primeira pedra!

Ok, talvez eu seja realmente ruim na série souls. Mas, convenhamos, esqueletos deveriam ser mais assustadores. Seja como for, assim como em Dark Souls, eles estão presentes no clássico “Machado de Ouro”. E, olha só que coisa, também podemos empurrá-los de precipícios. Mas não se engane: se a cimitarra das malditas caveirinhas podem ferir até o Aladdin — imagine a você, jovem aprendiz viajando em Golden Axe pela primeira vez.

Caveiras não são os únicos inimigos em comum com os RPGs contemporâneos. Temos cavaleiros negros, gigantes e amazonas mais furiosas que a Xena.

E é disso que eu estou falando, meu caro! Um jogo de fases, limitado a duas dimensões, que entrega elementos de magia, armas e inimigos que serviram de discurso para o batismo dos jogos modernos que hoje amamos desfrutar.  Eu não vou nem falar dos personagens descansando em fogueiras, podendo encher seus frascos de magia, no final de cada fase. Obrigado por trazer isso pra gente de novo, From Software.

Acelere a máquina do tempo, McFly

Não é todo mundo que tem disposição para pegar jogos antigos e desfrutar de seus deleites nos tempos de hoje. Mas se você ao menos jogou (e curtiu) Shovel Knight, dê uma chance para Golden Axe. Vai por mim. Permita-se mergulhar numa época de ouro. A viagem vale a pena.

Voltar no tempo foi muito divertido. A clássica fita dos 10 jogos, que, além de Golden Axe, ainda trazia Sonic e Streets of Rage, fez o meu domingo. Pensar que esses caras bolaram tudo aquilo com um capricho e uma quase imperceptível profundidade, numa época onde tudo era bastante primário, é fantástico demais!

Jogar Golden Axe anos depois e poder enxergar tantas referências nesse simples game do meu passado foi recompensador. Afinal de contas, os clássicos nunca morrem.