O que senti jogando ARK: Survival Evolved

Raiva, frustração, e uma imensa sensação de “mas que grande porcaria, não acredito que paguei por isso”.

Claro que enquanto pensava neste texto considerei que talvez esse tipo de jogo não seja para mim – apesar de gostar muito do estilo “open world” – mas é impossível negar que ARK foi uma das piores experiências que tive nos meus mais de 20 anos como gamer. Acredito que foi a primeira vez que não consegui experimentar um jogo por mais de 3 horas, e olha que já testei muita coisa estranha e joguei muito jogo em alpha.

Sim, eu entendo que o jogo ainda está em desenvolvimento (apesar de achar essa coisa de Early Access meio controversa, mas isso fica pra outra hora), só que não dá pra ignorar o fato de que muita coisa parece mal feita/inacabada e afeta negativamente a primeira impressão ao entrar no jogo:

  • Otimização/performance gráfica inexistente. Enquanto The Division chega a 40-60fps em Medium/High no meu PC, ARK, consegue 40fps com a maioria das configurações em “Low”, o que torna o jogo horrível. A vegetação e os dinossauros pequenos viram uma coisa só.
  • A interface do jogo é sofrível. Opções e mais opções de configuração amontoadas por menus sem nenhum tipo de atenção.
  • A criação do personagens, apesar de oferecer várias opções, possibilita bizarrices como as de baixo:

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E isso só para citar os pontos mais latentes, os maiores problemas vêm mais abaixo:

Iniciando o jogo

Você é um homem ou mulher que acorda praticamente nu em uma ilha deserta cheia de dinossauros e outros animais perigosos. Não há nenhum tipo de explicação/tutorial para quem entra no jogo pela primeira vez, nenhum plot trabalhado, nem muita ajuda da interface.

Não há nenhum tipo de balanceamento nas “start zones” existentes. O jogo permite que usuários criem suas fortalezas nelas, ou seja, você pode ter o azar de que sua primeira experiência em um jogo que você nunca viu nada a respeito seja a de nascer dentro de uma fortaleza de outro jogador. E se o(s) dono(s) não estiver(em) online, você não faz ideia do que está acontecendo até entender que está preso e precisa se suicidar para começar de novo – algo que só percebi quando fui explorar o lago dentro da fortaleza e havia uns 10 corpos de jogadores low level que tiveram o mesmo azar. Sério.

E aí na sua segunda tentativa de iniciar o jogo está de noite, onde é absurdamente escuro (você enxerga uns 10%) e depois de andar 5 metros, “alguma coisa” level 16 aparece e lhe mata em duas mordidas.

E então, após finalmente morrer umas 3 ou 4 vezes nos primeiros 30/40 minutos do jogo, você finalmente começa a entender um pouco mais. E aí começa a diversão O TERROR que são os níveis iniciais de ARK: grind, grind, grind, grind e um pouco mais de grind.

Você passará os próximos 10 (ou mais) níveis coletando tudo que encontrar, tentando gerenciar o desespero que é lidar com todos os avisos do jogo de “você precisa se aquecer”, “você precisa comer”, “você está sendo atacado”, etc. Sério, os primeiros 10 níveis são uma luta contra o jogo para não morrer de fome (aparentemente, comer 25 amoras não lhe sustenta nem por 5 minutos. Impressionante), coletando tudo quanto é fruta, pedra, madeira e palha até conseguir fazer suas primeiras peças de roupa, sua primeira machadinha, e por aí vai. Ah, e nada do jogo te explicar muito sobre o que você pode criar, etc. É tudo meio bagunçado mesmo.

E se não bastasse esse grind interminável para não morrer, no meio de tudo isso você pode ser atacado por pequenos dinossauros alguns vários níveis acima de você, que ou lhe matarão ou farão você perder muita energia (e consequentemente precisar comer mais ainda), correndo para o mar para se salvar.

Apelo

Eu consigo entender o apelo que ARK tem. Nas horas que estive no jogo e nas pesquisas que fiz, deu para entender o quão bacana é a ideia de poder construir uma infinidade de estruturas e lidar com criaturas incríveis – ou mesmo construir bizarrices conforme abaixo.

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Só que apesar de querer muito gostar de ARK e poder experimentar todas estas possibilidades e maluquices existentes, a frustração inicial e os defeitos do jogo foram demais para mim, e ARK está devidamente deletado e enterrado no limbo do minha Library no Steam.

Por fim, talvez o maior elemento esperado dentro de um survival (ao menos para mim) seja que a sobrevivência do jogador esteja majoritariamente atrelada às escolhas feitas dentro do jogo, e que este sempre lhe ofereça formas de sobreviver  – só que é justamente nisso que ARK falha, entregando uma experiência caótica e cheia de defeitos.