Análise: Yooka-Laylee é pura nostalgia no corpo de um plataformer moderno

Yooka-Laylee foi anunciado em sua página de Kickstarter como um sucessor espiritual de Banjo-Kazooie: um plataformer 3D com dois personagens que se completam. No entanto, em vez de um urso e um pássaro, temos um camaleão (Yooka) e um pequeno morcego (Laylee). Ao final da campanha de crowdfunding, em junho de 2015, 73 mil apoiadores colaboraram doando um total superior a 2 milhões de libras ao projeto. Desenvolvido pela Playtonic Studios, uma empresa formada por diversos ex-funcionários da Rare que participaram do desenvolvimento dos clássicos da série Donkey Kong e Banjo-Kazooie. É um incrível pensar que um jogo de tamanha qualidade tenha sido desenvolvido por uma equipe de aproximadamente 15 pessoas.

Puramente nostálgico

Parece que eu estou jogando algum platformer clássico, como Gex, Banjo-Kazooie ou mesmo Spyro.

Esse foi o meu sentimento quando executei Yooka-Laylee pela primeira vez, que permeava desde o design dos cenários até a trilha sonora. Praticamente tudo remete à era pós 64 bits do final dos anos 90 e começo dos anos 2000, mostrando que os nomes por trás do jogo entendem o que estão fazendo. Mas combinado com essa nostalgia, vem também um sentimento de novidade; um jogo diferente em meio a tantos lançamentos.

Hivory Towers é o hub do jogo, onde pode-se acessar todos os outros mapas

É preciso atravessar os cenários do platformer utilizando das habilidades de ambos os personagens. A progressão do jogo ocorre ao você adquirir novas habilidades, algumas delas são fornecidas para que você alcance novas áreas e outras podem ser compradas de um NPC específico. O grande charme do jogo é que as habilidades podem ser compradas em qualquer ordem e toda habilidade que você comprar lhe dará acesso a novas áreas espalhadas ao redor dos cenários. Yooka pode pular, rolar e usar sua língua para absorver alguns itens, ganhando novas habilidades. Já Laylee pode usar um disparo sônico para atordoar os inimigos ou bater suas pequenas asas para que Yooka consiga pular por maiores distâncias. A curva de dificuldade escala de uma maneira sutil, dando tempo para que você possa aprender e dominar as novas mecânicas recém adquiridas.

Ir para um novo mundo ou expandir o atual?

Assim como os jogos clássicos, Yooka-Laylee consiste em uma série de coletáveis espalhados pelos mapas. O principal deles são pequenas páginas chamadas de Pagies e são elas que darão acesso aos novos cenários. As páginas mágicas podem ser obtidas através de pequenos desafios em cada fase, alguns desafios são dados por NPCs (e com certeza você reconhecerá alguns deles de outros jogos) e outros estão em locais que só serão alcançados quando você obter alguma habilidade específica. Ao atingir um número específico de Pagies, você poderá voltar ao Hub do jogo e expandir aquela fase, liberando novas áreas, novos coletáveis e o chefão da respectiva área. Porém, ao invés de expandir o cenário, você pode escolher ir atrás do próximo tomo, dando acesso a um novo mundo com uma infinidade de outros itens escondidos. Essa liberdade que Yooka-Laylee proporciona te permite escolher seu ritmo de jogo.

Eu preferia sempre tentar conseguir o máximo de coisas de um mundo antes de partir para o próximo. Ah, e não é tão simples assim você achar o próximo mundo, pois o Hub é bem complexo e cheio de segredos. 

Yooka Laylee

Referências por todo lugar

Se você joga video-game desde o final dos anos 90, com certeza reconhecerá diversas referências espalhadas pelo mundo de Yooka-Laylee. Elas estão em todo lugar: no nome dos NPCs, nos diálogos entre os personagens, nas características dos vilões. A Playtonic até lançou o Yooka-Laylee Rap, que é uma excelente homenagem ao Donkey Kong Rap, lá do DK 64.

Um outro NPC que é uma grande referência é chamado de Rextro, um dinossauro feito em low-poly, que parece tirado de algum jogo do Nintendo 64. Ele é o guardião de alguns arcades que dão acesso a mini-games, cada fase possui um mini game diferente, e você terá que bater o high-score se quiser conseguir uma recompensa. Há um outro NPC que te levará à uma viagem no trilhos de uma mina, revivendo toda a experiência lá de Donkey Kong.

Para onde ir agora ?

Como você decide a direção que o jogo irá tomar, Yooka-Laylee dá poucas dicas sobre o que fazer adiante. Se você não encontrar a passagem que dá acesso ao próximo mundo, irá ficar diversas horas explorando e procurando para onde ir. Por mais que isso possa parecer um tanto frustrante, recomendo que você não busque pelas soluções dos puzzles ou direção dos próximos caminhos no YouTube, pois o sentimento de recompensa por descobrir algo novo é incrível.

Controles rápidos… até demais

Uma das grandes dificuldades que encontrei foi de acostumar com a velocidade dos comandos em Yooka-Laylee, pois o jogo tem algumas partes onde é necessário um pouco mais de precisão nos pulos. Os movimentos são rápidos e os pulos podem ser maiores do que você está calculando e isso pode custar algumas horas até você se acostumar como Yooka se movimenta, mas ainda irá errar alguns pulos nos estágios mais avançados. Uma das coisas que fiz e ajudou bastante, foi reduzir drasticamente a velocidade da câmera, pois o padrão estava rápido demais e isso deixava o jogo um pouco confuso.

Yooka Laylee

Conclusão

Yooka-Laylee é um platformer que traz toda a experiência vivida com os plataformers 3D clássicos, mas combina tudo isso com um sentimento de novo. Com mecânicas refinadas e elementos de gameplay inovadores, essa mistura de nostalgia com novidade mostra-se um destaque no meio desse primeiro semestre de 2017, recheado de jogos bons. Os controles podem parecer uma dificuldade no começo, mas com certeza você se acostumará depois de algumas horas.

Yooka-Laylee será lançado dia 11 de abril de 2017 para PS4, Xbox One e PC.

Essa análise foi feita com uma cópia do jogo fornecida pela Team17 e jogada em um PS4 comum.