Inspirador, nostálgico e totalmente selvagem: O que eu senti jogando The Legend of Zelda – Breath of The Wild

Ansiedade

substantivo feminino

1. grande mal-estar físico e psíquico; aflição, agonia.

2. fig. desejo veemente e impaciente.

O sentimento pelo recém-lançado título da franquia The Legend of Zelda, durante os últimos anos, pode facilmente ser definido pelo substantivo definido acima. A ansiedade, como explicada no dicionário, é simplesmente um desejo impaciente por algo que está para acontecer. É provável que a maioria dos fãs de Zelda se identifiquem com esse sentimento.

Após diversos adiamentos, especulações e pequenos vídeos revelando poucos detalhes do jogo, o novo capítulo de Link recebeu seu nome. E respirar nunca foi um ato tão difícil de se realizar como nos momentos em que a Nintendo revelava pedacinhos e mais pedacinhos de seu novo jogo. Não foi fácil esperar, não é mesmo?

Mas, sofrimentos à parte, o pior já passou. Está acontecendo: mergulhei fundo em Hyrule, deixei a selvageria tomar as minhas horas e os meus dias. Anos de espera, uma expectativa enorme e, enfim, aqui estou.

Este artigo não será o suficiente para descrever o que Breath of The Wild representou para mim. Mas eu vou me esforçar.

O capricho de uma obra de arte 

Ao entrar em Hyrule pela primeira vez, chamados por uma misteriosa e doce voz feminina, nos deparamos com algo que, por muitos momentos, nos acompanhará em nossa jornada: a imensidão. 

Confesso que, de um tempo pra cá, me tornei uma pessoa que torce o nariz para jogos de “mundo aberto”. O que no passado eu tratava como genial, hoje eu encaro como uma simples desculpa para os games partirem do pressuposto que podem estar um passo a frente por conta disso. Se o mundo é aberto o jogo é grande, é completo e blábláblá… Sabe? Conversa fiada — na maioria das vezes, eu diria.

Mas dessa vez, a coisa ficou diferente.

Cada detalhe, cada inimigo e cada lugar que você pisará com Link trarão uma sensação única. Um mundo completamente vivo, repleto de surpresas e detalhes que fazem você esquecer que tudo aquilo ali é programado. A minúcia de seus criadores é notada desde os cômicos e diferentes diálogos com NPCs aleatórios até inimigos que, dependendo de seu “gosto”, podem até pegar uma arma que você arremessa e usá-la contra você!

A selvagem imensidão de uma Hyrule destruída nos mergulha em um longo horizonte repleto de caminhos e opções que podemos, literalmente, escolher a bel-prazer. Como talvez você já deva ter visto por aí, alguns jogadores optaram por, sem mais nem menos, partir direto para o desafio final e enfrentar o chefão, salvar o mundo e fim de papo. “Simples assim, Daniel?”. Nem tanto. Mas, se você quiser, a opção está lá. Arrisque-se. O jogo te proporciona essa opção e isso é totalmente incrível.

E mais uma vez ela, a nostalgia

Eu costumo ter uma relação deveras complicada com a nostalgia. Às vezes não estamos muito bem um com o outro e ela parece querer brincar comigo. Outras vezes, ela vem para estampar um sorriso diferente do que eu esboço normalmente. Nos jogos de videogame, ela costuma agir muito bem. E em Breath of The Wild não foi diferente.

Se você é um veterano nos games do “Herói do Tempo”, provavelmente neste mais recente capítulo você identificará diversos elementos que marcaram a franquia. Logo de cara, no início do jogo, a estrada nos leva a um lugar um tanto quanto familiar: O Templo do Tempo, ou “Temple of Time”. Tão importante no clássico Ocarina of Time de 1998, nessa selvagem Hyrule está, como muitas outras área do jogo, destruído. Mas, independente disto, a sensação de pisar lá novamente é indescritível. Entrar no emblemático templo e encontrar alguns Bokoblins — inimigos iniciais do jogo — lá dentro nos dá vontade de limpar a área. Exterminar tudo o que pode ter sido responsável por tal destruição. Como diria Cecília Meireles: “É como se eles estivessem pisando na minha infância”.

Conforme o game avança, outros easter eggs podem ser encontrados. Isso sem contar a trilha sonora, que diversas vezes parece ameaçar um ou outro acorde que instantaneamente nos faz erguer as sobrancelhas e esperar que alguma música clássica da franquia seja executada. A trilha sonora de Breath of The Wild é genuína e impecável. Sem tirar nem pôr.

Uma experiência imperdível 

Independente de elogios, notas, críticas ou premiações, Breath of The Wild é uma experiência única e que todo amante de videogames deveria experimentar. A sensação de se estar em um mundo que, a todo instante, parece estar realmente vivo, faz do novo Zelda um jogo que muda a ótica do mundo aberto.

Revisitar Hyrule anos depois de minha última viagem me deixou extremamente saudosista. Mas, nostalgias a parte, o novo título da Nintendo não merece ser comparado a seus antecessores. Ele divide águas, se destaca em uma geração repleta de bons RPGs e revoluciona o seu gênero com elementos e detalhes feitos com muito carinho.

Carinho que, por sinal, é o que Zelda nos faz sentir desde o seu nascimento. E Breath of The Wild estará para sempre na minha memória, guardado com muito carinho, como um dos melhores jogos que eu tive a oportunidade de jogar.