O que senti jogando Hatred

É impossível falar de Hatred sem mencionar seu valor simbólico. O jogo chegou até mesmo a ser retirado do Steam por ser violento demais e está proibido de ser transmitido via Twitch, devido a sua restrição para maiores de 18 anos, algo relativamente raro atualmente. A imprensa americana cansou de falar do título, principalmente o acusando de trazer uma violência absolutamente gratuita.

O sistema do jogo é bastante simples, trata-se de um shooter com visão isométrica e consiste em matar todo mundo e avançar para o próximo cenário, só isso. O protagonista deixa claro no começo que “odeia toda a humanidade e não tem a menor pena em matar tudo e todos”.

Dito isso, dá para entender que o jogo chamou uma atenção a mais pela violência, mas será que precisava de todo esse alarde?

Questão moral

Hatred

Como dito anteriormente, o protagonista-misterioso-de-cabelo-estranho não tem um relacionamento muito amigável com seus colegas do planeta Terra. Na cinemática inicial, ele diz que “agora é a hora da vingança, e não há vida nenhuma que deve ser poupada”. É isso, o cara odeia todo mundo e você tem que aceitar.

Parece muito cruel à primeira vista, mas como eu já disse em outro post (sobre outro assunto), essa indústria precisa amadurecer. Filmes com violência gratuita em que alguém procura vingança por motivos pouco esclarecidos e mata centenas de inocentes não são raros, e todo o público do cinema já aprender a digerir isso. Nós precisamos digerir também!

Hatred passa longe das cenas de tortura de Grand Theft Auto V, da famosa cena do aeroporto em Call of Duty: Modern Warfare 2 ou da garotinha morrendo subitamente em Modern Warfare 3. Isso porque nem o protagonista nem as pessoas que você mata não têm ligações com você, são só… pessoas, assim como os terroristas genéricos que matamos em shooters por aí. Não são pessoas inocentes, são pixels inocentes.

Além disso, o jogo não exagera no quesito gore, ou seja, a brutalidade não pode nem ser comparada com os litros de sangue que vemos nos fatalities de Mortal Kombat (veja abaixo). Cabeças explodem e tal, mas nada que não possamos ver de vez em quando em outros títulos.

Sim, Hatred é violento e o protagonista tem um toque de crueldade, mas é tudo tão superficial que todo esse sensacionalismo da imprensa de games em cima do jogo não se justifica, o game não tem toda essa extravagância de selvageria, desumanidade e frieza que parece. É só um cara estranho e sem criatividade para frases de efeito com algumas armas matando pessoas aleatórias até cansar.

O jogo em si

Hatred 2

Talvez eu aprofunde todo esse quesito técnico do título em uma futura análise, mas para potenciais compradores e curiosos, para ser bem direto, Hatred é mediano. Ele até brilha em alguns quesitos, como a física que é bem interessante e no visual preto e branco com alguns elementos coloridos, que ajudam a dar um toque bem obscuro que a temática pede, mas acaba aí.

No começo, sair atirando por aí é até razoavelmente divertido, mas logo fica repetitivo e frustrante, já que uma leve batida no capô de um carro te mata na hora, e pior, geralmente te obriga a voltar do começo, já que os checkpoints são raros.

A inteligência artificial está longe de ser brilhante e a dublagem é forçada e sem expressão, tanto no caso do protagonista quanto no caso dos seus alvos. Como já dito, Hatred não passa de um jogo mais ou menos.

Muita violência ou muito mimimi?

Para resumir bem, não, o jogo não merece todo esse alarde que a imprensa fez.

Primeiramente porque a jogabilidade está longe de ser brilhante, e em geral é um produto na média, que vale a compra apenas dos curiosos e fãs do gênero. E em segundo lugar, porque Hatred falha até mesmo em dar continuidade na polêmica que começou, se revelando bem menos interessante do que esperávamos.

Uma pena que Hatred tenha ocupado tamanho espaço nos holofotes com tantos indies realmente inovadores precisando de atenção.