O que achamos do beta multiplayer de DOOM

Após mais de uma década de rumores, promessas e especulações, o reboot de uma das franquias fundadoras do gênero de tiro em primeira pessoa finalmente vê seu retorno; DOOM tem data marcada para 13 de maio deste ano e promete trazer à tona todos os aspectos oldschool do gênero, com muita ação, velocidade e violência.

O beta fechado do multiplayer aconteceu no final de semana passado (1 a 3 de abril) e dois de nossos editores jogaram algumas (várias) horas dos modos disponíveis e contam aqui para vocês as impressões do modo online do título.

[divider]Mateus Alexandre[/divider]

Sempre fui um pouco cético quando o assunto é reformular jogos clássicos ou portá-los de sua plataforma original, e com DOOM não foi diferente. Não seria exagero dizer que eu cresci com essa franquia – e eu certamente não gostaria de vê-la arruinada por ideias que não combinassem com o estilo do jogo ou por simplesmente tirar a identidade do que Doom é por motivos de venda. E após inúmeras horas jogadas nesse final de semana, nunca fiquei tão aliviado por estar errado.

Digo, eu já tinha assistido outros trailers, gameplays e impressões de outros sites que corroboravam com essa minha ideia, mas foi só sentindo na pele que o verdadeiro feeling e game juice do jogo vieram com vontade. As influências de Quake e outros arena shooters como Unreal Tournament são inegáveis, e DOOM soube pegar o que há de melhor das primeiras franquias da id Software e transformá-lo numa experiência que você só sente – de fato – jogando.

No beta, apenas dois modos estavam disponíveis: o clássico Team Deatchmatch (mata-mata em equipes) e novo estilo de jogo chamado Warpath. Esse modo assemelha-se bastante ao “Capture the Point”, no qual as duas equipes brigam pela dominação de um ponto específico do mapa – com o pequeno detalhe que esse ponto específico se move. Sim, a mecânica dessa modalidade te obriga a ficar em movimento constantemente, mesmo quando sua equipe está tentando dominar o local.

Esse tipo de modificação nos modos de jogo concorda com o game design de maneiras espetaculares. DOOM é praticamente sobre movimentação e posicionamento; estar no lugar certo no momento certo faz a total diferença na hora de peitar seu adversário. A sensação de matar os outros usando as “glory kills” (finalizações especiais usando ataque físico quando seu inimigo está com a vida baixa) é indescritível.

DOOM tem tudo para ser uma honra ao legado que seu passado construiu, e mesmo jogando apenas o multiplayer, a essência do que a franquia tem está ali, pronta para trazer turbilhões de saudosismo a quem cresceu vendo seu tio jogando o primeiro Doom no Windows 98.

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[divider]Felipe Spengler[/divider]

Quake 3 Arena foi o primeiro jogo realmente online que experimentei, lá nos idos de 2001, e o primeiro que realmente admito que viciei. Foram incontáveis horas jogando um dos mods do Q3 chamado de eFreeze, no qual você tinha somente a Rail Gun como arma, e quem tomava um tiro ficava congelado até que alguém do seu time ficasse próximo de você – ou o longo timer passasse e você desse respawn. Além disso, era possível usar o grappling hook para se movimentar rapidamente pelos mapas.

O motivo desse pequeno relato é para que vocês possam imaginar a minha empolgação ao ler o anúncio de que o objetivo de DOOM multiplayer era resgatar o modo arena, o que felizmente pelo beta parece que será cumprido.

A inspiração que DOOM tem no seu famoso irmão mais velho é notável em vários elementos: desde o estilo caótico das batalhas, armas, detalhes visuais até o exagero de sangue. Mas por se tratar de um beta, era de se esperar que haja pontos a serem melhorados, especialmente para jogadores de PC:

  • A não-existência do console de comandos, algo clássico dos jogos da id Software, é algo que incomodou e espero que esteja presente na versão final para que possamos alterar opções como FoV, blur e outras (estava presente no alpha, então pode ter sido algo temporário);
  • O FPS “travado” em 60 prejudica a experiência em PCs mais modernos com monitores com uma taxa de atualização superior a 120Hz. A parte de configuração avançada estava travada no beta, mas imagens vazaram mostrando opções para selecionar o Hz do monitor – ou seja, ainda há esperança;
  • Não tenho certeza se a tentativa da id Software de colocar elementos de gameplay mais modernos no jogo, como progressão de level e destravamento de “upgrades” foi bem executada. Tudo parece ainda meio bagunçado, mas a parcela que vimos no beta é pequena, então é esperar para ver;
  • A falta de compatibilidade da engine do jogo com softwares de captura de vídeo, como o Nvidia Shadowplay é grave para um jogo moderno. É possível gravar somente ativando o modo “desktop”, no qual você grava qualquer coisa da tela, o que muitas vezes prejudica o framerate. E isso também impede o correto funcionamento de programas de injection, como o SweetFX;
  • Poucos mapas estavam disponíveis no MP e nenhum deles parecia muito inovador. Se tem algo que Quake 3 Arena tinha eram mapas incríveis – e os melhores eram feitos por usuários. Espero que isso seja uma realidade na versão final.

No final, considerando que o jogo ainda está em beta, DOOM tem tudo para ressuscitar o gênero arena oferecendo uma experiência ao mesmo tempo nostálgica e renovada, que poderá agradar tanto antigos fãs do estilo, quanto novos jogadores que queiram sair um pouco do estilo “simuladores”.

Nas arenas, praticamente tudo é possível.